Nos dias 1º e 6 de dezembro de 2024 foram publicados, aqui no blog, dois textos que levaram os nomes de Sopa de Letrinhas 1 e 2. Com eles se tentou fazer uma espécie de genealogia dos partidos políticos existentes no Brasil, partindo de 1945, após o Estado Novo, e chegando até os dias atuais. Como uma espécie de “fechamento” da proposta, hoje trazemos a lista dos 29 oficialmente existentes na atualidade, postos em ordem alfabética e com alguma informação complementar, como o seu número, que está entre parêntesis, e indicações do seu campo ideológico.
Agir (36) – Teve três outros nomes antes: Juventude, Reconstrução Nacional e Trabalhista Cristão. Não possui ideologia definida e o seu fundador e presidente é o advogado Daniel Tourinho. Avante (70) – Já foi chamado de Trabalhista do Brasil. Afirma não ter alinhamento ideológico e a liderança mais expressiva é do deputado federal André Janones. Cidadania (23) – É o novo nome do Popular Socialista, que veio do Comunista Brasileiro. Depois de afastar o líder Roberto Freire, afirma estar ao centro e forma federação com o PSDB. DC (27) – A sigla Democracia Cristã é muito mais conhecida pela persistente candidatura a presidente por parte de seu fundador José Maria Eymael. É conservador nos costumes e inexpressivo na representação. MDB (15) – Desde sua fundação, sempre foi um ninho de gatos. Hoje abriga nomes distintos como Simone Tebet e Ricardo Nunes. É um dos grandes partidos e está no espectro da centro-direita. Mobiliza (33) – Até 2023 identificado como Mobilização Nacional, é muito pequeno e se apresenta como sendo de esquerda. Surgiu nas Minas Gerais e não tem lideranças expressivas. Novo (30) – Foi fundado por nomes ligados ao sistema financeiro, em especial ao Banco Itaú. É ultraliberal na economia, privacionista e contra pautas de interesse social. Vota ao lado da extrema-direita bolsonarista. PCB (21) – Conhecido como “Partidão” é o mais longevo de todos, se somamos o tempo de registro com o que esteve na clandestinidade. Foi fundado em 1922, é de extrema-esquerda e não costuma fazer alianças. PCdoB (65) – Nasceu como uma dissidência do PCB. Defende direitos sociais sem deixar de ser pragmático. Obviamente de esquerda, integra com o PT e o PV a Federação Brasil da Esperança. PCO (29) – Minúsculo e de extrema-esquerda, tem inspiração trotskista e se notabiliza por sempre lançar candidato à presidência da República.
PDT (12) – Partido de porte médio com maior presença no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, fui fundado por Leonel Brizola quando lhe foi retirada a possibilidade de retomar o antigo PTB, em manobra feita por Golbery do Couto e Silva. Em tese ocupa o campo da centro-esquerda no espectro político. PL (22) – Antes se chamava Partido da República. É a mais expressiva sigla da extrema-direita, estando umbilicalmente ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Hoje o Partido Liberal é presidido por Valdemar da Costa Neto, que é um dos 40 indiciados até o momento pela tentativa de golpe de estado ocorrida no final de 2022. PMB (35) – Este é outro dos nanicos que surgiram em função do fundo partidário. O Partido da Mulher Brasileira é de direita e se diz “feminino e não feminista”. Tem apenas um prefeito e três deputados estaduais em todo o país, o que mostra o quanto é inexpressivo. PODEMOS (20) – O Podemos tem um tamanho médio e surgiu com a mudança de nome do Partido Trabalhista Nacional. É um dos que adoram discursar contra a corrupção. Tem bom número de parlamentares e prefeitos. Nos últimos anos ele incorporou dois outros: o Partido Humanista da Solidariedade e o Partido Social Cristão. PP (11) – Esse é um partido grande e da direita tradicional, sendo descendente direto da antiga Arena. Um dos fundadores foi Paulo Maluf, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo. Hoje ele tem Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, como uma das lideranças expressivas. Jair Bolsonaro por 21 anos esteve na sigla, que é conservadora e não tem de modo algum constrangimento em abraçar as mesmas causas da extrema-direita. PRD (25) – O Partido da Renovação Democrática é de direita e pequeno. Resultou da fusão do recente e fisiologista Partido Trabalhista Brasileiro (que agora pode renascer, recuperando a tradição e história da época de Brizola) com o Patriota, duas siglas que não haviam superado a cláusula de barreira em 2022. PRTB (28) – Muito pequeno, o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro é pragmático e está, nos últimos tempos, alinhado com a extrema-direita. Antes havia se notabilizado pela presença de seu líder anedótico Levy Fidelix, que morreu em 2021. PSB (40) – Tem tamanho médio e é de centro-esquerda, apesar de algumas votações que desmentem um pouco isso. Nele está abrigado o atual vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. PSD (55) – O Partido Social Democrático é um dos grandes. Nas recentes eleições municipais, por exemplo, teve o melhor desempenho se considerarmos todo o país. Silenciosamente está ocupando espaço e postos, ao melhor estilo “mineiro come quieto”, apesar do seu fundador e principal líder, Gilberto Kassab, ser paulista. Suas figuras principais vieram do antigo DEM. Está na direita, adorando dizer que é do centro. PSDB (45) – Já foi muito grande e hoje não passa de médio. O Partido da Social Democracia Brasileira encolhe a olhos vistos e começa a dar sinais de que talvez não vá sobreviver por muitos pleitos mais. Uma liderança expressiva ainda é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. E o atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sonha em ser a alternativa futura dentro da sigla como candidato ao Planalto. É de centro-direita.
PSOL (50) – O Partido Socialismo e Liberdade é de esquerda e tem porte médio. Nasceu de uma dissidência do PT e hoje lembra muito o que era aquele na origem. Tem lideranças expressivas, com destaque para Guilherme Boulos e Luiza Erundina. Está crescendo em número de filiados e se mostra a mais autêntica representação socialista na política brasileira. PSTU (16) – O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados é muito pequeno, está na extrema-esquerda e tem sua estrutura toda ligada a sindicatos e movimentos estudantis. Segue linha trotskista, de oposição ao stalinismo da antiga União Soviética. É radical e tem estrutura bastante centralizada. PT (13) – É o mais forte e influente dos partidos de centro-esquerda em nosso país. A figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mostra, em muitos momentos, maior do que a própria sigla (como acontecia com Brizola no PDT). Foi fundado por lideranças sindicais, movimentos sociais, intelectuais, setores progressistas da Igreja Católica, artistas e parte expressiva da classe média. Liderou a frente ampla que tirou a extrema-direita do poder em 2022. PV (43) – O Partido Verde no nosso país surgiu de uma tendência que, em determinado momento, se manifestou em vários outros, na Europa. Ligado à causa ambientalista, ao desenvolvimento sustentável e ao municipalismo, é de centro-esquerda. Integra a Federação Brasil da Esperança, com PT e PCdoB. Rede (18) – Fundada por Marina Silva, que veio do PV, a Rede Sustentabilidade tem mantido um discurso em favor da renovação das práticas políticas. Uma organização e uma sociedade horizontalizadas é em síntese aquilo que preconiza. Republicanos (10) – Foi fundado e continua sendo mantido por bispos da Igreja Universal do Reino de Deus. É berço do bolsonarismo raiz, com Carlos Bolsonaro, Damares Alves e Hamilton Mourão, entre seus filiados. Integra a extrema-direita. Solidariedade (77) – Pequeno e sem coesão programática, é tipicamente de centro, dançando conforme seus interesses fisiológicos. Foi fundado por Paulinho da Força, quando este saiu do PDT. União (44) – O União Brasil é resultado da fusão entre os antigos DEM (que fora antes o PFL) e o Partido Social Liberal. É onde estão Sérgio Moro e Kim Kataguiri, por exemplo. Fisiológico ao extremo, mesmo abrigando essas lideranças direitistas não se acanha em apoiar o Governo Lula em troca de benesses. Como apoiaria quaisquer outros que estivessem no poder. UP (80) – O União Popular é um minúsculo partido de extrema-esquerda, que defende a necessidade de uma revolução proletária, além de pautas de interesse social.
Para concluir, vamos repetir a nominata aglutinando todos eles conforme o ponto que ocupam dentro do espectro ideológico. Evidente que existe uma certa volatilidade nessa classificação, no que se refere a vários, que se mostram “flutuantes” conforme seus interesses ou o tipo de análise feita. Mesmo assim, é razoável a feita. Partidos de extrema-esquerda: PSTU, PCO, PCB e UP. Partidos de esquerda: PSOL e PCdoB. Partidos de centro-esquerda: PT, PDT, PSB, PV, Rede e Cidadania. Partidos de centro: Avante, Mobiliza e Solidariedade. Partidos de centro-direita: MDB, PSDB, PSD e Podemos. Partidos de direita: PP, União Brasil, Novo, Agir, DC, PRD, Republicanos e PMB. Partidos de extrema-direita: PL, PRTB.
16.01.2025

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é o La Internacional, em sua versão latino-americana e caribenha. O original foi composto no ano de 1888 por Pierre De Geyter (1848-1932), um músico e operário belga que era anarquista e, mais tarde, se tornou comunista. Oficialmente esta composição foi cantada pela primeira vez durante a realização do 15º Congresso do Partido Operário Francês, que ocorreu em Lille, ao norte daquele país, em 1896. No clipe, as vozes são de Natalia Martinez (espanhol) e Patrícia Souza (português). Os instrumentistas são Juan Martínez, Osvaldo Avena, Felipe Traine, David Bedova, Maritza Pacheco, Sebastián Luna e Maite Fleischmann.
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