O Brasil está vivendo um momento de perplexidade, diante do fato de estarmos atravessando uma situação muito grave, com a pandemia da Covid 19, sem que uma liderança que mereça ser chamada assim se encontre no poder. E, na data de hoje, está registrado o aniversário da morte de alguém que seria capaz de ocupar com dignidade essa posição. Falo de Leonel de Moura Brizola, engenheiro gaúcho que se notabilizou pela postura política forte e determinada.

Nacionalista como o atual presidente se apresenta sem ser, Brizola foi o único brasileiro da história eleito pelo povo para governar dois estados diferentes do nosso país. Líder do antigo e autêntico Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), foi antes disso deputado estadual em 1947; deputado federal em 1954, com votação recorde; e prefeito de Porto Alegre, em 1956. Quando chegou ao governo do Rio Grande do Sul, em 1958, se notabilizou pela expansão das políticas sociais que implementara na capital, com ênfase para o cuidado que tinha com a educação.

Foi Leonel Brizola que promoveu e liderou a chamada Campanha da Legalidade, em 1961, garantindo a posse de João Goulart quando da renúncia de Jânio Quadros, fato que impediu a implantação de um regime militar naquela ocasião. O golpe viria três anos mais tarde, em 1964. O homem que conhecia a situação dos menos favorecidos, por ter sido um deles – trabalhou como engraxate e como ascensorista, antes de ingressar no serviço público –, transferiu seu domicílio eleitoral para o então Estado da Guanabara, em 1962, tendo concorrido e alcançado nova eleição, para deputado federal.

Dois anos depois, não teve como evitar a nova tentativa, agora exitosa, dos militares chegarem ao poder pela força, uma vez que estavam ainda melhor articulados e contavam com o apoio estratégico dos EUA e com a adesão de boa parte da classe média, conduzida pela mídia. Perseguido, exilou-se no Uruguai para evitar prisão e possível tortura. No exterior permaneceu por 15 anos, vivendo ainda em outros países, entre os quais Portugal. Pode voltar para o Brasil apenas em 1979, quando tentou retomar o comando do PTB. Impedido por articulação da direita, acabou fundando o Partido Democrático Trabalhista (PDT), pelo qual voltou a participar e vencer eleições.

Em 1982 foi eleito governador do Rio de Janeiro, iniciando um programa pioneiro de construção de Centros Integrados de Educação Pública. Com essas estruturas e pessoal especializado, buscava oferecer dois turnos de atividades, revolucionando mais uma vez a formação de crianças e adolescentes. Na eleição presidencial de 1989, mesmo enfrentando uma oposição acirrada da mídia, não chegou ao segundo turno por detalhe. Apoiou Luiz Inácio Lula da Silva contra Fernando Afonso Collor de Mello, sem obter sucesso. O “Caçador de Marajás” se revelou mais tarde uma farsa como a atual, mesmo sendo menos danosa para a sobrevivência das pessoas, e acabou cassado. No ano seguinte, no entanto, Brizola voltou a comprovar seu carisma e forte apoio da população, vencendo outra vez o pleito para governar os cariocas, desta vez em primeiro turno.

Brizola faleceu em 2004, vitimado por um enfarte agudo do miocárdio. Mesmo considerando que sua presença seria muito pouco provável, nos dias de hoje, em função da idade que teria, seu exemplo ainda pode e deve ser lembrado. Para influenciar políticos que como ele buscam o bem comum e não atender familiares e comparsas – acreditem, eles ainda existem. E também para iluminar os brasileiros quando diante da escolha de seus representantes. Porque, tanto quanto legítimos, esses precisam ser também honestos, responsáveis e verdadeiros.

21.06.2021

Leonel de Moura Brizola

O bônus de hoje não é uma homenagem, mas uma promessa ao atual presidente da República, feita por quem ama de fato esse país, a liberdade e a democracia. A música Apesar de Você, de Chico Buarque de Holanda, na voz de Maria Bethânia.

3 Comentários

  1. I read about the Amazon rainforest in Brazil being destroyed to create farms. It’s really weird. Now that there are a lot of vegans people are starting to raise pigs. I really don’t understand this. The articles talk about Bolsonaro and how he is selling off the forest for little money, condemning the planet to desertification. This is true?

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  2. Muito bom lembrares esta parte de nossa história. Concordo que Brizola faz muita falta, mas que há homens dignos e lutadores hoje para forjar um novo dia como diz Betânia. Ela e a música que canta são um bálsamo e uma alegria.

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