OS INTOCÁVEIS

Quando se trata de cinema, nem sempre a crítica e o público estão de braços dados, concordando com a qualidade de um filme. Entretanto, há situações nas quais a aceitação é quase unânime, em geral quando se está diante de uma obra-prima. Este é o caso de Os Intocáveis, de Brian De Palma. A narrativa é vigorosa, representando com perfeição o chefe mafioso que comandava o crime em Chicago, durante a vigência da Lei Seca. Não bastasse o argumento ser muito bem explorado pelo diretor do filme, o trio de atores que ocupam os papéis principais também fazem parte do que de melhor o cinema produziu. Kevin Costner é o agente federal Eliot Ness, que é encarregado de prender o gângster Al Capone, vivido por Robert De Niro. E Sean Connery vive o policial Malone, que é uma espécie de mentor de Ness, com uma proposta semelhante àquela do Velho Oeste: “seja mais rápido e atire primeiro”. Merecem ainda que se cite Andy Garcia, no papel do policial George Stone; bem como a participação de Charles Martin Smith, com o contador Oscar Wallace.

Na década de 1930 esse “reinado” de Al Capone é alcançado graças à corrupção da polícia e do terror que é instaurado pela sua quadrilha. Algo que não se mostra uma exclusividade norte-americana e daquela época. Seu império termina sendo alicerçado pela produção e venda ilegal de bebidas alcoólicas, bem como pela facilidade de seus homens terem em mãos toda espécie de armamento. Outro detalhe que conhecemos bem por aqui. Interessante é que o criminoso, responsável por muitas mortes, entre outros tantos crimes, termina sendo pego por sonegação fiscal. Algo como alguém permitir que milhares morram por falta de vacinas e, depois disso, correr o risco de ser engaiolado por se apropriar de relógios e algumas joias que não eram suas.

O filme de Brian De Palma, em que pese estar baseado em fatos reais, tem a maior parte do seu enredo como uma criação ficcional. Entretanto, tirando as interpretações, chama muito a atenção a ambientação que é feita, na qual está retratada com perfeição a época e o local. Tanto os cenários quanto os figurinos são precisos, sem deslizes nem exageros. Outra coisa impactante são as cenas de violência, com destaque maior para os tiroteios, extremamente realistas. A cena que se passa na escadaria da estação ferroviária, entre policiais federais e gangsters, se tornou icônica. Ela pode ser revista ao final desta crônica, mas precisa ser salientado que se trata de uma liberdade criativa do roteiro, uma vez que isso não aconteceu na vida real. Do mesmo modo, tampouco o ataque na fronteira Canadá-Estados Unidos e o tiroteio no tribunal são reproduções da verdade.

Para quem gosta de filmes que têm a Máfia – ou as máfias, uma vez que elas foram e são várias, apesar do nome ter surgido e se difundido com a Cosa Nostra, a máfia siciliana –, temos vários bons para recomendar. Entre eles estão Scarface: A vergonha de uma Nação (Howard Hawks), O Grande Golpe (Stanley Kubrick), Os Bons Companheiros (Martin Scorsese), Senhores do Crime (David Cronenberg) e Era Uma Vez na América (Sergio Leone), além da fantástica trilogia O Poderoso Chefão (Francis Ford Coppola). Quanto às estruturas criminosas, existem por exemplo a japonesa (Yakusa), a chinesa (Tríade) e outras na Albânia, Sérvia, Israel e Rússia, além de muitas menores. Quase todas têm seus tentáculos muito além dos territórios de seus países de origem.

03.09.2023

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Como bônus temos hoje o trailer oficial do filme Os Intocáveis, com legendas em português. Temos também a icônica cena na qual ocorre um tiroteio na estação ferroviária.