ESCAFISMO: ISSO DEIXARIA USTRA EM ÊXTASE
Este não foi um método criado para ser tortura, mas sim um modo de execução. Entretanto, a forma cruel, lenta e dolorosa como cumpria com seu propósito pode permitir que se enquadre como tal. O monstruoso coronel Brilhante Ustra com certeza aprovaria, desde que aplicado com sua sádica supervisão e contra quem não comungasse com seus ideais políticos de extrema-direita. Falo do escafismo, provavelmente a pior de todas as maneiras de se eliminar um condenado à morte.
Tudo era feito sobre um barco, tendo sido provavelmente algo adotado pelos persas, por volta de 500 anos antes de Cristo. O termo vem de uma palavra grega, σκάφη (“skáphe”), que pode ser traduzida como algo que é escavado. O condenado era amarrado entre dois barcos de mesmo tamanho, um emborcado sobre o outro. Isso era feito em terra, com recortes em uma das embarcações permitindo que seus braços e pernas ficassem para fora, assim como sua cabeça que também permanecia exposta. Depois ele era obrigado a ingerir uma mistura de leite e mel, que ainda passavam em seu rosto. Quando esta mistura secava, as moscas se tornavam um terror, pousando sem parar nas faces, nariz e boca. Todo o tempo a pessoa ficava voltada para o sol, com visão prejudicada e calor intenso.
Quando fazia suas necessidades fisiológicas, isso trazia vermes atraídos pelos excrementos, além de formigas e vespas. Com o tempo, suas entranhas começavam a também ser devoradas, com os insetos cada vez mais penetrando por todos os orifícios do seu corpo e não apenas por boca, nariz e ouvidos. E isso com a pessoa consciente. Além disso, o carrasco continuava a alimentar a vítima, sempre com muito leite e mel, em intervalos regulares, para evitar que a morte se desse por sede ou fome. Ela vinha decorrente de infecções maciças, depois de muitos e muitos dias de dor e sofrimento. Retirado o barco superior, restará apenas uma carcaça em decomposição.
O historiador grego Plutarco, em A Vida de Artaxerxes, relata que foi desse modo que ocorreu a execução de Mithridates. O condenado era apenas um soldado jovem que por alguma razão havia enfurecido o rei persa. Sua agonia teria perdurado por 17 longos dias. Por aqui, não foram poucos os jovens que “desagradaram” o sistema vigente por também 21 longos anos, entre 1964 e 1985. Brilhante Ustra e seus subordinados tinham seus métodos. Um dos que ele mais gostava era enfiar um fio de cobre na uretra dos jovens suspeitos de “comunismo”, deixando uma ponta relativamente longa para fora, onde ele acendia um isqueiro. Ria, enquanto o metal ia ficando incandescente, provocando a vontade da vítima confessar até o que sequer sabia existir. Essa mesma turma tinha outros recursos – já escrevi sobre isso aqui no blog –, como arrancar as unhas, quebrar dedos com martelos, choques elétricos, pau de arara, afogamento, manter o preso acordado com luzes fortes e som alto, empalamento e outros tantos. Estupros também eram praticados com boa frequência. Outra coisa que adoravam era fazer com que filhos pequenos vissem seus pais sendo torturados. E, em algumas ocasiões especiais, invertiam isso: as crianças eram usadas como forma de seus pais confessarem.
Historicamente, os humanos vieram se esmerando na criação de vários procedimentos brutais. E estes sempre foram aplicados para arrancar confissões, como exemplo causador da generalização do medo, como meio de destruição física e moral de inimigos, simples demonstração de força ou meramente sadismo. Em geral, quando um sádico adquire poder – ou fica a serviço de quem o tenha –, ocorre um incremento, métodos são aprimorados. Mas, paradoxalmente, estes seres desprezíveis admiram mais quem aos seus métodos resiste. “Quebrar” a resistência se torna um prazer ainda maior. A morte, se vier, terá sido um acidente. Que não faz mal que ocorra, se isso demorar a acontecer. Como era esse modo de execução lenta que foi descrito. Fuzilamento, guilhotina e forca são rápidos demais para terem alguma graça.
21.06.2023
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