UMA LATA DE CERVEJA
Bateu uma estranha curiosidade, enquanto eu bebia uma cerveja no almoço de domingo. Por que cargas d’água a latinha vinha com exatos 473ml do precioso líquido? O que os fabricantes teriam contra números redondos, mais exatos, mais compreensíveis? Poderia ser 450, talvez 500 – os consumidores provavelmente gostassem mais dessa segunda hipótese levantada. Mas não: o envase feito com esse volume quebrado é o oferecido. Diante de tal questão, tão inútil quanto tantas que vivem assolando nossos pensamentos, fui pesquisar.
Algumas indústrias adotam essa medida em mililitros apenas porque ela é equivalente a uma quantidade determinada em onças. Não aquele felino que a novela Pantanal anda tornando mais conhecido e temido do que antes, mas o nome dado a um sistema de medidas anglo-saxão. A onça essa que não tem quatro patas pode ser grandeza de massa como também de volume. No primeiro caso ela equivale a 28,349 gramas. Ou seja, outra vez um número quebrado. No segundo, que nos interessa especificamente nesse caso, já que se usa para líquidos, a coisa fica ainda mais complicada. E fragmentada. Temos a onça britânica, que é igual a 28,4130625 ml, bem como também a onça utilizada nos EUA, que é igual a 29,5735295625 ml.
Para que esse não pareça um assunto proposto por alguém que já bebeu demais; um texto talvez destinado a outras pessoas também sobre efeitos etílicos, quero lembrar que esse pessoal estranho – os anglo-saxões são o resultado da “fusão” desses dois povos com um terceiro também germânico, os jutos, após os três invadirem a Britânia romana no Século V e formarem a Inglaterra – faz o mesmo para outros tipos de produtos. Pode ser refrigerante, água ou leite, inclusive. Nas mamadeiras que vendem está marcada no vidro a quantidade que cabe lá dentro, também em onças (oz). E evidente que nelas não se coloca nada que tenha álcool.
É preciso salientar que o tamanho das latinhas não é padrão em todo o mundo. Nas de refrigerante boa parte dos países usam aquelas onde cabem 330 ml do produto, tendo a Europa quase toda passado a fazer isso na década de 1970. No Brasil em geral elas têm 350 ml, mas não se trata de uma regra. Algumas vezes, quando surge produto novo, um dos diferenciais que pode oferecer é justo a quantidade. Outra coisa que se pode notar é que as latinhas começaram a ficar mais finas e mais altas, com o mesmo volume de líquido. Essa tendência se deve ao fato de que assim podem ser geladas em menor tempo. Isso começou com as bebidas energéticas, mas já está se generalizando.
No que se refere à cerveja, seja ela oferecida em latinhas ou em latões, em garrafas long neck ou de 600 ml, o consumo em nosso país atinge números consideráveis. No ano passado, por exemplo, apesar de os grandes eventos propulsores, como o carnaval, terem sido cancelados em virtude da pandemia, o volume de vendas manteve a tendência de crescimento. Foram 14,3 bilhões de litros. Em 2019 haviam sido 12,63 bilhões e em 2020 atingiram 13,31 bilhões. Eu tenho contribuído com algumas poucas latinhas, como essa de ontem. Que retribuiu com a ideia para essa crônica. Para concluir: essa bebida é destinada para o consumo de pessoas adultas, que devem fazer isso com a devida moderação.
20.06.2022

O bônus de hoje é mais uma vez duplo. Primeiro temos Rodrigo Gomes e Daniel Fontoura (RFM), num clipe feito em Portugal: Hino à Cerveja. Depois é a vez de áudio dos paranaenses do Terra Celta e sua música Até o Último Gole. Ela é uma das faixas do seu segundo álbum gravado em estúdio, o Folkatrua. (E quando as canecas se chocam, cerveja se espalha no ar/ Quando as canecas entornam, o mundo começa a girar/ Qualquer bêbado amigo, aqui é meu irmão/ Até o último gole, até cair no chão).
DICA DE LEITURA
LAROUSSE DA CERVEJA: A história e as curiosidades de uma das bebidas mais populares do mundo, de Ronaldo Morado
(Capa dura – 440 páginas – R$ 87,00 parcelados)
Este é o livro perfeito para quem já ama cerveja e também para quem quer se tornar um expert na bebida. Ao longo de centenas de páginas ricamente ilustradas, o livro apresenta um panorama histórico completo; descreve os ambientes, os utensílios e o serviço perfeito; aborda as principais escolas cervejeiras do mundo e ainda relaciona a bebida com a gastronomia. Esta nova edição ampliada e atualizada traz um exclusivo capítulo sobre a indústria cervejeira no Brasil, analisando toda a cadeia produtiva e o mercado atual. Além disso, o guia de estilos de cerveja foi completamente reformulado, conforme as atuais diretrizes do Beer Judge Certificate Program (BJCP), o maior e mais renomado programa de certificação de avaliadores de cerveja do mundo. Ao final do livro, o leitor vai encontrar uma lista de bares, museus e festivais ao redor do planeta que celebram uma das bebidas mais populares e queridas do mundo.
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