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TORCENDO PELA CONQUISTA DO OSCAR

A cerimônia de entrega do Oscar (desta feita em sua 97ª edição), uma das mais midiáticas do mundo, acontece no próximo domingo, dia 2 de março. E promete ser histórica e inesquecível para a imensa maioria dos brasileiros. Isso porque um filme aqui produzido concorre buscando a sonhada estatueta, em três categorias distintas. Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, disputa como Melhor Filme Internacional e Melhor Filme; e Fernanda Torres está na busca da premiação de Melhor Atriz, pela sua impecável atuação no papel principal. O filme foi baseado no livro escrito por Marcelo Rubens Paiva, que recebera o mesmo nome.

A história se passa na época da ditadura militar que o Brasil viveu, entre 1964 e 1985. Mais precisamente, foca no fato real do sequestro, tortura e assassinato do ex-deputado federal Rubens Beyrodt Paiva, levado em 20 de janeiro de 1971, bem como as consequências disso. Naquela ocasião, seis homens invadiram sua residência, armados com metralhadoras e dizendo que pertenciam à Aeronáutica. O levaram sem ter um mandado de prisão. Ele jamais retornou para casa. Marcelo é seu filho, que restou órfão como suas quatro irmãs. E a mãe, Eunice Paiva, é a protagonista determinada e corajosa, vivida por Fernanda Torres.

Não é a primeira vez que o Brasil estará representado. Com as de agora, somamos 22 indicações ao longo da história, em diversas categorias. Vejamos algumas delas: a primeira foi em 1945, com Ary Barroso disputando por Melhor Canção Original no filme estadunidense “Brazil”. E o primeiro filme feito aqui a concorrer em nosso nome foi “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, em 1963. Entretanto, já cometemos a proeza de ter uma produção baseada em peça de Vinícius de Moraes, com elenco brasileiro, falado em português, a trilha musical feita por Tom Jobim e Luiz Bonfá e rodado no Brasil, vencendo o Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira, em 1959. Falo de “Orfeu do Carnaval”. O detalhe é que se tratava de uma produção francesa e a vitória foi considerada daquele país europeu.

Existiram ainda as coproduções com outros países, a exemplo de “Diários de Motocicleta”, também dirigido por Walter Salles, que venceu em Melhor Canção Original, no ano de 2005. O ator inglês William Hurt ganhou o único Oscar de sua carreira pelo papel de um presidiário que viveu em 1986 em “O Beijo da Mulher Aranha”, dirigido por Hector Babenco, um argentino naturalizado brasileiro. Em termos do número de indicações, “Cidade de Deus” teve quatro, em 2004, enquanto que “Central do Brasil” havia tido duas em 1999 – uma delas com Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, disputando como Melhor Atriz, a exemplo de sua filha agora. E o diretor carioca Carlos Saldanha esteve duas vezes na expectativa, por duas produções estadunidenses de animação: “O Touro Ferdinando” e “A Aventura Perdida de Scrat”. Para concluir, cito ainda Luciana Arrighi, que nasceu na mesma cidade que Saldanha. Ela, por ser filha de um diplomata italiano, não tem a cidadania brasileira. Venceu em 1993 por Melhor Direção de Arte.

Em sua edição de ontem (quinta-feira, 27 de fevereiro), o jornal The New York Times publicou suas previsões para os resultados do Oscar 2025. Entre suas apostas colocou “Ainda Estou Aqui” como vencedor em Melhor Filme Internacional e Fernanda Torres como Melhor Atriz. Claro que isso resulta de uma série de opiniões de críticos que o jornal tratou de consultar, somando depois ao posicionamento dos seus colunistas. Mas, termina sendo um alento a mais, um reforço na esperança de todos nós que torcemos por isso. Lembrando que o filme já conquistou vários outros festivais, na Espanha, Holanda, França, Canadá, Itália e mesmo nos EUA. Entre esses, os conceituadíssimos Globo de Ouro, Goya e Dorian Awards.

Uma das consequências disso tudo é que sua bilheteria global ultrapassa US$ 20 milhões, até o momento. E poderá ser potencializada, no caso de obter uma ou mais das estatuetas do Oscar. Isso é fantástico não apenas para o cinema nacional em si, como também para a divulgação da triste realidade que vivemos, ao longo de “21 anos de chumbo”. Ou seja, é uma obra de arte, mas também a denúncia de um assassinato. O clima, como não poderia deixar de ser, é de Copa do Mundo. Mas, por incrível que pareça, quem por aqui está torcendo contra são boa parte aqueles que usam e conspurcam a camisa verde e amarela da Seleção Brasileira. Fazem isso talvez por simples ignorância ou ainda para manter sua nada saudável coerência, uma vez que defendem a volta da ditadura militar. A mesma que matou covardemente Rubens Paiva.

28.02.2025

Walter Salles e Fernanda Torres

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O bônus de hoje abre com o trailer oficial de Ainda Estou Aqui. Depois temos o áudio da música de Erasmo Carlos, É Preciso Dar um Jeito, Meu Amigo, que integra a trilha sonora do filme. Ela já foi posta aqui no blog no final de janeiro, quando Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro. Entendo, mesmo assim, que a repetição é oportuna.

É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo (Erasmo Carlos)