Sempre gostei muito de filmes de ficção científica. Se ele tiver uma boa quantidade de aliens, melhor ainda. Sei lá quantas vezes já vi esses coitados tentando invadir nosso planeta, sem sucesso. Começa por um equívoco básico de estratégia: as naves sempre pousam nos EUA, justo onde há um exército poderoso o suficiente para enfrentar os invasores. Nada de África ou de América Latina, onde poderiam firmar uma sólida base inicial sem qualquer resistência mais competente. Erro primário, mesmo, dando a impressão que a logística foi organizada por algum general brasileiro. Depois, mesmo com as derrotas esperadas nas primeiras batalhas, os nativos se reorganizam, em geral liderados por um presidente ciente de suas sérias atribuições de “xerife da Terra”, e dão um laço nos estranhos. Pronto! Outra vez estamos salvos e agora resta apenas esperar pela próxima produção hollywoodiana.

Ficção científica é um gênero da literatura e do cinema, que tem as suas histórias baseadas em especulação. O autor imagina situações que em geral estão apoiadas em conceitos de ciência e tecnologia que podem ou não ser vigentes no momento, ou sequer consideradas prováveis. São comuns situações relacionadas com viagens no tempo ou no espaço sideral, mudanças climáticas extremas – isso a realidade está fazendo grande esforço para também realizar –, universos paralelos e também vida extraterrestre. Mas pode ainda ser apoiada a narrativa em coisas como o totalitarismo e o sobrenatural, tipo fatos que atingem e alteram a vida das pessoas. O termo alien, imagino que seja do conhecimento da maioria, trata-se apenas de uma abreviatura adotada para simplificar a palavra alienígena. Ou seja, vida fora da Terra, seriamente considerada por cientistas que estudam exobiologia ou astrobiologia.

Dois filmes emblemáticos dessas tentativas infrutíferas de invasão são Independence Day (1996) e Guerra dos Mundos (2005). No primeiro, vejam só que coincidência, a batalha final de libertação da Terra se dá em um 4 de julho. Na cena decisiva, um veterano que sempre afirmou existir o perigo alienígena, sem ser levado a sério, arremessa o pequeno avião que pilotava sobre o núcleo da nave mãe inimiga, conseguindo sua destruição e a vitória final. Uma espécie de “kamikaze do bem”, que vale moralmente porque está “do lado certo”. Um detalhe que torna o ato aceitável, ao contrário do que quando era praticado na Segunda Guerra Mundial. No segundo filme, que se trata de um blockbuster de Steven Spielberg, atualizando um livro clássico de H.G. Wells, o fator decisivo que favorece os humanos é outro. Quando já nos falta condições de resistência, os inimigos começam a tombar sozinhos, vitimados por algo que não haviam considerado nos seus planos iniciais: microorganismos. Morrem como moscas, talvez por terem considerado que os vírus lhes causariam apenas uma “gripezinha, um resfriadozinho”.

Não se pode esquecer que, nos filmes, nem sempre ocorre confronto entre terráqueos e alienígenas. Quem não gostava do simpático visitante acolhido por crianças, em E.T – O Extraterrestre (1982)? Em Cocoon (1985), até acontece colaboração entre idosos e aliens, sendo que os primeiros acabam “premiados” com rejuvenescimento. Inimigo Meu (1985) mostra a necessidade de colaboração entre dois soldados, um da Terra e outro de planeta não determinado, que precisam aprender a coexistir, para que a sobrevivência mútua seja garantida. Uma metáfora, valorizando o respeito, a aceitação de quem é diferente.

Agora, sem que a gente soubesse, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB); e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), depois de uma série de bem sucedidas e harmônicas reuniões, conseguiram dar um passo à frente, tanto da ficção quando da ciência. Sem alarde, prestaram inestimável contribuição para o avanço da humanidade ao tirar da cartola um invento até então improvável. Nesta mesma capital dos gaúchos onde já foi inventado o rádio, por Landell de Moura, essa dupla genial transformou em realidade o teletransporte. Milhares de trabalhadores sairão de suas casas, na cidade ou na região metropolitana, todas as manhãs, surgindo direto em seus ambientes de trabalho sem enfrentar trens e ônibus lotados, tudo para salvar a economia sem o risco das próprias vidas. Todos os também milhares de clientes farão o mesmo. Isso é tão revolucionário que não apenas se estará pulando as áreas de maior risco de contágio do Coronavírus, como também reduzindo engarrafamentos de trânsito e a poluição do ar. Claro que, como tudo tem seu efeito colateral, todas as empresas de ônibus, aplicativos e táxis se tornarão desnecessários. Esses votos eles perderão, no futuro. Mas são poucos em relação ao ganho e ninguém desses grupos integra a FIERGS. É quase perfeito. Pensando bem, companhias aéreas e tantos recém privatizados aeroportos também perderão a razão de existir. E nesse detalhe pode tornar-se um pouco inconveniente para os dois, mas terão tempo para pensar numa solução.

De qualquer modo, eu serei um dos milhares que poderão voltar a sair de casa, sem qualquer receio. Sem perder tempo no trânsito urbano, vai até mesmo me sobrar mais para lazer. Como por exemplo, aproveitar e ver ou rever esses filmes todos, dos quais gosto tanto.

18.04.2021

No bônus musical de hoje, o tema da série Arquivo X, que marcou época entre os aficionados por ficção científica. De Mark Snow, The Truth And The Light.

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