O SIMBOLISMO DE ACENDER VELAS
Por que as pessoas acendem velas, além da razão óbvia de iluminar ambientes onde a luz elétrica não está presente ou momentaneamente faltou? Existe sem dúvida um simbolismo, um iluminar em outro sentido. A luz das velas pode ser conexão, apelo ou gratidão. Assim, há quem faça isso em situações e momentos especiais, enquanto outros costumam acender cotidianamente, tornando isso um hábito.
A energia do pavio sendo queimado é propagada não apenas no aspecto físico. Ela como que se alia a outra fonte, superior e mais do que apenas humana. Ela tem magia, tem um poder que não pagão. Quando uma é acesa, na intenção de quem faz isso ou de outra pessoa, ela oferece também a possibilidade de clareza espiritual ou mental. Com ela se pede confiança, discernimento e serenidade. Ela limpa a escuridão de um ambiente onde está alguém doente, alguém em perigosa solidão, alguma pessoa diante de encruzilhada existencial.
Não é sem razão que temos, na língua portuguesa, o verbo velar. Seu sentido é oferecer proteção. Velar por alguém ou alguma coisa é fazer de tudo para que esta fique bem, esteja em segurança. É ser diligente e tratar com a correção devida. Também significa permanecer acesa, no caso de uma lamparina, por exemplo. E velamos nossos mortos, um costume que não é novo e que teria surgido, ao menos no que se refere ao mundo ocidental, pelo cuidado que precisava se ter para evitar que a pessoa fosse sepultada viva. Aguardavam 24 horas para confirmar a morte e, como não havia eletricidade, utilizavam velas para iluminar o ambiente – em geral a casa da pessoa falecida – e vigiar o corpo.
Velas ocupam lugares especiais em templos religiosos. Mas elas, assim como as orações, não precisam e nem devem ser exclusivas desses mesmos locais. Para os cristãos, especialmente católicos, o ato de acender velas é como o reconhecimento da presença e da ação de Deus nas suas vidas. Jesus é visto como “a luz do mundo”. Mas no judaísmo e no islamismo, que não o reconhecem, também são promovidas algumas celebrações com a presença de luzes. Budistas, por sua vez, associam o oferecimento da luz com a sabedoria, uma vez que ela dispersa toda a escuridão que vem com a ignorância.
No Egito e na Grécia, uns 3.000 anos antes de Cristo, existia uma fonte de iluminação artificial, que os relatos informam tinha forma aproximada de um bastão. Mas as velas como as conhecemos são consideradas uma criação dos romanos, que desde 500 a.C. já as produziam, feitas com sebo. Outras, tendo a gordura de baleias como matéria prima, seriam obra de chineses na época da Dinastia Chin, entre 221 e 206 a.C. Na Índia, por sua vez, a fabricação era a partir de óleos básicos e da canela. E foi na Idade Média que elas terminaram adotadas definitivamente em grandes salões, igrejas e monastérios.
No lado meramente humano, elas estão ligadas ainda a momentos românticos, por exemplo. Quem não sonha com um jantar à luz de velas, ao lado da pessoa que ama? Quem nunca imaginou iluminar seu quarto – por favor, bem longe de cortinas e outros objetos combustíveis – com essa luz indireta e tênue, em momentos íntimos? Elas podem ainda ser simples decoração. Também acendemos velas nos aniversários, que indicam em geral o número de anos que a pessoa já passou por aqui.
O que poucos sabem é que tal costume remete à época em que parte da humanidade acreditava na existência de muitos deuses distintos. Para essas pessoas, a fumaça de cada vela apagada levava as preces que pediam proteção ao aniversariante, até os céus. Assim, ele ou ela ficava protegido(a) dos maus espíritos, por essas divindades. Mais do que isso, ainda conseguia garantir que essa proteção durasse por mais um ano inteiro. Colocá-las sobre bolos, isso claro que se trata de algo muito mais recente. E foi um acréscimo delicioso.
08.04.2023

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