Nosso sistema solar está, nesse momento, recebendo o terceiro e mais misterioso visitante externo já registrado. Depois do 1IOumuamua e do 2IBorisov, a chegada do 3IAtlas está polarizando as atenções mundiais. Até porque este supera os anteriores em dúvidas e perguntas ainda não respondidas.
Quanto aos “batismos”, o nome Oumuamua foi sugerido por astrônomos do Observatório Pan-STARRS, que fica no Havaí. Eles descobriram esse objeto e, na língua local, o termo significa algo como “mensageiro que vem de longe”. O número e a letra que o antecede designam ter sido o primeiro a ser percebido – talvez apenas porque não se tinha tecnologia suficiente para tanto, anteriormente – e ser ele interestelar. O que passou então a ser adotado para os demais. O 2IBorisov foi assim chamado por ter o astrônomo amador Gennady Borisov quem o encontrou, no dia 30 de agosto de 2019. Agora, o 3IAtlas refere-se à equipe de pesquisa e ao projeto Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (Sistema de Último Alerta de Impacto Terrestre por Asteróide), que o observou no dia 1º de julho de 2025, utilizando o telescópio Atlas, no Chile.
A questão é que ele está repleto daquilo que os astrônomos chamam de “anomalias”. Ou seja, possui características que em tese não poderia ter, segundo o conhecimento que temos acumulado sobre o Universo e seus mecanismos. O primeiro destes fatores foi a forma como ele chegou, com uma trajetória hiperbólica, o que não ocorre com cometas comuns. Além disso, sua espantosa velocidade de mais de 61 km/s – nada menos do que 219.600 km/h – é algo nunca visto. Para completar, durante a sua viagem através do nosso sistema solar ele trocou três vezes de cor, indo de um tom avermelhado para o verde e depois para o azul. Também teve um aumento repentino de luminosidade e emitiu comprimentos de ondas de rádio.
Depois de ter se aproximado do Sol – no periélio –, o objeto permaneceu intacto, quando se esperava por uma possível fragmentação devido ao estresse térmico. Naquele momento foram localizados jatos complexos e assimétricos nas imagens registradas, num total de sete distintos. Alguns deles inclusive como “anti-caudas”, apontando na direção do nosso astro rei e não o contrário, como deveria ser na hipótese de tratar-se apenas da liberação de gases. Esse último fato foi defendido por Avi Loeb, um astrofísico de Harvard, como sendo possível prova de tratarem-se de propulsores usados para navegação, ao invés de um fenômeno natural. A verdade é que logo depois desta constatação o cometa – ou nave – sofreu uma pequena aceleração não gravitacional e alterou levemente sua rota.
Agora o 3IAtlas está seguindo na direção de Júpiter. E se verifica outra coincidência espantosa. Vai passar a uma distância que é quase que exatamente idêntica ao Raio de Hill daquele planeta. Esse é o nome que se dá para a esfera de influência gravitacional. Tal aproximação é muito mais do que rara, beirando à improbabilidade absoluta. Para o evento ser aleatório, seria uma chance em dezenas de milhares. E essa justeza se deu devido ao leve ajuste citado.
Tal coincidência específica, juntamente com outras tantas anomalias observadas no comportamento do suposto cometa sugerem, como uma hipótese a ser investigada, que a precisão da trajetória poderia indicar uma origem tecnológica, talvez para liberar sondas na órbita do planeta – seria essa a manobra proposta por cientistas aqui da Terra, para nave que daqui fosse lançada. A comunidade científica dominante, no entanto, classifica o objeto como um cometa natural com comportamento atípico devido à sua composição e origem interestelar. Está prevista para 16 de março de 2026 sua aproximação máxima de Júpiter.
As medições feitas pelos instrumentos que nossa tecnologia dispõe, a partir de observação contínua e detalhada por telescópios, mostram algo intrigante também na sua assinatura química. Ele tem altos níveis de dióxido e de monóxido de carbono, além de cianeto de hidrogênio, metanol, sulfeto de hidrogênio e níquel – esse sem a presença esperada de ferro. Também foram constatados grãos de poeira com propriedades desconhecidas e únicas.
Enfim, o mistério sobre tal corpo celeste só cresce. E se trata de algo tão sério que seu acompanhamento e vigilância está envolvendo uma ampla colaboração de agências espaciais, organizações internacionais, vários institutos de pesquisa e observatórios de todo o mundo. A NASA chegou a ativar o seu protocolo de defesa planetária, para o monitoramento. E está utilizando recursos como o Telescópio Espacial Hubble, a sonda Lucy, a missão MAVEN e o programa Eyes on the Solar System. A ESA, Agência Espacial Europeia, também está ativamente envolvida. E com a ajuda da sonda Juice vem divulgando imagens e dados. Ainda temos os telescópios James Webb (no espaço); o das Canárias (Espanha); o Salt (África do Sul); o conjunto dos Keck (Hawaii); o Alma, o GMT e o ELT (os três no Chile); e o maior do mundo, o FAST (China), todos esses olhos voltados para o visitante. O Observatório Nacional do Brasil está envolvido neste esforço, com transmissões ao vivo.
A própria ONU, Organização das Nações Unidas, por intermédio do seu Gabinete para Assuntos do Espaço Sideral (UNOOSA), em coordenação com a Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN), organiza campanhas internacionais de observação, destacando a importância do estudo para a ciência e segurança planetária. A iniciativa está mantida, mesmo que não exista risco algum de colisão com a Terra, por exemplo. Em 19 de dezembro – semana que vem, portanto – será o momento no qual ele estará mais próximo da Terra. Mesmo assim, a 270 milhões de quilômetros. O que é ótimo, considerando que seu diâmetro, próximo de cinco quilômetros, sua massa estimada em 33 bilhões de toneladas e a velocidade desenvolvida, causaria a extinção da vida em nosso planeta se houvesse impacto.
13.12.2025

O bônus de hoje é o tema de abertura da versão mais recente da série Perdidos no Espaço, lançada pela Netflix sete anos atrás. Esta foi criada por Christopher Lennertz, sobre o original de John Williams.
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