A RAINHA ETERNA

Estava na TV, nesta quinta-feira, outra vez a figura da Rainha Elizabeth II, do Reino Unido. A mulher completou 70 anos de reinado. Ao lado dela, na matéria trazida pelo telejornal, o filho e herdeiro que parece estar fadado a nunca usar a coroa, Príncipe Charles – o nome completo dele é Charles Philip Arthur George Mountbatten-Windsor e está com 73 anos. Eram as comemorações do Jubileu de Platina de Sua Majestade, tendo as figuras da família real aparecido primeiro nas sacadas do Palácio de Buckingham para acenar para a multidão. Foi decretado um feriado de quatro dias, com shows, eventos diversos e festas de rua.

É impressionante como essa futilidade cara continua enchendo de orgulho boa parte de ingleses, escoceses, galeses e irlandeses do norte. Isso porque o reino abrange esses quatro países. Aliás, para quem não está familiarizado, pode haver confusão entre os termos todos que estão associados àquela região. Para começar, a Grã-Bretanha é uma ilha e não um país. Trata-se, portanto, de um termo exclusivamente geográfico e não político. Ela faz parte do conjunto das ilhas britânicas, entre as quais é a maior. Daí o termo “grã”, ou grande. Entre as demais ilhas estão a Irlanda, Man e Jersey, além de muitas outras menores.

Na Grã-Bretanha estão três países distintos, que são reinos: Inglaterra, Escócia e País de Gales. Todos esses três, mais a Irlanda do Norte, que fica em outra ilha, formam o Reino Unido. Esses quatro têm uma única soberana, que é Elizabeth, a eterna. Ela seguido também é chamada de Rainha da Inglaterra porque o reinado foi unificado sob a coroa inglesa. Mas não é, de modo algum, rainha da Grã-Bretanha nem das Ilhas Britânicas, por exemplo. Já a Irlanda, essa não faz parte, sendo uma república independente, também chamada de Eire.

Por aqui não raras vezes se confunde também as bandeiras. Boa parte das pessoas entende ser a bandeira da Inglaterra aquela que na verdade é da Grã-Bretanha. A inglesa é apenas uma cruz vermelha sob um fundo branco. A outra é a superposição desta com a escocesa, que é azul com um “xis” branco ao centro. Como inicialmente os reinos que foram unidos foram esses dois, em 1707, a bandeira resultou da fusão de ambas. Outra coisa que parece estranho para quem acompanha esportes, por exemplo, é que nas Olimpíadas os países do Reino Unido e também de outros territórios relacionados à coroa britânica – poderia hipoteticamente ter até algum atleta das Malvinas, que na verdade são argentinas – são reunidos em uma única delegação, sob a bandeira da Grã-Bretanha. Isso é feito para potencializar sua possibilidade de obter medalhas, ficando em melhor colocação no quadro geral. Quando se trata de uma Copa do Mundo, são seleções distintas, mas pela mesma razão: aumentar sua possibilidade de conquistas. O que até agora não deu muito certo, no segundo caso. Citei aqui apenas os dois maiores eventos esportivos do planeta.

Voltando à rainha, são sete décadas nas quais ela reina sem nunca ter governado. E toda essa pompa e circunstância, que serve apenas para alimentar o orgulho britânico, custa uma verdadeira fortuna aos cofres públicos. Estimativas apontam que entre os anos de 2018 e 2019, para servir de exemplo, o valor de sua manutenção ficou em 82,2 milhões de libras, algo em torno de 96 milhões de euros. Quanto à fortuna acumulada pela monarquia como um todo, a revista Forbes calcula um patrimônio líquido de 72,5 bilhões de libras. Convertendo agora para reais, perto de 438,9 bilhões. Portanto, se trata do reinado mais longevo da atualidade, como também a publicidade mais cara que uma nação faz para esconder que não é mais o império poderoso de antigamente.

04.06.2022

Rainha Elizabeth II

O bônus de hoje é outra vez duplo. Primeiro temos British Anthem, o Hino do Reino Unido. Depois o coral The Kingdom Choir cantando Stand By Me, de Ben King, música que foi imortalizada pela voz de John Lennon. Essa apresentação ocorreu quando do casamento real do Príncipe Harry com a atriz norte-americana Meghan Karkle – que aliás se afastaram da Família Real tempos depois.