O último mês do ano não é igual aos 11 que o antecedem. Nunca foi. Em geral os seus 31 dias são os mais repletos de acontecimentos sociais, que vão muito além dos óbvios Natal e Virada. Aumenta o número de viagens, colégios e faculdades têm os seus exames finais, formaturas acontecem, festas de confraternização se tornam rotina em organizações e empresas, inicia o período das praias – especialmente aqui no Sul –, o comércio fervilha até mesmo porque as pessoas têm o acrescido do 13º salário na sua renda, tem gente que casa, parentes se (re)visitam e muita gente entra em férias. Enfim, as pessoas encontram mais motivos para dividirem tempo, suas mesas e seus corações. Entretanto, essa explosão de socialização oferece, paradoxalmente, uma indesejada percepção do que seja a solidão, para tantos de nós.
O estar só, precisamos dizer isso, pode até ter o seu lado bom. Só que esse tem a tendência de se esconder, com a proximidade do final do ano. Resta o outro, o lado ruim, aquele que não é recolhimento e sim depressão. Nesses casos, a correria no trânsito e nas lojas, o imenso aglomeramento de pessoas e a urgência de ações – sempre tem algo que fica para a última hora – causam um descompasso. Assim como se a velocidade do mundo exterior e a do íntimo daquelas pessoas mais sensíveis estivessem em padrões estranhos, uma e outra. Vibrações e rotações não se encontram. E então se pode entrar num modo diferente, a exemplo do passageiro que olha a paisagem passar do lado de fora da janela durante a viagem. Vem uma saudade muitas vezes sem rosto ou, o que pode até ser pior, que foca em alguém ausente, que se foi com ou sem possibilidade de voltar.
Também se tende a ter saudade do que não se viveu. De tantas das potencialidades que ficaram ao longo da vida, das oportunidades que não fomos capazes de perceber na hora certa. Agora, se você passa por isso, precisa entender que não há nada de errado. Que este fechar de um ciclo tende a simbolicamente estar cristalizado no calendário, mas pode ocorrer em outras épocas do ano. Sendo muitas vezes processos dolorosos, eles são necessários. Fazer balanços ajuda do mesmo modo que se fazer listas, para não se esquecer nada entre múltiplos compromissos e ações. E isso não é doença e sim saúde mental.
Entenda que ninguém necessita se convencer – ou ser convencido – do fato de ser dezembro a melhor época do ano. Até porque não precisa ser mesmo. Você não tem que demonstrar alegria apenas para não destoar dos demais. Tente apenas se conectar com as pessoas, porque em geral há por perto alguém que nos ama. Se apoie nos simbolismos aqueles que apontem renovação. E se permita ser como é, como todos somos: uma pessoa imperfeita, incompleta, às vezes incoerente, impotente e talvez até inconsequente em certos momentos. Porque isso tudo é humano. E se tem algo com o que acho que todos nós concordamos é que esse período é de extremos emocionais. Então relegue, respire, releve, reveja e acima de tudo relaxe. Fuja do estresse. Dezembro vai passar e logo virá mais outro ano inteiro para você espraiar suas preocupações ao longo dele.
24.12.2023
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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é a música Amor pra Recomeçar, de Frejat. Essa gravação foi feita ao vivo, no Rock in Rio.
Muito bom! Dezembro é realmente diferente. Feliz Natal Solon!
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Filipa! Estive viajando e só agora consigo agradecer e retribuir os votos de Feliz Natal. Mesmo tardiamente, faço de coração, desejando que a data tenha sido perfeita para você e os seus. Abraço!
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Obrigada Solon! Espero que tenha tido uma boa viagem. Desejo-lhe um Feliz Ano Novo!
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Bela reflexão! Feliz Natal meu amigo! Grande abraço!
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Obrigado, amigo Kruger! E que o teu Natal e dos seus familiares também tenha sido de muita paz e luz. Abraço!
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