O ANO DO BOI, SEGUNDO A TRADIÇÃO CHINESA
A China é o país mais populoso do mundo. Um quinto dos habitantes da Terra são chineses – 1,38 bilhão de pessoas. O país tem a segunda maior economia do nosso planeta, devendo em breve ultrapassar os EUA, que lidera, mas vem perdendo terreno ano após ano. Vivendo sob o regime comunista desde 1949, o país acumula o maior desenvolvimento do qual se tem notícia. De 1978 até 2020 multiplicou sua riqueza em 90 vezes, o que permitiu tirar centenas de milhões de pessoas da pobreza. Hoje ela é o maior exportador e o terceiro maior importador de mercadorias de todo o planeta. Como parceiro comercial da China, o Brasil tem um superávit astronômico nas negociações. Mais da metade do total que nosso país lucra vem de lá. Um dos segredos do sucesso desse país asiático é o investimento maciço em educação, que é pública, gratuita e de qualidade. No ensino superior, possui nada menos do que 2.236 instituições. Isso permitiu, por exemplo, que fosse atingida excelência em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em todos os níveis do conhecimento. A política de saúde tem ênfase na medicina preventiva e na saúde pública, desde 1950. Os recursos aplicados em infraestrutura de comunicações, transportes e até mesmo num programa espacial são fatores que mostram que eles estão pensando sempre grande e no futuro.
Com uma história de mais de dois mil anos, o país tem tradição e cultura muito ricas. Uma peculiaridade interessante, comparada aos hábitos e à organização das sociedades ocidentais, é que na China o ano novo não tem uma data fixa para acontecer. Isso porque seu calendário não é organizado a partir do movimento de translação da Terra ao redor do Sol, como o nosso, o gregoriano, que estabelece sempre a duração de 365 dias. Na verdade, com seis horas a mais, obrigando a que se tenha de quatro em quatro anos um dia extra no mês de fevereiro. Por lá, no entanto, os períodos de um ano consideram tanto a posição do Sol quanto as fases da Lua: o calendário é chamado de lunissolar. Por esse motivo, a data ocorre no período de 21 de janeiro até 20 de fevereiro, sendo coincidente com a primeira lua nova. Para fins civis, eles admitem o nosso, utilizando atualmente o deles apenas para marcar festividades e datas nacionais importantes.
Conforme a tradição daquele povo, sempre é atribuído o nome de um animal, seja ele existente ou imaginado, no caso o dragão, para cada um destes períodos anuais que se sucedem. Buda teria convocado todos os bichos para uma reunião, mas apenas 12 deles compareceram. Para honrar cada um desses, foram transformados em símbolos da astrologia, representando os anos na ordem em que se fizeram presentes. A mesma crença afirma que existe sobre todos nós a influência de cinco elementos fundamentais do Universo, que seriam metal, madeira, água, fogo e terra. Assim, o calendário passa a ter cinco ciclos de 12 anos cada.
O próximo Ano Novo Chinês, que corresponde ao 4719, começa neste dia 12 de fevereiro de 2021, também conhecido como amanhã. A celebração por lá costuma durar 15 dias e se encerra com o famoso Festival das Lanternas, o que não deve acontecer plenamente agora, devido à pandemia. Segundo eles, desta feita estamos encerrando um ciclo, com o Ano do Rato – o que explica muita coisa – e começando outro, do metal, com o Ano do Boi. Parte da população brasileira precisa ser avisada, para não se assanhar, porque não se trata do Ano do Gado, mesmo sua imagem sendo um búfalo. De acordo com a Astrologia Chinesa, esse próximo será um período de muito trabalho, mas de superação, com frutos sendo colhidos a partir da dedicação e da persistência. A predominância do metal aponta para confiança e estabilidade, depois de movimentos internos retrógrados, o que é um alento. Uma leitura a respeito dessas virtudes e desafios que a nova energia trará, de certa forma permite o fortalecimento da nossa esperança.
No Brasil também temos uma série de superstições, manifestadas em alguns hábitos adotados nas viradas de ano. Quem nunca pulou sete ondas, por exemplo? Ou guardou sementes de uva ou de romã na carteira, buscando garantir abundância? Pois os chineses também têm suas “recomendações”. Uma delas é não lavar os cabelos, no primeiro dia, para não perder os bons fluidos que recaem sobre nós na ocasião. Também dizem ser melhor evitar palavrões e também falar do passado: melhor moderar o linguajar e referir-se apenas ao futuro. Por último, convém manter-se longe de facas e tesouras, para não cortar os bons augúrios. Em termos de cores e perfumes, adoram flores de ameixa, que simbolizam esperança e coragem, além dos narcisos, que trazem sorte e prosperidade. Não sei se isso de fato funciona mas, por via das dúvidas, vou ficar atento amanhã.
11.01.2021
O bônus musical de hoje oferece um dueto bastante curioso. Cantam juntos o conhecido ator Jackie Chan, que é natural de Hong Kong; e a cantora chinesa Chen Si Si. Ele também é produtor, roteirista e diretor de cinema, que se notabilizou por filmes de ação e humor. Ela é muito respeitada na China, não apenas pelo seu talento musical, mas também por filantropia e envolvimento com a política: integra o Partido Comunista Chinês e tem o posto de coronel do Exército de Libertação do Povo. O nome da canção é Tian Tian Yue Yuan.