O HOMEM DA TERRA

Um filme norte-americano que custou US$ 200 mil para ser produzido, o que é uma bagatela em termos hollywoodianos, e que arrecadou mais de US$ 120 milhões em bilheteria, pode ser uma boa pedida para quem quer ver algo um pouco diferente. Desde que a pessoa não esteja entre as que se acostumaram com seu estilo mais tradicional, de uma narrativa com ação ininterrupta, perseguições com automóveis e protagonistas com o corpo tão fechado que nenhum tiro os acerta. Este sobre o qual estou escrevendo é introspectivo e faz pensar. Aliás, lembra muito mais as produções europeias, de certa forma negando suas origens. Me refiro a O Homem da Terra (The Man from Earth), feito ainda no ano de 2007.

Por aqui, com certeza pouca gente o viu. Trata-se de uma obra de ficção científica que não tem viagens interplanetárias, a presença de andróides e aquelas invasões alienígenas destruidoras, com cenários e efeitos especiais de tirar nosso fôlego. Ao contrário, a trama se passa em tempo e espaço restritos. Um grupo de professores universitários se reúne em uma cabana para a despedida de um deles, que estaria indo embora. Então, todos são surpreendidos pela revelação deste, que afirma aos demais ser ele um ser que tem 14 mil anos, tempo no qual está vagando pela Terra. Essa confissão surpreende os demais, que passam a discutir sobre a possibilidade ou não disso ser verdade.

O próprio nome do professor que o protagoniza é uma espécie de pista ou de provocação: John Oldman. Ele se torna o centro de uma discussão sobre as possibilidades da vida e dos valores dito humanos. A questão é que, para muitos espectadores, isso nem sequer poderia ser colocado como um filme de ficção científica, merecendo mais ser enquadrado como algo meramente filosófico. O que é injusto, na minha concepção. Até porque o gênero não pode nem deve anular a essência daquilo que pretende narrar. Blade Runner, até hoje um dos meus filmes prediletos, fez isso com maestria. Também cumpriu esse papel de denúncia de um colonialismo predador, o fantástico Avatar.

No caso de O Homem da Terra, os amigos todos de Oldman estão preparados, devido ao seu conhecimento, para discutir intelectualmente aquilo que é proposto. São talentosos e possuem conhecimento em áreas distintas, sendo especialistas em biologia, antropologia, história da arte e arqueologia. Não são leigos, destituídos do lastro necessário para se contrapor ou confirmar aquilo que lhes foi informado. Todos têm os meios necessários para o interrogar e esclarecer a verdade, seja ela qual for. Com isso, a ideia do filme se torna fascinante e os diálogos são todos qualificados – mesmo que nem todos os atores escalados tenham sido capazes de manter nível semelhante de atuação.

Enfim, o roteiro é forte e muito bem escrito por Jerome Bixby, californiano que faleceu em 1998. Curioso é que ele assinou, em 1969, um episódio da conhecidíssima série Star Trek (Jornada nas Estrelas), batizado muito oportunamente de Requiem for Methuselah (Réquiem para Matusalém), abordando o mesmo tema. Ou seja, pode ter aprofundado depois aquilo que foi uma espécie de rascunho, um treinamento na época. Agora, para conferir esse trabalho mais recente, basta procurar que está disponível em streaming. Eu recomendo.

26.12.2023

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O bônus de hoje é o áudio de É Preciso Saber Viver, com os Titãs.

AS DIFICULDADES DO CONTATO

Todos nós provavelmente já ouvimos falar que muitas das estrelas que se vê no céu em noites claras, sequer existem mais. Isso é verdade, uma vez que a sua luz demora muito para chegar até nós e, mesmo quando a fonte luminosa deixa de emitir, aquilo que dela partiu segue seu caminho. Essa é uma noção ao mesmo tempo elementar e difícil de ser aceita. Observar o céu é olhar para o passado. Nada do que está nele é assim agora, considerando-se o nosso momento. Tudo já aconteceu e com certeza se encontra diferente do que vemos. O nosso Sol, que está astronomicamente tão perto, vemos ele como era oito minutos atrás. Se ele apagasse, continuaria existindo para nós por esse tempo, como se nada tivesse acontecido.

Toda imagem é formada por luz. Fotografias são resultado de captações dessa luz. Então, vamos imaginar agora que há uma civilização em estágio suficientemente avançado para estar observando a Terra, sendo que essa espécie de vida habita um planeta que esteja distante uns 60 milhões de anos-luz do nosso. O que é algo razoável, considerando-se a imensidão do espaço. Os seus telescópios estarão vendo os dinossauros e imaginando ser esse o tipo de vida existente aqui.

E se a nossa tecnologia fosse avançada o suficiente para que também os estivéssemos espiando, não se veria aquele povo como é, mas sim como ele foi 60 milhões de anos antes. Vale para essa hipotética observação mútua o mesmo que para as estrelas. Civilizações inteiras podem surgir, evoluir e até mesmo entrar em extinção, entre o contato visual e uma eventual interação física. Por isso, apesar de ser praticamente impossível estarmos sozinhos no Universo, conviver se torna algo quase também inalcançável.

Eu escrevi quase, porque algumas teorias existentes, se vierem a ser confirmadas e aproveitadas na prática, podem servir de “atalhos” entre esses pontos que, para nossa compreensão atual, são absurdamente distantes. Falo das dobras no espaço-tempo e nos universos paralelos. Não haveria outra forma e – podem acreditar – se os tais OVNIs que se fala vez por outra nos visitarem existem, fizeram uso destes portais, destas passagens que para os humanos ainda são secretas.

Hoje em dia a astronomia afirma que a área do universo observável é de algo como 93 bilhões de anos-luz. E cada ano-luz seria o equivalente a 9,4 trilhões de quilômetros. Multiplicando-se esses dois números um pelo outro se tem uma assustadora noção do seu tamanho, que ainda deve ir além disso. Assim, vemos e sabemos um quase nada. Até 2019 a Nasa havia confirmado a existência de uns três mil sistemas planetários, assim como é o nosso. E pouco mais de quatro mil planetas tinham sido por ela localizados.

Outro exemplo assustador de grandeza pode ser dado com uma simples comparação. Vamos imaginar que a Terra está em um ponto A e que em um ponto B esteja o exoplaneta – nome dado a todos que estão fora do nosso sistema solar – mais próximo de nós. E que entre os dois pontos, em linha reta, sejam 400 metros. O objeto artificial lançado ao espaço pelo homem e que alcançou até agora a maior distância é a Voyager 1, que já viajou algo em torno de 24 bilhões de quilômetros. Se estivesse ela indo direto do ponto A para o B teria percorrido algo que seria equivalente a 2,5 milímetros.

Isso posto, temos que nos dar conta de algumas coisas, com urgência. Por exemplo: só temos essa casa – que aliás não é plana –, de tal forma que ou cuidamos dela ou seremos merecidamente despejados. Outro detalhe: não passamos de criaturas microscópicas e desinteressantes, estando longe de termos sido criados “à imagem e semelhança de Deus”. Não temos sequer como entender a essência dele. E ficamos aqui discutindo diferenças de raça, de credos, comparado posses, criticando os que não são como queremos que sejam. Somos mesmo demasiados ignorantes.

12.11.2023

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O bônus de hoje é duplo. Primeiro temos a música Segundo Sol, de Nando Reis, na voz de Cássia Eller. Depois vem um clipe de Gaya, com a cantora espanhola Belinda, que é radicada no México.