Duvido que você nunca tenha ouvido o ditado popular “quem canta seus males espanta”. O que talvez não tenha acontecido é ter recebido a informação de que isso é muito mais do que uma frase feita: se trata da mais pura realidade, com a ciência estando aí para comprovar. Estudos acadêmicos asseguram que a música e o cantar são capazes de auxiliar na liberação da dopamina, um tipo de neurotransmissor que, atuando em nosso sistema nervoso, estimula prazer e bom humor. Ocorre ainda a liberação de outro hormônio, que é a endorfina, essa uma espécie de calmante natural. Outra peculiaridade que assombra um pouco: quando se canta em grupo há o incentivo da produção de oxitocina, que seria o “hormônio da socialização”. Tudo isso contribuindo para a redução da ansiedade e do estresse.

Quem apenas ouve música também tem benefícios inquestionáveis, mesmo que menores do que aqueles que seriam alcançados com a sua participação ativa. Pensando nisso, uma caixa de música pode ser muito melhor do que uma caixa de remédio. Termina inclusive sendo muito mais barata, porque se compra apenas uma vez e ela, sendo bem cuidada, não tem prazo de validade. Então, uma maneira bem interessante de ficarmos de bem com a vida é ouvirmos nossa playlist preferida, arriscando acompanhar, por mais desafinado que a gente seja. Se a vergonha for grande, o negócio é cantar em momentos só nossos, distante dos outros. Há quem faça isso no chuveiro, por exemplo.

E os benefícios não são alcançados apenas por humanos. Sabe-se que muitos criadores de animais passaram a mantê-los com som tocando nas proximidades. Há quem assegure que vacas leiteiras aumentaram sua produção, devido à introdução de música clássica nos estábulos, junto aos cuidados habituais. Dias atrás, na Feira Ecológica do Bom Fim, aqui em Porto Alegre, um dos feirantes me vendeu belos tomates e contou que nas estufas ele e sua família mantêm música suave o tempo todo. Segundo ele, a fruta fica muito mais saudável e até mesmo o risco da presença de pragas diminui. Foi além e assegurou que algumas músicas têm efeito melhor do que outros, caindo mais no agrado da plantação.

O som, como tudo no universo, no fundo é apenas energia e vibração. Precisamos entender que nossa realidade não se limita apenas ao que chamamos de mundo físico. Mesmo que assim fosse, a própria matéria nada mais é do que energia densa. Então, tudo pode de fato interferir em tudo. Nossos corpos, por exemplo, nossa estrutura física, resultam de um número absurdo de pequenas partículas. E essas também são pura energia. O que muda mesmo é a frequência e a faixa vibratória de cada objeto, de cada ser. Isso vale inclusive para os nossos pensamentos e para o que emanamos com nossas emoções.

Essas afirmações não são religiosas nem filosóficas. São científicas. Então, não é absurdo considerar que o leite que bebo, o tomate que consumo, podem representar para mim alimento diferente, conforme tenham sido produzidos. Budistas que conheci elaboravam o “Suco de Luz”, feito com brotos de plantas que passam por um processo de interferência vibracional. Provei a asseguro que saciam de um modo surpreendente, como se nutrissem corpo e espírito simultaneamente. Do mesmo modo que a música pode fazer. Estou em dívida apenas com o cantar: temo espantar os vizinhos, com a tentativa de espantar os meus males.

02.06.2022

Cantar faz bem para o corpo e a alma

O bônus de hoje tem primeiro Enquanto Engoma a Calça, com Ednardo. A música é de autoria dele, em parceria com Climério Filho. Depois temos o poema Desiderata, que foi escrito pelo filósofo, poeta e advogado norte-americano Max Ehrmann, na voz do ator Sílvio Matos. A palavra desiderata vem do latim e significa “coisas que são desejadas”. E o poema foi publicado postumamente, pela esposa do autor.

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