Quando eu era uma criança bem pequena, no milênio passado, achava muito estranho algum familiar dizer que algo era da “cor de burro quando foge”. Minha mente infantil ficava procurando entender por que cargas d’água o animal mudaria de cor, em um momento de fuga necessária. E também não conseguia imaginar como seria a tal coloração, que não era igual a nenhuma das que eu conhecia. Talvez eu precisasse ver um burro, exatamente numa dessas ocasiões. Mas como um menino urbano conseguiria fazer isso?
Os burros foram domesticados cerca de seis mil anos atrás, na África. De certa forma, podemos dizer que esse foi um dos primeiros passos dados no sentido da globalização, porque foi a partir disso que os homens começaram a se deslocar com maior facilidade, em distâncias maiores e em menos tempo. Portanto, foram inestimáveis os seus préstimos históricos. A bem da verdade, sua domesticação se deu praticamente na mesma época que a dos cavalos. A diferença é que a desses ocorreu nas estepes euroasiáticas. Vejam que a origem geográfica já pode ser fator que explique a diferença de tratamento entre ambos, que vai além daquilo que os difere em capacidades, como agilidade, resistência e força.
Para que se entenda melhor, o nome burro é genérico, sendo atribuído aos filhotes machos resultantes do cruzamento entre um jumento (Equus asinus) ou asno – no nordeste brasileiro, chamado de jegue – com uma égua, que é a fêmea do cavalo (Equus caballus). Quando o resultado do cruzamento resulta no nascimento de uma fêmea, ela recebe o nome de mula. Mas sempre são atribuídas características negativas a esse animal de carga e de montaria. A uma pessoa de poucas luzes, não raro chamamos de burra. Quem é aliciado para o arriscado transporte de drogas, fica conhecido como mula.
A domesticação do burro se deu quando da expansão da área do deserto do Saara. Já existiam pastores de ovelhas e de bovinos, mas para que água e pastagens fossem encontradas, a movimentação precisava ser maior. Essas migrações foram facilitadas com o uso dos burros, que podiam conduzir cargas pesadas por longas distâncias. Fazendo uma analogia, ele ficou sendo o “trabalhador braçal”, enquanto os cavalos historicamente eram usados em batalhas e em disputa de jogos, além de darem status aos seus proprietários. Pobres eventualmente poderiam ter jumentos; nobres exibiam seus “equinos puro sangue”.
Eu fico bobo quando vejo hoje em dia ser anunciado que determinado monitor tem capacidade de mostrar alguns milhões de cores diferentes. Como assim, se mal conheço um punhado delas? Naquele mesmo período da infância que citei no começo, as caixas de lápis de cor que eu ganhava vinham com 12 ou 24. Será que querem me confundir ainda mais do que com aquela história da cor do burro? Talvez fosse mais honesto falar que são muitas as tonalidades, que no azul, por exemplo, poderiam ir lentamente conduzindo do celeste ao marinho. Mesmo assim, seria sempre azul. Tem também aquela história das cores primárias, que são as que não podem ser obtidas mediante a mistura de outras. São elas amarelo, azul e vermelho. A partir dessas três se compõe todas as demais, conforme o percentual de cada uma. Ou seja, mesmo que o animal fujão tenha uma tonalidade muito exclusiva e toda própria, ela terá uma “receita” que pode ser descoberta graças a sua decomposição. E seu “descobridor” com certeza fará muito sucesso. Pelos menos entre os impressionáveis, como eu.
29.04.2022

Como minha pesquisa não encontrou canção que homenageasse o burro, o bônus musical de hoje tem Cavalo de Pau, de Alceu Valença. Ele é um conhecido cantor e compositor pernambucano, nascido em São Bento do Uma, localidade que fica no limite entre o sertão e o agreste. Seu trabalho foi fortemente influenciado por maracatus, cocos e repentes de viola, com ele utilizando ao longo da carreira guitarras e até mesmo sintetizadores eletrônicos na produção de suas canções.
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Deve vir bem de longe essa expressão, pois eu ouvi em Portugal. E diziam: é da cor de burro aos coices.
Nunca percebi q cor era, talvez roxo, tlvz castanho, tlvz vermelho tijolo. Eu tb queria saber.
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Muito boas as analogias a partir do termo burro, permitem reflexões sobre nossa sociedade.
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