OS PAPOS NOSSOS DE CADA DIA
Quem não gosta de um bom bate-papo com amigos, familiares ou colegas de estudo ou trabalho, em momentos de convívio descontraído, com troca de afeto e até mesmo confidências? Isso acontece em mesa de bar, restaurante ou em casa explica inclusive a origem da expressão. Isso porque “papo” vem de papar (comer), do latim pappare; enquanto battere (bater) é usado no sentido de presença e troca. O bate-papo se desenvolve entre as pessoas, sejam duas ou mais, sempre em torno de assuntos que vão surgindo ao sabor do tempo. Não é um diálogo, porque esse último procura resolver uma questão, um problema, uma situação. Dialogar pode ser produtivo ou improdutivo, conforme seu resultado. Já o bate-papo se estabelece sem regras, bastando ser fluente e civilizado. Então, sempre atinge seu objetivo, até porque não tem nenhum que seja claro. O bate papo é o “jogar conversa fora”, mas que está sempre dentro dos melhores manuais sobre saúde mental.
O papo-furado é bravata, fanfarronice, bazófia, patacoada e presepada. Não é por nada que também é apropriado o termo “garganta” ou simplesmente “conversa”. E ainda existe a “conversa mole”. O papo furado é irmão da conversa fiada, sem valor, que fica devendo. Pode o papo furado ser usado para designar o que foi uma mentira, um engodo, um recurso para enganar alguém. Em algumas regiões do nosso país se usa o diminutivo papinho quando é isso que se quer dizer.
O que não tem nada de furado é o papo reto. Esse transmite uma ideia ou desejo de forma objetiva, sem qualquer enrolação. Se trata de uma conversa que não sofrerá alterações futuras, sendo definitiva. Ele pode até ser uma ameaça, um “mandar a real”. Mas, em geral, se trata de colocação sincera, sem a onomatopeia blá-blá-blá nem caô, que significa passar a perna – aliás, essas duas últimas expressões até merecem uma atenção posterior e especial, só para elas.
Por aqui, papada é o apelido da torcida do Juventude, de Caxias do Sul. Surgiu do fato de o mascote do clube ser um papagaio – as aves têm seu esôfago dilatado, formando um papo –, mas também porque os seus adversários os consideravam “papudos”, contadores de vantagens. O apelido, que era para ser ofensivo, terminou absorvido e recebeu uma nova conotação. Foi semelhante ao que ocorreu em São Paulo, onde corintianos principalmente aproveitavam a letra “pê” bordada no peito de camisetas verdes para chamarem de porcos os palmeirenses. Hoje o porquinho é um dos símbolos do clube.
Ainda no âmbito futebolístico, na ponta oposta do país temos o Paysandu Sport Club, que é conhecido em Belém como o Papão da Curuzu. Claro que nesse caso não se trata de um aumentativo de papo: o termo papão busca afirmar que o time “papa tudo”, vence todos, mostrar que se trata de uma potência. O termo curuzu é apenas uma referência ao local onde foi levantado o estádio do clube, que leva esse nome. E se o alviceleste busca “meter medo”, maior era o medo de quem viveu a época na qual as crianças eram ingênuas a ponto de temer o Bicho-Papão, criado pela maldade dos mais velhos.
Uma papada acentuada no pescoço das pessoas pode indicar presença da Síndrome de Cushing. Ela ocorre devido à presença de corticoide em excesso no organismo. Também são sintomas da doença aumento de acnes, fraqueza muscular, bochechas avermelhadas e aumento de pelos em mulheres. Mas o aumento da circunferência do pescoço, estando aliado a diabetes, colesterol alto e hipertensão arterial pode apontar para obesidade e Síndrome Metabólica.
No canal GNT, o Papo de Segunda anuncia um programa de primeira. Já existiram outras formações temporárias, mas a melhor que tiveram ainda é aquela com Emicida, Fábio Porchat, Francisco Bosco e João Vicente de Castro – agora em 2023 os dois primeiros citados estão de saída, devendo ser substituídos por Manoel Soares e Kond. Eles debatem os mais variados assuntos, nem todos ligados ao momento presente, mas sem dúvida de interesse na medida em que oferecem pontos de vista distintos sobre o comportamento humano e a nossa sociedade. É sempre nas noites de segunda-feira, obviamente. Temos ainda o compositor, cantor e apresentador Supla, nome artístico adotado por Eduardo Smith de Vasconcellos Suplicy, que também adora ser chamado de Papito. Só que esse não é um papo menor, até porque ele fala muito: é apenas o diminutivo de papai, em espanhol. E eu vou parando por aqui, até porque não sou tão bom de papo assim.
23.03.2023

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