Vamos deixar bem claro que são duas coisas distintas. Uma delas é a óbvia insuficiência técnica do time e a outra é a incompetência ou má fé evidente da arbitragem. O primeiro problema é grave, uma vez que a solução não é fácil, demandando tempo e muito dinheiro. É necessário buscar reforços – que custam caro, só podem ser adquiridos nas tais janelas e não se tem certeza nunca que darão o resultado que deles se espera – e, ao mesmo tempo, conseguir se desfazer daqueles que aqui não deram certo. Mas, de qualquer forma, são situações que se resolvem internamente. O segundo problema é bem mais complicado, uma vez que é externo. Sendo fruto da simples incompetência, vira verdadeira excrescência probabilística, porque a moeda do acaso tem caído vezes demais com a mesma face para cima. Algo absurdamente inexplicável. E, sendo consequência da má-fé, uma conduta desonesta, premeditada, enganosa, demonstra o quanto está apodrecido o ambiente do futebol aqui no nosso país.
A verdade é que o Grêmio tem jogado muito pouco. Entretanto, mesmo com essa pobreza que temos visto, os resultados poderiam ter sido um tanto menos desastrosos, nos últimos jogos. Bastaria que aqueles cidadãos que antes usavam apenas roupas pretas – hoje em dia os seus uniformes são bem menos fúnebres, apesar de estarem enterrando o meu time – não estivessem tomando tantas decisões equivocadas. Isso que a adoção do VAR, sigla para Video Assistant Referee (para variar, um estrangeirismo), deveria minimizar a chance de erro, fazendo com que em tese ela tendesse a zero.
Domingo, 13.04. Grêmio x Flamengo. Pênalti claríssimo com Gerson esticando o braço para desviar a bola dentro da área. O árbitro próximo e de frente para o lance não marca. O VAR concorda com a decisão dele. Sábado, 19.04. Grêmio x Internacional. Pênalti ainda mais evidente, com Aguirre derrubando Aravena na área. O juiz não marca, mas o VAR recomenda revisão. Ele revê o lance e mantém sua decisão. Domingo, 27.04. Vitória x Grêmio. Villasanti sofre agressão merecendo que seu adversário fosse expulso. Isso não ocorre. Domingo, 04.05. Grêmio x Santos. Cristaldo é derrubado na área. Outra vez nada é marcado. No mesmo jogo, falta violenta em Dodi deveria resultar em expulsão, mas ela não acontece. Sábado, 17.05. São Paulo x Grêmio. Outra vez Dodi é atingido, agora com uma cotovelada absurda e o lance nem sequer é revisado. No final do jogo, pênalti para o São Paulo é marcado mesmo com Jemerson tendo sofrido falta na origem do lance. Terça-feira, 20.05. Grêmio x CSA. Nos instantes finais da partida gol que daria a vitória ao Grêmio foi anulado, sem que houvesse motivo. O empate elimina o time da Copa do Brasil, causando prejuízo financeiro incalculável.
Todas as situações citadas no parágrafo anterior tiveram os pareceres de comentaristas de arbitragem que trabalham nas transmissões esportivas, que foram unânimes em confirmar os erros. Entre estes estão ex-árbitros como Paulo César de Oliveira e Carlos Eugênio Simon, além de Saimon Bianchini e Diori Vasconcelos, jornalistas especializados. Impossível não lembrar nessas horas que o Grêmio andou se indispondo com a CBF nos dois últimos anos. Em 2023 as relações ficaram tensionadas devido a duras críticas feitas pela direção do clube em relação aos métodos de gestão da entidade. O mesmo ocorreu em 2024, quando da enchente que assolou o Rio Grande do Sul, uma vez que as providências tomadas pela confederação foram tardias e prejudiciais para o tricolor. Não se pode esquecer que a entidade teve seu atual presidente afastado, dias atrás, por decisão da justiça. É do conhecimento de todos que inúmeras irregularidades têm marcado sua administração. No próximo domingo teremos novas eleições, com um candidato único e sem esperança de que as coisas melhorem.
A expressão “há algo de podre no reino da Dinamarca” hoje em dia é utilizada para externar a suspeita de que algo muito errado está sendo feito, em geral “por baixo dos panos”, dissimuladamente e com intenção nada honesta. Ela resulta do aproveitamento de uma citação da peça de teatro Hamlet, de William Shakespeare, escrita entre os anos de 1599 e 1601. A frase é falada pelo personagem Polônio, quando busca descobrir o estado de espírito de Hamlet. Mas, resumindo, refere algo que requer investigação. Coitada da Dinamarca, nada tem a ver com desonestidade, mas acabou incluída na expressão idiomática pelo fato de ser o local onde a peça se passa. Além disso, por coincidência, é dinamarquês o atual centroavante do Grêmio, Martin Braithwaite, que nasceu na cidade de Esbjerg.
Como torcedores, nos resta esperar o renascimento técnico do Grêmio. E que o clube não seja impedido de trabalhar nesse sentido, por essa podridão que tem assolado seu ambiente, trazendo mau cheiro e maus resultados.
21.05.2025

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é o clipe de Ladrões, de Marcelo Falcão. Depois temos o áudio de Reunião de Bacana, de Ary Alves de Souza, conhecido como Ary do Cavaco (compositor da Portela), e Bebeto São João. A música se popularizou com o nome de Se Gritar Pega Ladrão. A interpretação é do grupo Originais do Samba, muito famoso nos anos 1970 pelo seu canto uníssono e as doses de bom humor. Um dos integrantes era Mussum, que depois saiu para formar Os Trapalhões, com Renato Aragão e Dedé Santana.
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