Uma série de televisão composta por apenas oito episódios, com suas durações variando entre 32 e 39 minutos – fácil de ser vista, portanto, pois não toma muito tempo – oferece aos espectadores oito contos de temática feminina que têm abordagens totalmente inesperadas. O seu elenco é estelar: Nicole Kidman, Cynthia Erivo, Issa Era, Merritt Wever, Alison Brie, Betty Gilpin, Meera Syal, Fivel Stewart, Judy Davis e Kara Hayward são as atrizes que fazem os papéis principais, em cada pequena história narrada. Elas são estanques e podem ser vistas mesmo que fora de ordem. Me refiro à Rugido (Roar), que está disponível na Apple TV+.

Os episódios são sombriamente cômicos e tratam de assuntos como papéis de gêneros, identidade e autonomia. O resultado é antológico, uma vez que consegue retratar de maneira perspicaz e comovente o que significa ser mulher na atualidade. Eles apresentam uma mistura de fato única de realismo mágico, mundos futuristas, cenários domésticos e ambientes profissionais. E sempre trazem uma reflexão sobre algum dos dilemas da mulher comum, a partir de abordagens que conseguem ser acessíveis e surpreendentes.

No ambiente tantas vezes repleto de mesmices e de lugares-comuns, essa série é um achado. Consegue ser densa, com significados mais profundos, sem ser pesada como algumas das quais a gente sai com a sensação de ter corrido uma maratona – das reais, uma vez que não uso aqui o termo como oportunidade de ver episódios em sequência. Tudo foi baseado no livro Thirty Stories One Roar (Trinta Histórias Um Rugido), da escritora irlandesa Cecelia Ahern, que vive em Dublin. Ela alcançou enorme sucesso com os cinco romances que já publicou, tendo vendido mais de seis milhões de exemplares. Um deles deu origem ao filme P.S. Eu Te Amo, estrelado por Gerard Butler e Hilary Swank.  Além disso, ainda escreve contos.

Pois bem, a série consegue nos deixar pensando ao sintetizar com bom nível de fidelidade aquilo ao qual o livro se propõe. Logo no primeiro dos episódios uma mulher negra é invisibilizada, mesmo estando em cargo que supostamente deveria lhe dar poder. No seguinte, outra adquire um estranho hábito de devorar fotografias, como se quisesse ou esquecer ou se apoderar de vez da sua própria trajetória. Há também a história de uma mulher que é mantida em uma prateleira pelo seu parceiro, como sendo um troféu; assim como a de outra que desvendou o seu próprio assassinato; e mais uma que decidiu devolver o seu marido. Citei aqui cinco, fazendo um esforço para não dar spoiler.

Carly Mensch e Liz Flahive são as criadoras e produtoras executivas. E foram as responsáveis pela concepção, formato e seleção dos relatos que deveriam ser aproveitados entre os existentes no livro. Também a gestão financeira e a seleção do elenco foram suas. Quanto à direção, cada episódio tem uma própria, sendo que sete dos oito são dirigidos também por mulheres. Talvez por isso, por esse domínio feminino pleno de toda a série – se não for a causa ao menos é boa tese –, a qualidade se mostra impecável, uma vez que possuem inegável lugar de fala. Ela é cheia de drama e verdade, mantendo sempre boa intensidade e humor apropriado. E beira o absurdo, como de resto é a vida. Vale muito a pena assistir!

04.06.2025

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O bônus de hoje é o clipe da música Roar (Rugido), de Katy Perry. Esse é o nome artístico de Katheryn Elizabeth Hudson, uma cantora que também é personalidade televisiva nos Estados Unidos. Ela é conhecida por sua influência na música pop do seu país e pelo seu estilo, que muitos consideram exagerado.


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