O KOOLULAM E A CANTORIA PELA PAZ

Esse é um grupo musical israelense que faz questão de juntar em suas apresentações judeus, cristãos e muçulmanos. Na verdade, chamar de musical talvez nem seja apropriado. São de cantoria – mesmo que acompanhados de musicistas –, uma vez que em suas apresentações estimulam o público a ser ele o protagonista do espetáculo. Foi criado a partir de uma epifania de um dos seus três fundadores: Or Taicher, que é diretor, roteirista e empreendedor social. Ele havia visto um vídeo que mostrava cerca de mil fiéis junto ao Muro das Lamentações, entoando orações em uníssono. E imaginou como seria se igual ou maior número de pessoas se reunisse para cantar músicas populares, independente do seu credo, mas igualmente vivenciando uma possibilidade de harmonia espiritual. Isso foi em 2016, tendo então se associado à empreendedora digital Michal Shahaf e ao maestro Ben Yaffet – antes dele outros 11 foram convidados e não aceitaram o desafio. Começava a nascer o Koolulam, que foi por eles definido como sendo “uma iniciativa social-musical para fortalecer o tecido da sociedade.”

O nome Koolulam surgiu da fusão das palavras hebraicas kol (voz) e kulam (todos), associadas com kululu – que é um grito imitando uivo, emitido em momentos de alegria por habitantes de comunidades existentes no Oriente Médio e no Norte da África. Seus eventos obedecem a uma determinada lógica que se repete, com o convite a pessoas que em geral não se conhecem nem tinham se encontrado antes. Elas são reunidas cerca de duas horas antes do início marcado, quando são classificadas em função do idioma no qual cantarão e também quanto ao grupo vocal – barítono, alto ou soprano. Em 14 de junho de 2018, por exemplo, para homenagear uma histórica visita do líder religioso da Indonésia, o Xeique Haji Yahya Cholil Staquf, que foi até Israel, conseguiram a presença de mil pessoas. O encontro ocorreu no Museu Torre de Davi, na Cidade Antiga de Jerusalém. A música escolhida foi One Love, do jamaicano Bob Marley, cantada em hebraico, árabe e inglês – o link de acesso está disponível ao final deste texto.

Os fundadores entendem que este tipo de reunião ajuda decisivamente na formação de uma atmosfera favorável à superação de diferenças. A experiência resultaria em incentivo à tolerância, não apenas daqueles que participam, mas também dos que acompanham depois as gravações e repercussões que a mídia e as redes social asseguram. Isso se comprova, de certa forma, com as três premiações internacionais recebidas naquele mesmo ano do evento citado acima: o Asia Game Changer Award, o Jerusalem Unity Prize e o Whats Next Musical Innovation Award. Todas as suas realizações têm tido enorme sucesso, de tal forma que Or, Michal e Ben agora se dedicam apenas a isso. Pedidos de ONGs, governos e empresas estão chegando em grande número. Os apelos muitas vezes são para desejos genéricos, como incentivar a paz, mas em outras ocasiões são bem mais específicos, como a inclusão de deficientes, a celebração da coexistência, o apoio a sobreviventes do holocausto ou o combate à desigualdade.

Até hoje ocorreram mais de cem apresentações, sempre reunindo entre mil e três mil participantes. A música que será cantada só é revelada quando chegam as pessoas. Todas recebem papéis coloridos com a letra, no idioma no qual cantarão, com passagens sublinhadas conforme o que deverão fazer. Por cerca de 60 minutos o maestro regente e sua arranjadora vocal, Lilach Krakauer, ensaiam com grupos separados e com o conjunto todo. Na hora em que tudo vai de fato acontecendo há uma compenetração absoluta, um senso de pertencimento que conduz quase a um êxtase espiritual, uma catarse coletiva. A intenção é que esta vivência seja transportada para o dia-a-dia, gerando paz e harmonia. Um complexo aparato grava para edição e posterior distribuição gratuita de vídeos para plataformas digitais. Tanto o ensaio quanto o canto são feitos em pé. Mas sempre existem cadeiras ou arquibancadas disponíveis para pessoas que necessitam de atenção especial, como idosos ou quem se faz acompanhar por crianças.

Além de Israel, já aconteceram eventos em outros países, como África do Sul e Canadá. Eles também já foram procurados por pessoas de países que não mantêm relações diplomáticas com Israel, como a Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Agora anunciaram que, entre seus próximos passos, também estarão realizar oficinas em escolas, hospitais e prisões. A continuidade desse trabalho e o seu sucesso podem ser um bom exemplo para iniciativas que contribuam para o esforço de tornar esse mundo um pouco melhor e mais humano.

04.07.2020

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Esta obra é uma ampla representação da história do ódio aos judeus, desde a Antiguidade e os primórdios do Cristianismo, através da Idade Média e do Iluminismo, da época da biologia racial e do Holocausto, e até ao novo antisemitismo dos nossos dias. Os autores analisam os motivos e mostram: os muitos surtos de antisemitismo no seu contexto histórico. Mostram-nos, também, como muitos temas idênticos, mas em diferentes formas, surgem ciclicamente como causas do ódio aos judeus: a lenda do judeu errante, as conspirações acerca do poder mundial, as acusações de profanação das hóstias, o envenenamento de poços, a avareza, a cobiça e os assassinatos rituais. História do Antisemitismo é um texto crucial para todos aqueles que pretendam compreender de que forma preconceitos, discriminações, perseguições e ódio contra culturas e religiões desconhecidas podem ter consequências catastróficas para seres humanos inocentes.