O caos cada vez mais se aproxima de nós. Sua mais recente passagem – não é a primeira nem será a última – está acontecendo agora, entre os dias 03 e 14 deste mês de março. E hoje, sexta-feira 05, é o melhor momento para ele ser observado. Mas essa “visita”, que de modo algum queremos na nossa casa, desta feita dará apenas um aceno de longe. Razoavelmente longe, na verdade. O problema é que há risco de que nem sempre seja assim. A sua presença pode vir a ser uma ameaça real e bastante severa.

O asteroide 99942, foi batizado como Apophis, o deus da mitologia egípcia que representa a escuridão, o caos e a destruição, justamente porque astrônomos calcularam que existe a possibilidade, mesmo que ainda remota, de uma colisão futura com a Terra. O que não seria nada agradável, considerando-se que o corpo celeste foi estimado como uma rocha de uns 450 metros de largura, deslocando-se em altíssima velocidade. Ou seja, com dimensões e movimento consideráveis o suficiente para causar um bom estrago. Ele foi descoberto em 2004. Naquela ocasião, estudos fixaram em cerca de 2,7% a chance de haver impacto conosco, em algum momento. Mas esses números otimistas precisaram depois de revisão, porque já se sabe que ele irá se aproximar em outras oportunidades, chegando cada vez mais perto.

Para se ter uma ideia, desta feita ele estará a 0,11 unidades astronômicas de distância da Terra. Uma unidade astronômica equivale à distância média entre nosso planeta e o Sol, ou 44 vezes aquela que nos separa da Lua. Mas isso em relação ao que é mensurado no espaço não é muito. Tanto que é perto o suficiente para que seja ele observado pelos radiotelescópios que temos. Lamentavelmente, o melhor deles para essa tarefa, o Observatório de Arecibo, na Costa Rica, sofreu um colapso no mês de dezembro de 2020, estando fora de ação. Agora, as atenções estão especialmente voltadas para ele porque sua próxima passagem, que irá ocorrer dia 13 de abril de 2029 – será uma sexta-feira, para horror dos supersticiosos –, vai se dar a míseros 31 mil quilômetros da superfície da Terra. Isso é tão perto que, para efeitos de uma comparação mais compreensível, a Lua está em média 384.403 quilômetros longe de nós. Falo em média porque a distância real é variável, dependendo da órbita do satélite. Ou seja, ele vai estar 12,4 vezes mais perto do que o nosso satélite natural.

Se em 2029 ele não se chocar conosco, o que ainda pode ocorrer devido ao fato de as trajetórias dos corpos celestes de menor tamanho sofrerem constante influência da radiação solar, vai estar de volta em 2068. Assim, antenas do Complexo de Comunicações Espaciais Goldstone, da NASA, no estado da Califórnia, nos EUA, estarão voltadas com especial atenção para esse asteroide. Também o Telescópio Green Bank, que está localizado na Virgínia Ocidental, será utilizado para o mesmo fim. Quaisquer dados novos sobre sua rotação, órbita, deslocamento e aceleração são importantes. Essa rocha é 300 vezes mais massiva do que o Meteoro de Tunguska, que atingiu a Sibéria em 1908. E cinco mil vezes mais massiva que o Meteoro de Chelyabinsk, que explodiu nos céus da Rússia em 2013, causando estragos. Mesmo sendo mínimas as chances de que venha a ocorrer impacto, em termos de energia liberada seria 3.800 vezes a da bomba de Hiroshima, lançada pelos EUA sobre o Japão, em 1945. Por isso, fazer o monitoramento constante é algo bastante recomendável.

O nome Apophis, em grego, foi um novo “batismo” aplicado sobre o original Apepe que usavam no Egito. Essa entidade mitológica era a que se opunha a manifestações da luz, da ordem e da verdade. Na arte do país era representada como uma serpente gigante. Nos relatos, quando passava pelo Reino das Sombras, à noite, o Deus-Sol sempre se deparava com inúmeros perigos. Os adversários mais temíveis eram sempre as serpentes, sendo a líder de todas essa denominada de Apepe. Ela é descrita como tendo 16 metros de comprimento e um corpo repleto de espiras, que agiam como sendo molas, dando maior agilidade. Na tumba de Ramsés VI, o monstro aparece com 12 cabeças sobre o seu dorso, representando inimigos que atacou e conseguiu engolir. Habitando o Nilo celeste, surgia sempre de surpresa do fundo das águas. Ao atacar o Deus-Sol, colocava em risco a própria estabilidade do cosmos.

05.03.2021

Apophis, um terrível ser mitológico egípcio

No bônus musical de hoje a cantora e compositora goiana Mariana Froes, interpretando Caos. Esse é o terceiro single autoral, na sua recente carreira. Ela tem apenas 17 anos e mais de 500 mil fãs, sendo sensação nas redes sociais.

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