Recebi no Instagram a sugestão de ver postagem feita por M.M. Izidoro, que a teria feito após se debruçar sobre alguns dados do Censo de 2020 que chamaram sua atenção. Quem não o conhece, saiba que se trata de um profissional criativo brasileiro conhecido por seu trabalho como autor, roteirista, produtor e diretor em cinema, televisão, podcasts e plataformas digitais. Se destaca por projetos que unem entretenimento e questões de interesse social. Como dois exemplos, cito o #EuEstou, focado em saúde mental, e o #AmaréPrisma, numa colaboração com Emicida. Também está envolvido em projetos para grandes plataformas, como Globoplay e HBO. Muito versátil, dirigiu os audiolivros oficiais da saga Harry Potter em português. E ainda foi colunista na ECOA, que integra o UOL.

Segundo ele, fazer essas observações foi como se dedicar a um hobby novo. Disse também que, no processo, esperava confirmar algumas ditas “certezas” que tinha sobre o Brasil. Porém, teria sido surpreendido em vários momentos, o que o levou a postar. Ele listou um total de 16 fatos estatísticos que foram comprovados com a pesquisa domiciliar, depois garantindo que existiam ainda outros que mereceriam também estar na relação. Começou com a renda per capita por regiões do nosso país, que não tem no Sudeste sua maior expressão, como se poderia imaginar. No Centro-Oeste, impulsionada por Brasília e pelo agronegócio ela é de R$ 2.011,00 enquanto que, mesmo com São Paulo e Rio de Janeiro sendo as maiores expressões na economia nacional, regionalmente – Minas Gerais e o Espírito Santo também fazem parte – fica em R$ 1.842,00.

A segunda citação recaiu sobre o crescimento do Nordeste, que apesar da constante migração para Sudeste/Sul mantém peso demográfico e até aumento em determinadas áreas. Tem 27,2% da população do país, com 55,3 milhões de pessoas. Um detalhe é que em todo o Brasil, mesmo se mantendo muitas famílias multigeracionais, 18,94% das moradias são lares unipessoais. Ou seja, 13,7 milhões têm apenas um único morador ou moradora. E a imensa maioria das edificações continua sendo casas (84.8%) e não apartamentos (15,2%).

No que tange a religiões, este último censo desmentiu – graças à Deus e às preces dos verdadeiros cristãos – o esperado “tsunami evangélico” que era apontado nas duas pesquisas anteriores. Mesmo mantendo seu crescimento, os pentecostais não serão maioria em 2030 como vinha sendo alardeado. A desaceleração drástica os mantém atualmente em 23,3% da população, enquanto os católicos, em que pese décadas de declínio, estão com 49,3% do total, contrariando o esperado “colapso”.

No que se refere a faixas etárias, ficou demonstrado um envelhecimento da população. Deixamos de ser um “país jovem”, em apenas 12 anos. Do censo de 2010 até 2022 a idade mediana dos brasileiros pulou de 29 para 35 anos. E pessoas com mais de 65 anos tiveram representação indo para mais de 10%, graças ao aumento de 57,4% na sua fatia. O que aponta para a necessidade de mais atenção e fornecimento de serviços, produtos e infraestrutura para atender esse grupo. Mas, um detalhe muito interessante também foi percebido: é um mito a ideia do idoso ser apenas analógico. Temos 13,7 milhões deles – ou de nós, pois eu faço parte do grupo – digitais, resultado de uma explosão de 151% no seu número, chegando agora a 62,1% dessa população específica.

Em termos de comunicação, mesmo com o aparente domínio do Spotify, concorrentes seus e os podcasts aparentemente estarem dominando tudo, o rádio – ele mesmo, aquela invenção do porto-alegrense Landell de Moura – permanece com importância quase intocável. Saibam quem dele desacredita que 80% da população ainda ouve rádio diariamente, com média de 3h55min. Algo semelhante se vê com os streamings, cujo serviço alcança consideráveis 43,4%, apesar da TV aberta continuar na primazia, estando em 95,3% dos endereços.

Os primeiros resultados do Censo Demográfico de 2022 foram tornados públicos em junho de 2023. Depois, foram sendo revelados aos poucos mais detalhes, o que aconteceu até o presente ano. A complexidade do trabalho, bem como ter sido “desidratado” o IBGE nos anos anteriores, por decisão do Governo Bolsonaro, com corte drástico nos recursos e no pessoal, levou ao atraso ocorrido. Os comentários feitos acima são sobre algumas das observações de M.M. Izidoro, que realizou outras tantas e deixou em aberto a possibilidade de retornar, citando outras mais.

07.08.2025

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O bônus de hoje é o Funk do Censo 2022. Por incrível que parece, foi necessário que o IBGE criasse essa música para motivar as pessoas nas periferias a atenderem os recenseadores, uma vez que havia um certo medo que fora difundido por grupos que não desejavam que os dados fossem coletados com exatidão. Mas, eles são essenciais para que se estabeleçam políticas públicas adequadas.


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