A DISTORÇÃO DA PALAVRA

O humano se constitui pela palavra. O que é dito diz o que somos. Ela, a palavra, revela o que pensamos, o que pretendemos e nos posiciona na vida e no mundo. Com ela fazemos juras, sejam de amor ou simples promessas vazias. A palavra eleva, mas também destroça. Através dela se pode alcançar as mais nobres de todas as metas, realizar as mais necessárias obras ou descermos aos porões profundos da intolerância, do desrespeito e da desumanidade. A palavra tem a enorme força do esclarecimento, na sua constituição. Isso porque possui o poder de conceituar, de definir. Mas não raras vezes se torna um importante instrumento para confundir e enganar. Uma única expressão pode ser interpretada conforme diversos interesses, morando aí grande perigo.

Dias atrás o Papa Francisco concedeu uma entrevista para uma grande agência internacional de notícias. Um único trecho de uma das respostas serviu para que se gerasse uma distorção interpretativa, que não se pode afirmar ter sido proposital ou apenas um acidente. Acontece que ele, que sempre foi um defensor das minorias, das causas sociais e alguém em sintonia com a necessidade de conciliar as questões dos tempos atuais com aquilo que a igreja vem pregando a séculos, teria afirmado que homossexualidade era pecado. Isso foi colocado em alguns meios de comunicação e repercutiu de imediato nas redes mais conservadoras, através de meios virtuais. Dava-se exemplo claro do uso da palavra para a defesa de interesses e ideologias, sem que se buscasse entender se aquilo tinha fundo de verdade. Porque não interessava buscar a verdade, mas sim aproveitar a repercussão.

Garanto a vocês que o Papa Francisco apenas fez uso de um recurso retórico. Ele não disse que homossexualismo é pecado. Ele usou com arte a palavra, propondo um diálogo imaginário, como se alguém não presente lhe afirmasse ser pecado, lhe dando base para argumentação contrária. Vendo-se o vídeo com sua manifestação sobre o tema – e esse é um recorte de entrevista feita pela agência Associated Press – se percebe inclusive um leve movimento corpóreo, como se ele assumisse por alguns instantes o lugar físico do interlocutor imaginário. Isso é um modelo inteligente de bem dizer, que exige um mínimo de inteligência para o “bem ouvir”. O entendimento errôneo, se de fato ocorre, vem por ignorância ou por maldade.

O jornal Folha de São Paulo comprou essa ideia equivocada. A CNN seguiu no mesmo rumo, como se o pontífice estivesse reforçando uma posição doutrinária tradicional. Não foi o que de fato ocorreu. Mas isso forneceu combustível para que detratores de um Papa que vem fazendo um trabalho forte e irretocável o “colocassem contra a parede”. Essa não foi a primeira vez que Francisco se expressou dessa forma. Eu diria mesmo que é uma característica do seu estilo comunicativo. Como isso ele abre janelas na conversa, ele busca facilitar entendimento. No caso específico de agora, conservadores fizeram uma releitura de fato muito interesseira do que de fato ele disse, tirando do contexto suas afirmações. Quem fez isso não destaca e sim omite o que ele coloca a seguir, na “resposta” dada para a argumentação do suposto interlocutor. Segundo ele fala, com muita propriedade, todos nós deveríamos nos preocupar é com a falta de caridade.

Ele reconheceu, na entrevista, que lideranças católicas em várias partes do mundo apoiam leis que criminalizam a homossexualidade. E que essas lideranças não se opõem à discriminação contra a comunidade LGBTQIA+. Destacou que estas deveriam “agir com ternura”, uma vez que isso é o que Deus tem por todos nós, sem exceções. A título de mera ilustração, são 67 países onde ainda o relacionamento sexual entre pessoas do mesmo sexo é considerado um crime. Em 11 deles isso recebe a morte como punição. Mesmo o Catecismo da Igreja Católica referindo isso como “uma grave depravação”, Francisco prefere sempre lembrar que “Deus nos ama a todos e respeita a força de cada um na luta pela sua dignidade”. Assim, sempre defendeu e determinou que as igrejas acolhessem homossexuais “com respeito, compaixão e sensibilidade, evitando todo o sinal de discriminação injusta”.

Aos 86 anos de idade e enfrentando alguns problemas crescentes de saúde física, o pontífice se mostra ainda muito saudável no quesito da saúde mental, com completa lucidez. E não estaria, de modo algum, sendo contraditório como esperam aqueles que sonham seja ele substituído por um outro Papa, ao estilo do seu antecessor, Bento XVI. Mas, se a igreja católica pretende estancar a perda de fiéis que vem sofrendo em todo o mundo, isso seria muito imprudente. Porque estaria apontando a volta para o passado e não para uma porta, já aberta por Francisco, que conduz a um futuro muito melhor. A fé é uma insubstituível relação com o divino, sem que isso desautorize a percepção e o contato com aquilo que temos de humano. E deve aumentar nossa preocupação com o social, não o contrário.

29.01.2023

Papa Francisco

Logo aqui abaixo você encontra uma Chave PIX e um formulário para fazer doações. São duas alternativas distintas para que você possa decidir com quanto quer ou pode participar, para a manutenção deste blog, que está ameaçada.  A colaboração é importante porque as taxas que se paga não são baratas, com as cobranças feitas em dólar. Com o PIX você escolhe qualquer quantia. No caso do formulário também, existindo valores sugeridos que não precisam ser os escolhidos. Neste é possível decidir por contribuição única, mensal ou anual. A confirmação se dá no botão “Faça uma Doação”.

PIX: virtualidades.blog@gmail.com

Uma vez
Mensal
Anualmente

FORMULÁRIO PARA DOAÇÕES

Selecione sua opção, com a periodicidade (acima) e algum dos quatro botões de valores (abaixo). Depois, confirme no botão inferior, que assumirá a cor verde.

Faça uma doação mensal

Faça uma doação anual

Escolha um valor

R$10,00
R$20,00
R$30,00
R$15,00
R$20,00
R$25,00
R$150,00
R$200,00
R$250,00

Ou insira uma quantia personalizada

R$

Agradecemos sua contribuição.

Agradecemos sua contribuição.

Agradecemos sua contribuição.

Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmente

Como bônus musical de hoje temos primeiro o clipe da música Firework, de Katy Perry. Ela se tornou um verdadeiro hino de superação para a comunidade LGBTQIA+. As imagens mostram um jovem gay lutando para se sentir confortável com seu próprio corpo e pele. Depois tem o áudio de Tola Foi Você, com Ângela RoRo. Os versos traduzem toda a desilusão amorosa de uma moça, abandonada por outra a quem ama.

Firework, Katy Perry
Tola Foi Você, Ângela RoRo

ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU

Lula está de volta. Vai assumir hoje, em Brasília, pela terceira vez a presidência da República. Chegou lá com o esforço coletivo de quem desejava a volta da democracia, da sensatez, da preocupação social, do respeito à saúde, à educação, ao meio-ambiente. O necessário trabalho de retomada dos nossos destinos começou com a conscientização, seguiu com uma campanha duríssima, passou pela conquista dos votos suficientes, pela diplomação e chega ao momento maior, com o grande vitorioso subindo a rampa do Palácio do Planalto. Claro que depois virá a limpeza dos escombros, a execução de planos que possam reconstruir tudo o que vem sendo posto abaixo ao longo de seis anos. E isso não será nada fácil.

O novo presidente é a esperança de todos, na forma humana. O que torna mais do que nunca apropriado que o símbolo do seu partido seja uma estrela. Ele próprio também é uma estrela. Ambos são a luz que deverá guiar a reconquista do respeito, da autoestima, da identidade do povo brasileiro. Depois de tanta escuridão, em almas e pensamentos, em posturas e em ações – ou falta delas –, agora a luz precisa brilhar. Vai brilhar, porque esse é o desejo de mais de 60 milhões de brasileiros, a mais expressiva votação de toda a nossa história. Pessoas de todas as classes sociais, credos e etnias, que juntas buscaram conjugar o verbo “esperançar”. Gente que quer livros e não armas; vacinas e não mortes; educação e ciência ao invés de ignorância; a verdade substituindo as mentiras; que exige respeito, saúde, dignidade, alimentação, segurança verdadeira, emprego e tranquilidade.

Luiz Inácio Lula da Silva já mostrou que é um homem iluminado. O líder maior e único capaz, nesse momento, de liderar de fato a nação para o reencontro com sua história e seu destino. Estamos acordando de um pesadelo, enorme e improvável. E devemos reacostumar nossos olhos, nossos sentidos, para a luz de novos dias. A mesma luz que precisa assombrar as milícias, os falsos cristãos e as viúvas de tempos ditatoriais. A luz das estrelas PT e Lula.

Nosso Sol também é uma estrela e todas as estrelas que vemos nas noites de céu claro são sóis que estão distantes de nós. O firmamento nos oferece esse espetáculo, talvez com a intenção de que possamos perceber nossa real pequena dimensão. E nos apresenta outros tantos, como eclipses, superluas e chuvas de meteoros. O ano que começa hoje será pleno nesses eventos. Se hoje o céu simbólico de Brasília estará tomado por estrelas subjetivas, da política, entre os dias 3 e 4 deste mesmo mês de janeiro estão previstas chuvas de meteoros (Quadrantis), que encherão nossa atmosfera noturna de “estrelas cadentes”. Esses meteoros ficarão incandescentes ao cruzar os céus. Mas em outras 11 ocasiões ao longo do ano poderão ser vistos.

Entre os dias 22 e 23 de abril será possível ver cerca de 15 meteoros por hora (Líridas). O mesmo ocorrerá em maio, entre os dias 6 e 7, em muito maior número, perto de 30 a cada 60 minutos (Eta Aquaridas), sendo essa chuva associada ao cometa Halley. Na verdade, todas são associadas a algum cometa, pois eles deixam no seu rastro esses fragmentos. Entre 28 e 29 de julho será a vez da chuva de meteoros Delta Aquaridas, com cerca de 25 objetos por hora. Também teremos esse fato uma vez em agosto, mais duas vezes por mês em outubro, novembro e dezembro. Ou seja, parece que alguma força superior está preparando confirmações constantes para o nosso país, que terá “estrelas” na terra e nos céus. Talvez alguém nas alturas tenha se cansado da apropriação indevida da expressão “Deus acima de todos”.

Apenas um eclipse solar poderá ser visto no Brasil esse ano. Vai ser em 14 de outubro e do tipo total, uma vez que a Lua vai passar na frente do Sol, transformando-o em um anel luminoso por alguns minutos. Se formos outra vez apelar para simbologias, se pode dizer que problemas de fato podem ocorrer, mas estaremos torcendo para que sejam poucos e breves. Quanto às superluas, essas serão quatro e visíveis daqui: em 2 de julho, 1º de agosto, 31 de agosto e 29 de setembro. Considerando que toda Lua cheia remete ao amor, ao sagrado, esses momentos nos quais ela fica mais de 15% maior do que seu tamanho normal – o satélite está no seu perigeu, o ponto de órbita mais próximo da Terra –, temos mais presságios positivos.

Isso posto, se você não conseguiu um modo de estar hoje em Brasília, pode ver a cerimônia pela televisão. Se nem isso for possível, seja por que razão for, ainda restam as coberturas jornalísticas. E mais todos esses vislumbres astronômicos para o resto do ano. O importante é estar sintonizado(a) com tudo o que de bom virá nas nossas vidas privadas e para a coletividade, se a gente contribuir para tanto. Vamos com fé, mas a verdadeira e não a manipulada; com esperança redobrada; e com disposição para seguir trabalhando muito – a gente sabe que as coisas não serão fáceis – na busca e na manutenção da felicidade. Porque esse Ano Novo há de ser mesmo novo, assim na Terra como no céu. Todos nós merecemos isso.

1º.01.2022

O bônus de hoje é com o Grupo Revelação e sua música Está Escrito. O áudio pode ser acessado logo abaixo.

Está Escrito – Grupo Revelação

Uma vez
Mensal
Anualmente

Se você gostou desta crônica ou de outras das nossas postagens, ajude a manter este blog em atividade, com contribuições.
Elas podem ser únicas, mensais ou anuais.
Selecione sua opção e confirme no botão abaixo.

Faça uma doação mensal

Faça uma doação anual

Escolha um valor

R$10,00
R$20,00
R$30,00
R$15,00
R$20,00
R$25,00
R$150,00
R$200,00
R$250,00

Ou insira uma quantia personalizada

R$

Agradecemos sua contribuição.

Agradecemos sua contribuição.

Agradecemos sua contribuição.

Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmente