Uma incrível ironia do destino: as chuvas caíram por poucas horas e mesmo assim provocaram alagamentos em Porto Alegre, na tarde de 1º de janeiro, impediram que a posse do prefeito Sebastião Melo (MDB) para um novo mandato fosse do modo que ele tanto gostaria. Sem ter a força que teve durante o período das enchentes do mês de maio, a precipitação mesmo assim foi suficiente para que ele também tivesse sua vida afetada, como foram – em escala muitíssimo maior – as dos moradores que seu descaso abandonara, meses atrás.

Prevista para ter todo um simbolismo, ocorrendo junto com a solenidade de reinauguração da icônica Usina do Gasômetro, que esteve por sete longos anos em reformas – nos três primeiros Melo era vice, nos quatro seguintes ocupou a chefia do Executivo –, ela teve que ser cancelada. E hoje não apenas deixou de ser o palco do evento, como também mostrou falhas significativas nos serviços que foram feitos, com o aparecimento de incontáveis goteiras encharcando suas dependências. O prédio também ficou às escuras.

Melo nem chegou a comparecer ao local. Segundo informou sua vice, a bolsonarista Betina Worm (PL), ele estava em deslocamento quando foi avisado que a situação na orla estava difícil. Assim, foi para o Centro Integrado – relembrando o teatro feito durante a enchente de maio – e de lá avisou que estava cancelando a programação. Ao que se saiba, desta feita o prefeito não estava usando um colete da Defesa Civil.

Na verdade, ele já havia discursado antes, nas dependências da Câmara Municipal de Vereadores, quando também os edis tomaram posse. Essa nova legislatura terá apenas 35 cadeiras, com a redução de uma, o que foi decorrente da queda populacional da cidade e atendeu determinação constitucional. Outra mudança é que até o final do ano passado eram 18 os partidos nela representados e agora são 13, o que significa redução com gastos de bancadas. Em termos de renovação nos nomes, ela ficou em exatos 40%, com os demais conseguindo a reeleição.

Na sua fala, Melo destacou o que considera os desafios deste seu novo mandato. Voltou a dizer que enviará para a Câmara a sua proposta para conceder o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) para a iniciativa privada. Falou em retomada da economia e em inovação. E ainda ressaltou que qualquer político tem o direito de defender a volta da ditadura militar sem ser processado por isso. A justificativa foi a de sempre: “liberdade de expressão”. Ele esqueceu que golpe atinge a democracia e o estado democrático de direito, sendo isso um crime. Portanto, defender tal tese é praticar apologia ao crime.

Na Usina do Gasômetro também ocorreria a posse dos novos secretários municipais. Boa parte deles e dezenas de convidados, além da imprensa, estavam esperando. Depois que Betina, ao lado do secretário-geral de governo, André Coronel, disse que a espera seria inútil, tiveram alguma dificuldade em sair. Isso porque a cidade, em especial no seu Centro Histórico, ficou alagada com uma incrível facilidade. Também na Cidade Baixa, Bom Fim, Floresta e 4º Distrito foram registrados problemas relativamente sérios. O Sarandi, que ficou abaixo d’água por um longo período e cujos moradores votaram na sua maioria em Melo mesmo assim, voltou a sofrer consequências. Em razão de alagamento na Estação São Pedro, a Trensurb precisou fechar ela e as estações Rodoviária e Mercado, lembrando que essas todas voltaram a funcionar apenas no dia 24 de dezembro, permanecendo inoperantes desde maio.

Ou seja, no primeiro dia do novo mandato do emedebista a natureza tratou de lembrar que não apenas o prefeito será o mesmo, como ainda os problemas que ele nunca sequer tentara antes solucionar estarão se repetindo.

02.01.2025

Sebastião Melo (MDB) e Betina Worm (PL), prefeito e vice-prefeita de Porto Alegre

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O bônus de hoje é duplo. Iniciamos com um vídeo mostrando a situação de um bueiro existente na Rua Álvaro Chaves, no Bairro Floresta, no final da tarde de ontem. Depois temos o áudio de Corre Corre, com Rita Lee, música dela e de Roberto de Carvalho.

Corre Corre – Rita Lee


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