GRUPOS DE WHATSAPP

Tem tanto grupo de WhatsApp no meu celular que, para poder encontrar as pessoas e os temas de forma mais fácil, estou aqui pensando se existe como criar grupos agregadores de grupos. No começo, parece que eles simplificam as coisas. Depois a gente vai descobrindo que nem sempre é assim. Dias atrás, por exemplo, descobri dois deles que eram formados exatamente pelas mesmas pessoas. E ambos bastante ativos, com número bem razoável de integrantes. Ou seja, ninguém se dera conta de que estavam duplicando todas as mensagens o tempo todo.

Outra coisa que começa a acontecer, ao menos entre os meus contatos, é que as pessoas estão tentando migração para o Telegram e para o Signal. Fazem isso sem apagar os primeiros e então nada muda. Segue a mesmíssima confusão, agora com potencial para acontecer em três diferentes ambientes. Enfim, para que se tente explicar o inexplicável, quando existem grupos demais você não acha o que procura, mas encontra o que não quer.

Nem estou falando daqueles de família. Os que têm como seu principal objetivo dar bom dia, boa tarde e boa noite, seguido com artes de gosto muito duvidoso. Esses beiram a inutilidade, mas funcionam. Desde que ninguém ouse postar quaisquer coisas que de longe lembrem política partidária, porque daí ele descamba de vez. O que é bom para que terminem os cumprimentos diários e péssimo para a próxima reunião familiar não virtual. Se é que ela volte a acontecer, depois da briga.

Outra coisa: grupos políticos e grupos religiosos se confundem cada vez mais. Tem gente rezando para deputados e o presidente, ao mesmo tempo em que comentam propostas e apoiam projetos de lei que atendem apenas os interesses desses “santos” de sua devoção. Isso que nos seus templos não existem imagens. Tente perguntar, num desses grupos, se alguém sabe o que é laico. Depois, divirta-se com as respostas. Agora, para que eu não seja acusado de estar apenas citando pentecostais, pouco tempo atrás vimos espíritas jurando que Sérgio Moro – aquele ex-juiz, ex-ministro, ex-candidato a presidente, falso puritano, interesseiro e lesa-pátria – era a reencarnação de Emmanuel. Isso também seria engraçado, não fosse trágico. Não fosse total desrespeito ao mentor de Chico Xavier.

O WhatsApp é uma ferramenta de aproximação entre empresas e seus clientes; entre pessoas que mantêm afetos à distância; instrumento que pode reunir adeptos de causas nobres; ou apenas vizinhos de prédio, moradores de um mesmo bairro para esclarecimento de questões que tenham em comum. E também se tornou, pelo mau uso, um meio de propagar mentiras e ódio, ameaçar e atacar os outros e demonstrar na prática toda a incapacidade da maioria de nós em demonstrar a tão necessária empatia.

Um contato qualquer que você tenha no WhatsApp é uma possibilidade que pode ser positiva ou negativa, útil ou inútil. Um grupo se torna a potencialização dessas mesmas alternativas. Saber usar uns e outros de forma adequada é uma necessidade crescente. E precisa de etiqueta, de conduta civilizada, de bons modos. Assim, o ideal é apagar todas as mensagens inadequadas que nos chegam, resistindo à tentação de mostrá-las para alguém mais. É estancar a sangria da maledicência, das fake news, dos julgamentos injustos e do apedrejamento virtual. Essa “pandemia” se combate usando a vacina do bom senso. Mas as doses têm que ser diárias.

18.06.2022

O bônus de hoje é o clipe da música Mundo Virtual, com a banda Loose Tanos. Formada originalmente pelos irmãos Rodrigo Pica-Pau (vocalista) e E.J. (guitarra e violão), com os amigos Dolabella (bateria) e Café (baixo), ela se caracteriza pelo perfil pop, sempre acompanhado de muito humor e irreverência.