Lá estava eu, preparando minha porção matinal de granola com iogurte, ambos feitos em casa, quando me deparei constatando que ao menos um detalhe nesse hábito era bem estranho. O ser humano é o único mamífero que consome leite depois de adulto, mesmo migrando para outros alimentos como fazem os demais. Além disso, bebemos leite produzido por outras espécies, como vacas, cabras, búfalas, ovelhas, renas, éguas e até camelos. E, no caso do iogurte, ainda achamos bom que ele “estrague” antes do consumo. A cremosidade e o azedinho vêm justo da ação de microorganismos, que fazem com que ele fermente. Sintetizando, eu estou bebendo fora de época um leite não humano e que não está no seu estado normal. Pior: gostando muito disso.
Hoje em dia se preconiza que a alimentação dos bebês deve ser feita exclusivamente com leite materno até os seis meses. Depois disso deve começar a ser introduzida a complementar, composta por frutas, legumes e cereais, além de caldos e sucos. Mas não há problema algum que ele prossiga mamando, até os dois anos ou mais. O leite materno oferece todos os nutrientes necessários no início da vida, como vitaminas, minerais e gordura, garantindo desenvolvimento apropriado. Também fornece anticorpos necessários até o amadurecimento do sistema imunológico da própria criança – as que mamam no peito adoecem menos –, além de muitos outros benefícios. O mais incrível é que a natureza fez com que ele venha com um hormônio chamado leptina, que regula a sensação de saciedade. Deste modo, é normal que a criança mame até sentir-se satisfeita, não parando nem antes nem depois da hora. A não ser claro, para dar uma dormidinha, porque sugar cansa. Mais uma vantagem: pesquisa realizada pela Universidade do Colorado, nos EUA, concluiu que para cada mês a mais de aleitamento materno fica evidenciada uma redução de cerca de 4% nos riscos posteriores do bebe vir a se tornar obeso, quando cresce. O que nos permite inferir que por lá andam tirando as crianças do peito e entregando para elas garrafas de Coca-Cola, tudo antes da hora. Aliás, no caso dos refrigerantes a melhor hora é nunca.
A granola é um composto alimentar fabricado a partir da mistura de pelo menos cinco grãos, sementes e frutas secas, além de açúcar mascavo ou mel, mas pode ter muitos outros ingredientes mais. Isso permite que existam centenas de fórmulas diferentes, variando conforme o gosto e as possibilidades de quem a produz. A aqui de casa leva quinoa, sementes de girassol, gergelim, linhaça, chia, lascas de coco, amêndoas, cacau em pó, castanhas, óleo de coco e mel. O resultado final fica tão bom que ela deveria ser comercializada – bateu a modéstia nos moradores. A granola tem um “primo”, o muesli, constando que ela foi criada em Nova Iorque, em 1863, e ele em Zurique, em 1894. A diferença é que o alimento surgido nos EUA é assado e crocante, enquanto o da Suíça é feito com os grãos crus, submergidos em leite.
O iogurte é uma bebida conhecida e consumida pela humanidade desde a antiguidade. É feita pela transformação da lactose, o açúcar natural do leite, em ácido láctico, através de um processo desencadeado através da fermentação bacteriana. O líquido resultante é mais espesso e nutritivo, podendo ser servido puro ou acompanhando frutas, cereais e chocolate, além de usado em muitas receitas culinárias. A sua suposta origem foi nos Balcãs, mas existem variações. O leben árabe, o jugurt turco, o kefir caucasiano e o koumis russo, por exemplo. Sua popularização e difusão por todo o ocidente, no entanto, deu-se após o médico russo Ilya Ilyich Mechnikov, que ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia, em 1908, ter comprovado que seu consumo tem o poder de aumentar a longevidade das pessoas. Ou seja, essa última possibilidade, que só descobri agora, me deu uma boa desculpa para que eu continue a beber leite e esse derivado em especial, sem constrangimento algum, mesmo sendo adulto a tantas décadas.
15.02.2021

O bônus de hoje é uma música criada para a Campanha de Aleitamento Materno 2013, realizada pela cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo. O clip é com o Grupo Los Muchos, que apresentam Mamães Poderosas, uma paródia de Show das Poderosas.
Muito bom, Solon!!!
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o Dr Barakat no seu livro, pilares para uma vida saudável, fala dos mitos de beneficio do leite para humanos adultos. Só reproduzindo o que li rss devem ter outros tantos estudos, mas enfim, ele diz que o leite que bebemos, de leite tem pouco, são adicionados diversas substancias ali e isso altera o PH do “leite” acido, quando ingerimos o nosso corpo tenta balancear isso e ai “retira” cálcio dos nossos ossos, E sempre ouvi que leite era bom para os ossos… Segundo Dr Barakat não rsss vai saber rsss abraço!!!
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Penso que o único leite bom para os humanos é o materno. Muito bom artigo Solon! Bom domingo!
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