A Folha de São Paulo, dias atrás, publicou o resultado de uma iniciativa sua bastante interessante. O jornal decidira consultar cem especialistas em literatura para eleger as principais obras de ficção publicadas em nosso país, desde 2001. Cada um dos convidados teve que indicar dez livros que, em sua opinião, não poderiam ficar de fora de uma seleção dos melhores do período. Em virtude de ser impossível definir um pódio incontestável, os jurados e as juradas tinham o direito de eleger seus próprios critérios de escolha, aqueles que considerassem ser os mais adequados. As únicas exigências foram bem sucintas: o recorte teria que ser de lançamentos a partir do ano determinado, sendo obras de autores e autoras brasileiras, com publicação por editoras também do nosso país. E ninguém, obviamente, poderia indicar algo de sua própria autoria, uma vez que escritores e escritoras estavam também compondo o grupo. Os demais eram críticos literários, jornalistas, curadores de festivais, pesquisadoras universitárias, donos de livrarias e imortais da Academia Brasileira de Letras. E o resultado foi muito bom.

O mais votado entre todos foi Um defeito de cor (Romance, Record, 2006), de Ana Maria Gonçalves, com um total de 48 indicações. Em segundo lugar ficou Torto arado (Romance, Todavia, 2019), de Itamar Vieira Júnior, com 35 votos. Em terceiro tivemos O avesso da pele (Romance, Companhia das Letras, 2020), de Jeferson Tenório, que foi lembrado por 25 dos votantes. Completado o pódio – ouro, prata e bronze, ao melhor estilo esportivo –, vamos citar os que ficaram nas posições seguintes, em sua ordem decrescente exata, até a vigésima quinta colocação.

Nove noites (Romance, Companhia das Letras, 2002), de Bernardo Carvalho; O filho eterno (Romance, Record, 2007), de Cristóvão Tezza; Eles eram muitos cavalos (Romance, Boitempo, 2001), de Luiz Ruffato; Olhos d’água (Contos, Pallas, 2014), de Conceição Evaristo; O livro das semelhanças (Poesia, Companhia das Letras, 2015), de Ana Maria Marques; Queda do céu: palavras de um xamã yanomami (Ensaio, Companhia das Letras, 2015), de Davi Kopenawa e Bruce Albert; O sol na cabeça (Contos, Companhia das Letras, 2018), de Geovani Martins; Ponciá Vicêncio (Romance, Mazza, 2003), de Conceição Evaristo; Pornopopeia (Romance, Alfaguara, 2009), de Reinaldo Moraes; Cinzas no norte (Romance, Companhia das Letras, 2005), de Milton Hatoum; O voo da madrugada (Contos, Companhia das Letras, 2003), de Sérgio Sant’Anna; Um útero é do tamanho de um punho (Poesia, Cosac & Naify, 2012), de Angélica Freitas; Como se estivéssemos em palimpsesto de putas (Romance, Companhia das Letras, 2016), de Elvira Vigna; K. Relato de uma busca (Romance histórico, Expressão Popular, 2011), de Bernardo Kucinski; Machado (Romance, Companhia das Letras, 2016), de Silviano Santiago; Budapeste (Romance, Companhia das Letras, 2003), de Chico Buarque; Passageiro do fim do dia (Romance, Companhia das Letras, 2010), de Rubens Figueiredo; Diário da queda (Romance, Companhia das Letras, 2011), de Michel Laub; Leite derramado (Romance, Companhia das Letras, 2009), de Chico Buarque; Amora (Contos, Não Editora, 2015), de Natalia Borges Polesso; O som do rugido da onça (Romance histórico, Companhia das Letras, 2021), de Micheliny Verunschk; e Os supridores (Romance, Todavia, 2020) de José Falero.

Este foi um bom apanhado do que se teve ao longo deste primeiro quarto do atual século. Nunca poderá ser considerado como uma lista fechada, impecável, uma vez que pontos de vista carregam em si mesmos uma dose inegável de subjetividade e, consequentemente, de imprecisão. Mesmo assim, se pode afirmar que se trata de uma boa referência e de uma excelente sugestão de leitura para quem pretenda se inteirar da qualidade do que temos hoje em dia no Brasil.

02.06.2025

Abertura do capítulo 8 do livro Um Defeito de Cor – edição especial

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O bônus de hoje é duplo e traz momentos de parceria entre produções musicais e literatura. Começa com a música Monte Castelo, do Legião Urbana. Nela, Renato Russo insere versos de Luís Vaz de Camões. O mesmo faz Arnaldo Antunes, em Amor I Love You, canção de Marisa Monte e Carlinhos Brown. Ele recita literalmente um trecho do livro O Primo Basílio, de Eça de Queirós.

Legião Urbana – Monte Castelo
Marisa Monte – Amor I Love You

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