Minha filha odeia baratas. Perde mesmo a cabeça, diante de um desses insetos, entra em pânico. Mas, na verdade, isso é algo muito mais comum do que se imagina. E pessoas “acima de quaisquer suspeitas” dividem com ela essa sensação inexplicável, de aversão e nojo. Posso citar como exemplo o filósofo Mário Sérgio Cortella. Em uma de suas costumeiras palestras ele relatou que, certa vez, durante uma viagem que fizera até o Rio Grande do Norte, na companhia de um colega seu professor da USP, se envolveu em situação constrangedora. Este outro dividia com ele não apenas o quarto do hotel como a mesma ojeriza ao inseto em questão. Numa madrugada, ambos constataram a presença de uma barata no ambiente e ligaram para a recepção solicitando providências. Minutos depois uma senhora de metro e meio entrou no quarto usando a chave mestra, encontrou dois homens de mais de 1,80m de cuecas, sobre as respectivas camas. Com uma alpargata nas mãos, matou a barata e saiu com o cadáver, olhando meio de lado para ambos.
Segundo informações da Fiocruz, as baratas existem há mais de 300 milhões de anos e têm, atualmente, cerca de cinco mil espécies distintas em todo o mundo, todas elas integrantes da ordem Blattaria. Estas variam, em termos de tamanho, desde alguns poucos milímetros até quase dez centímetros. Que Deus livre a Bibiana de encontrar uma destas últimas! Todas têm corpos em formato ovular e deprimido, cabeça curta e dois olhos compostos grandes. Elas são muito resistentes e, sendo insetos onívoros, se alimentam de praticamente qualquer coisa. Gostam especialmente de doces, alimentos gordurosos e de origem animal. Podem viver uma semana sem beber nada e até um mês inteiro sem comer. E gostam de ambientes úmidos e quentes. Uma curiosidade é que aquelas muito pequenas vivem dentro de ninhos de formigas. Outra é que algumas de suas espécies conseguem viver entre dois e cinco anos, na natureza.
As baratas domésticas, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) são cerca de 20 diferentes, transmitem uma série de doenças causadas por bactérias, como furunculose, lepra, tuberculose, diarreia e poliomielite – essa última, aquela contra a qual muitos pais brasileiros estão deixando de vacinar seus filhos. Fazem isso através do contato com suas patas e também pelas fezes que deixam nos locais por onde passam. Portanto, são consideradas perigosas para a nossa saúde.
Uma das dificuldades que temos para abatê-las usando alpargatas ou similares, como fez a senhora do hotel em Natal, resulta do fato de que elas conseguem perceber o perigo através de pequenas mudanças na corrente de ar à sua volta. Isso porque possuem pequenos pelos nas costas, que funcionam como se fossem sensores determinando a hora certa em que devem correr. Ou voar, porque algumas fazem isso. Com tal característica, muitas vezes se salvam.
Agora, para concluir: ninguém que enfrente esse temor, que pode para outras pessoas parecer absurdo, precisa ter vergonha disso. Afinal, se trata de algo bastante comum e que, em certos casos, pode mesmo ser maior e caracterizar uma fobia. O nome a ela atribuído é catsaridafobia e pode inclusive demandar algum tratamento. No mais, que se use algum veneno – o que não é muito recomendado, porque pode afetar animais de estimação e mesmo humanos – ou se treina mais com os chinelos.
07.06.2023

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é a música infantil A Barata. De domínio público, neste clipe ela foi adaptada por Paulo Talit e Sandra Peres. A apresentação é do grupo Palavra Cantada. Mostre para seus filhos, sobrinhos e netos. Eles serão um bom álibi para que você mesmo veja.
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