O TECIDO ESPAÇO-TEMPO

Se nós precisássemos, por alguma razão, apostar na existência de uma única e irrefutável realidade, talvez a mais evidente fosse a trazida pela noção do tecido espaço-tempo. Em torno desses dois conceitos, que estão sempre interligados e parecem ser totalmente indissociáveis, tudo se estabelece, segundo a capacidade de percepção humana. Porque tudo o que há, aquilo que existe, pela lógica deve estar e existir em um (espaço) e ao longo do outro (tempo).

Se não houvesse espaço, não haveria como existir energia e matéria – que de fato é apenas energia condensada. Onde elas ficariam? E caso não houvesse a matéria em movimento nesse espaço, não se teria como marcar o tempo. Algo inexistente ou que exista de modo estático, não se modifica, não se altera ao longo de nada. O tempo não passando, não é uma realidade mensurável.

Isso tudo, apesar de inexplicável nas suas razões mais profundas, até então nos parecia muito claro e evidente. Foi então que Einstein formulou a Teoria da Relatividade. Apesar de todos entenderem que um segundo, um minuto ou qualquer outra unidade de medida do tempo seria sempre idêntica para qualquer observador, ele passou a afirmar que não era bem assim. Segundo ele, o tempo também poderia ser distorcido. O que feriu de morte as convicções anteriores, que nos deixavam numa condição muito mais cômoda em relação ao conhecimento do Universo e da vida.

A partir de então foi comprovado que dois relógios, ambos extremamente precisos, podem marcar a passagem do tempo de formas diferentes, que não coincidam. Isso se daria não por razões ou problemas técnicos, mas porque o tecido espaço-tempo pode ser deformado, sofrer curvaturas ou dobras. Um modo disso ser explicado é se imaginar um relógio em nossa residência e outro idêntico viajando através do espaço sideral, em uma espaçonave qualquer. O deslocamento muito rápido deste segundo, ou ainda sua simples proximidade de um objeto que seja muito massivo, como um buraco negro, causaria essa diferença. Isso porque qualquer uma dessas duas condições consegue fazer com que o tempo passe mais devagar. Não se trata de ficção: é ciência pura.

Se um astronauta for enviado para o espaço mais longínquo e nele ficar determinado número de anos, considerado o tempo terrestre, quando ele retornar à Terra um filho pequeno que tenha deixado aqui estará mais velho do que ele próprio. Porque as passagens de tempo não se darão na mesma velocidade. Basta esse relato para que a gente se dê conta de que sabemos muito pouco sobre a existência e a realidade – se é que ela de fato existe. Não somos nada ou somos apenas um mistério. E nossa suposta sabedoria, assim como todo o conhecimento que adquirimos e acumulamos, são apenas uma gota d’água num oceano de incertezas e imprecisões.

21.08.2022

A Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, revolucionou o conhecimento humano sobre o tempo e o espaço

O bônus de hoje é duplo, com duas músicas absurdamente diferentes. Começamos com Projota, nome artístico do rapper brasileiro José Tiago Pereira. Ele estreou em 2014 com o álbum Foco, Força e Fé, tendo dois anos depois, com o DVD 3Fs ao Vivo recebido um disco de ouro, pelas 40 mil cópias que vendeu. Com ele, Canção Pro Tempo.

Depois é a vez da cantora e compositora irlandesa Eithne Pádraigín Ní Bharaonáin, que com esse nome só poderia mesmo ter simplificado tudo e adotado Enya, para sua carreira. Com ela, Only Time.

Projota – Canção Pro Tempo
Enya – Only Time

DICA DE LEITURA

TRILOGIA DA FUNDAÇÃO (box mais três marcadores)

Isaac Asimov – 952 páginas – R$ 107,42 (parceláveis)

Obra-prima de Isaac Asimov, a Trilogia da Fundação recebeu o histórico Prêmio Hugo, que o considerou a melhor série de ficção científica e fantasia de todos os tempos – também inspirou a saga épica em exibição na Apple TV+. Baseada no clássico Declínio e Queda do Império Romano, de Edward Gibbon, a trilogia sedimentou seu autor como um dos maiores escritores do gênero e influenciou outras mentes geniais, como Carl Sagan, Steven Spielberg, George Lucas, Elon Musk e o nobel de economia Paul Krugman.

A humanidade está em risco. Uma ciência revolucionária prevê uma longa e inevitável era de trevas e barbárie. Para evitar que isso aconteça, o chamado “Plano Seldon” é colocado em prática ao longo de séculos, e percorre a história da galáxia, prevendo conflitos de nossa civilização. Mas poderá o comportamento humano obedecer a um padrão científico?

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A FORÇA QUE PODE TER O CANTO

Duvido que você nunca tenha ouvido o ditado popular “quem canta seus males espanta”. O que talvez não tenha acontecido é ter recebido a informação de que isso é muito mais do que uma frase feita: se trata da mais pura realidade, com a ciência estando aí para comprovar. Estudos acadêmicos asseguram que a música e o cantar são capazes de auxiliar na liberação da dopamina, um tipo de neurotransmissor que, atuando em nosso sistema nervoso, estimula prazer e bom humor. Ocorre ainda a liberação de outro hormônio, que é a endorfina, essa uma espécie de calmante natural. Outra peculiaridade que assombra um pouco: quando se canta em grupo há o incentivo da produção de oxitocina, que seria o “hormônio da socialização”. Tudo isso contribuindo para a redução da ansiedade e do estresse.

Quem apenas ouve música também tem benefícios inquestionáveis, mesmo que menores do que aqueles que seriam alcançados com a sua participação ativa. Pensando nisso, uma caixa de música pode ser muito melhor do que uma caixa de remédio. Termina inclusive sendo muito mais barata, porque se compra apenas uma vez e ela, sendo bem cuidada, não tem prazo de validade. Então, uma maneira bem interessante de ficarmos de bem com a vida é ouvirmos nossa playlist preferida, arriscando acompanhar, por mais desafinado que a gente seja. Se a vergonha for grande, o negócio é cantar em momentos só nossos, distante dos outros. Há quem faça isso no chuveiro, por exemplo.

E os benefícios não são alcançados apenas por humanos. Sabe-se que muitos criadores de animais passaram a mantê-los com som tocando nas proximidades. Há quem assegure que vacas leiteiras aumentaram sua produção, devido à introdução de música clássica nos estábulos, junto aos cuidados habituais. Dias atrás, na Feira Ecológica do Bom Fim, aqui em Porto Alegre, um dos feirantes me vendeu belos tomates e contou que nas estufas ele e sua família mantêm música suave o tempo todo. Segundo ele, a fruta fica muito mais saudável e até mesmo o risco da presença de pragas diminui. Foi além e assegurou que algumas músicas têm efeito melhor do que outros, caindo mais no agrado da plantação.

O som, como tudo no universo, no fundo é apenas energia e vibração. Precisamos entender que nossa realidade não se limita apenas ao que chamamos de mundo físico. Mesmo que assim fosse, a própria matéria nada mais é do que energia densa. Então, tudo pode de fato interferir em tudo. Nossos corpos, por exemplo, nossa estrutura física, resultam de um número absurdo de pequenas partículas. E essas também são pura energia. O que muda mesmo é a frequência e a faixa vibratória de cada objeto, de cada ser. Isso vale inclusive para os nossos pensamentos e para o que emanamos com nossas emoções.

Essas afirmações não são religiosas nem filosóficas. São científicas. Então, não é absurdo considerar que o leite que bebo, o tomate que consumo, podem representar para mim alimento diferente, conforme tenham sido produzidos. Budistas que conheci elaboravam o “Suco de Luz”, feito com brotos de plantas que passam por um processo de interferência vibracional. Provei a asseguro que saciam de um modo surpreendente, como se nutrissem corpo e espírito simultaneamente. Do mesmo modo que a música pode fazer. Estou em dívida apenas com o cantar: temo espantar os vizinhos, com a tentativa de espantar os meus males.

02.06.2022

Cantar faz bem para o corpo e a alma

O bônus de hoje tem primeiro Enquanto Engoma a Calça, com Ednardo. A música é de autoria dele, em parceria com Climério Filho. Depois temos o poema Desiderata, que foi escrito pelo filósofo, poeta e advogado norte-americano Max Ehrmann, na voz do ator Sílvio Matos. A palavra desiderata vem do latim e significa “coisas que são desejadas”. E o poema foi publicado postumamente, pela esposa do autor.