CARLOS IMPERIAL

Dificilmente alguém das novas gerações terá sequer noção do que ele representou para a televisão brasileira. E não apenas para ela. O nome de Carlos Imperial também ficou gravado na história como produtor e diretor teatral, compositor e cantor, jurado controverso em programa de auditório, isso além da incursão feita no campo da política, uma vez que também foi vereador – e o mais votado em 1982 – pela cidade do Rio de Janeiro.

Ele começou essa trajetória múltipla no Clube do Rock, o mesmo espaço que revelou artistas como Erasmo Carlos e Tim Maia. Em 1964 alcançou seu maior êxito como compositor, emplacando O Bom, música gravada por Eduardo Araújo. Naquele mesmo ano também comandava, na TV Record, o programa Brotos no 13. Aqui, dois parêntesis: aquele canal de televisão era sério o suficiente para nem sequer se imaginar o seu futuro, como ponta de lança da comunicação evangélica do multimilionário pastor Edir Macedo; e treze era o seu número no seletor, sem qualquer alusão ao Partido dos Trabalhadores, que ainda não existia.

Em 1966 e no ano seguinte, duas outras composições suas voltaram a alcançar destaque nas paradas, ambas na voz do “Tremendão” Erasmo: O Carango e Vem Quente que Eu Estou Fervendo. Com o final da Jovem Guarda, foi trabalhar na imprensa e na produção cinematográfica. Isso até ser convidado por Chacrinha para integrar, na década de 1970, o corpo de jurados do seu programa. Pelos comentários e notas que dava para os calouros, era muito polêmico e até odiado. A questão era saber até onde esta sua sinceridade tinha de real ou de performance, uma vez que ele era ao mesmo tempo um personagem que interessava para a obtenção de audiência.

Algum tempo depois assumiu os sábados à noite, na TV Tupi, em atração na qual sempre estava cercado de belas mulheres. Quando da extinção daquela emissora, foi para a TVS que estava sendo lançada por Sílvio Santos e terminou sendo o embrião do SBT. Na política, o ingresso se deu no início dos anos 1980, quando se aproximou de Leonel Brizola e o seu Partido Democrático Trabalhista. Depois da vereança, tentou sem sucesso ser prefeito do Rio de Janeiro, no pleito seguinte. No mesmo período se aproximou do carnaval carioca, sendo chamado para ser o locutor oficial no momento de apresentação dos resultados. Foi quem criou a impostação da voz, até hoje usada por seus sucessores, para pronunciar aquele “Dez, a nota é dez”, que arrepia os torcedores de todas as escolas de samba.

Voltando ao seu trabalho como compositor, foi o autor da canção usada como tema no programa humorístico A Praça da Alegria. O refrão “a mesma praça, o mesmo banco”, passou a ser reconhecido e cantado até pelas pessoas que não o viam na televisão. E ela se tornou um dos maiores sucessos do cantor Ronnie Von. Agora, não se pode escrever a respeito de Imperial, como um personagem relevante, sem citar que ele tinha um lado que hoje em dia seria repulsivo. Era extremamente machista, mentia muito, tinha uma vida desregrada e exagerava no uso de marketing pessoal. Muitas vezes se tornava difícil saber se o que fazia e dizia era real ou algo criado para, de alguma forma, o favorecer. Um exemplo que chega a soar absurdo foi quando acusou a si próprio de plágio, com o objetivo de alavancar uma canção que não estava alcançando o sucesso que ele desejava.

Com um corpanzil considerável, resultado do apetite pantagruélico que nunca se esforçou para controlar, ele sempre teve humor e alegria de tamanho semelhante ao seu porte físico. Mas não se manteve assim próximo ao final da vida, quando viveu fase de significativa melancolia. Natural de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, Carlos Imperial faleceu aos 56 anos, no Rio de Janeiro, vitimado por uma miastenia grave. Essa é uma doença autoimune que afeta a comunicação entre os nervos e os músculos.

05.10.2022

Carlos Imperial

O bônus de hoje é O Bom, em gravação feita para o DVD comemorativo aos 50 anos de carreira de Eduardo Araújo.

Esse blog recomenda que seus leitores conheçam o site da Rede Estação Democracia. Acesso através do link abaixo.

https://red.org.br/

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