A REBELIÃO DE STONEWALL
Um bar localizado no bairro de Greenwich Village, em Manhattan, Nova York, foi invadido pela polícia nas primeiras horas da manhã do dia 28 de junho de 1969. Não era a primeira vez que isso acontecia. O local era frequentado por gays e lésbicas, sendo usual a repressão contra esse público específico, que acabava recolhido às delegacias. A violência se tornava gratuita, com muitos dos presos sendo machucados no momento da prisão ou no deslocamento para o distrito. Mas, naquele dia foi bem diferente. Os que eram comumente agredidos, reagiram. E com tamanho vigor e disposição que a polícia precisou recuar. O fato prosseguiu na rua, mesmo com a chegada de reforços. Então, aconteceu algo que não estava previsto pelas forças policiais: a população tomou parte em favor dos frequentadores do local.
O momento era propício para o surgimento de movimentos sociais. Os negros lutavam por direitos civis, a contracultura era uma realidade e as manifestações de quem não aceitava a Guerra do Vietnã cresciam cada dia mais. O local também era favorável, uma vez que toda a região de Greenwich Village respirava liberalidade. No dia seguinte ao fato, além dos relatos que ocupavam as páginas dos jornais, teve continuidade o levante. E em várias noites grupos ativistas passaram a se concentrar em todos os estabelecimentos que eram frequentados pelas minorias homossexuais, os guetos, sempre em número crescente de pessoas, que unidas não temiam mais o risco de prisão.
Em 1970, quando da comemoração do primeiro ano daquela revolta histórica, ocorreram marchas em Nova York, Chicago, São Francisco e Los Angeles. Surgia o embrião do hoje mundialmente registrado Dia do Orgulho Gay, com suas paradas multicoloridas. Várias organizações destinadas a defender direitos foram fundadas desde então, ao redor daquele país e no restante do mundo. No Brasil a parada de maior expressão é a que ocorre na Avenida Paulista, em São Paulo, desde 1997. É o evento que mais atrai turistas para a capital daquele Estado, ficando em segundo lugar em termos de Brasil. Perde apenas para o Carnaval do Rio de Janeiro. Interessante é que cada ano ela tem um tema e um slogan diferentes.
Mesmo com toda essa visibilidade e com a crescente aceitação social, o Brasil segue sendo o país onde mais pessoas LGBTQIAP+ são mortas de modo violento, em todo o mundo. Em 2022 foram 256 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros assassinados, simplesmente devido à sua orientação sexual. Isso significou um crime a cada 34 horas. Além disso, 12 dos casos foram de apedrejamento e esquartejamento, coisas inconcebíveis em uma sociedade que se diga minimamente civilizada. Houve ainda quem morresse com 59 facadas, outra pessoa com 40 tiros e mais uma com golpes de enxada.
Outra marca que deveria fazer com que as pessoas pensassem é uma prova viva da hipocrisia de uma população que se afirma conservadora em sua maioria. É que nosso país é recordista no consumo de vídeos de pornografia com performance de pessoas trans. Ou seja, na intimidade essa “gente de bem” deseja aquilo que discrimina. Enfim, talvez todos nós estejamos precisando nos dar conta e aceitar que muitos comportamentos “diferentes”, quando se trata de sexo, podem ser tão respeitáveis e devem ser tão respeitados quanto a heterossexualidade. E quem sabe prestamos mais atenção no que foi dito pelo médico Dráuzio Varella, em vídeo bastante difundido na internet? “Que diferença faz para você se o seu vizinho está dormindo com outro homem ou se a sua vizinha está apaixonada por uma colega de escritório? Se faz diferença, procure um psicólogo ou um psiquiatra, porque você não está legal.”
27.06.2023

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é a música If Tomorrow Never Comes (Se o Amanhã Nunca Chegar), de Kent Blazy e Garth Brooks. Ela é uma das faixas do álbum The Stonewall Celebration Concert, o primeiro disco solo de Renato Russo. Ele foi gravado entre fevereiro e março de 1994, sendo totalmente interpretado em inglês. Se tratava de uma homenagem aos 25 anos da Rebelião de Stonewall. Parte dos royalties foi doada pelo cantor e compositor para a Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida. Outra coisa interessante é que havia um encarte no qual se tinha informações sobre 29 entidades sociais, entre elas o Greenpeace e a Sociedade Viva Cazuza. Além disso, foi um dos primeiros álbuns totalmente gravados em computador no Brasil.