A sociedade ocidental contemporânea tem uma série de exigências que, de tão absurdas, servem apenas para gerar ansiedade e desequilíbrio nas pessoas. Talvez uma das mais terríveis delas todas seja aquela que aponta para a necessidade do sucesso como sendo condição sine qua non para que sejamos felizes. Os norte-americanos, supra sumo de uma estrutura capitalista que desumaniza, chegaram a criar uma expressão para identificar aqueles que não conseguem isso: os losers (perdedores).
Você não é um prodígio nas finanças, não se destacou entre seus pares, não conseguiu ser produtivo o suficiente, não lucrou de forma quase que obscena, não é um acumulador compulsivo. Logo, não é alguém normal. Cadê seu carro do ano, suas aplicações, as viagens e as férias cinco estrelas, a casa com tantos cômodos que você nem lembra, o iate? No “Grande Irmão do Norte” o sonho de qualquer um é vir a se tornar sócio na empresa, no escritório em que trabalha. Ou ser um self made man. Na terra das oportunidades, quem não as agarra é um completo idiota. Eu sempre fui um idiota, mas aqui no sul mesmo.
Depois, mais do que ter sucesso, passa a ser desejável que se tenha MAIS SUCESSO do que as outras pessoas. Entra em operação uma régua social e invisível que mede aparências e conquistas materiais, esse estímulo constante da concorrência, da superação – não aquela saudável, das nossas próprias limitações, mas a de ir além do outro – e da sensação de vitória. Tudo isso é um veneno que mais corrói relações do que as cria. Torna normal justificar quaisquer meios quando se busca determinado fim. Naturaliza o invejar e ser invejado. Fica aceitável você passar a perna nos outros, nos sentidos de ludibriar e de derrubar mesmo. Saiam da frente que eu estou chegando! E assim que a pessoa atinge o ponto mais alto, dinamita as pontes que a levaram até lá. Retira a escada para que outros não subam. Vida longa para o capitalismo, a publicidade, o consumo e o individualismo!
Estarrecedor é que nos dias atuais há pouco ou nenhum esforço no sentido de sugerir caminhos para a felicidade das pessoas. A não ser quando se trata de uma felicidade falsa, estilo sorriso de família em comercial de margarina. Nas publicidades relativas aos vestibulares de faculdades não públicas, jovens brancos e bem nutridos sempre estão sorrindo nas fotografias e nos vídeos. Abobalhados, comemoram a vitória certa e a manutenção da família na lista dos privilegiados – ou dos endividados, considerando o quanto custa a maioria dos cursos.
Acho que devemos nos preparar e preparar nossos filhos não para a prática do alpinismo social. Esporte por esporte, melhor a corrida com obstáculos, porque estes sempre estarão lá, pequenos ou grandes. E o ideal é que nem sempre seja competitivo, a tal ponto que a disputa não nos desaconselhe a parar e ajudar um companheiro a levantar-se, caso tenha ele tropeçado em um dos cavaletes. Vejam que tentar vencer não é algo que deva ser retirado da pauta: precisamos é relativizar isso. Não permitir que apenas a vitória seja aceitável, até porque no somatório de tudo, todos nós acumulamos mais derrotas do que conquistas ao longo da vida. O dia em que todos nós aprendermos que sucesso não é necessariamente felicidade e que a felicidade independe do sucesso, estaremos muito melhores. Basta nos darmos conta disso e já ficamos mais aliviados.
21.04.2021

O bônus de hoje é a música Felicidade, de Marcelo Jeneci. O clipe foi feito em 2011 e a canção está no álbum Feito Pra Acabar.
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Bem dito!
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Vivemos um tempo de intensa competição e de necessidades continuamente recriadas. Tuas reflexões são valiosas para nos concentrarmos naquilo que realmente importa.
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Não é fácil para ninguém manter a concentração no que realmente interessa. Os apelos diários em geral tentam nos conduzir para outros rumos.
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As one of the “losers”, I think the most amazing thing about the drive to succeed, in general, even if they succeed they are mean and tirelessly in search of their next conquest. I on the other hand am not always happy but I do alright most of the time. I wish I could work less and maybe retire someday. I choose to work at what I value and enjoy and feel makes life better for the people I work with. There are many who have difficulty surviving on work they do not enjoy that is making someone else a lot more money. I think you have good insight into the American way of life.
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