UMA ILHA CHAMADA BRASIL
A cartografia medieval, em vários momentos, apontou a existência de uma ilha que identificava com o nome de Brasil. Isso se encontra, por exemplo, na carta portulana de Angelino Dulcert, datada de 1325. O que também confirma o Atlas Catalão, obra de Abraão Cresques em 1375, mesma época do trabalho feito pelos irmãos Pizagani, de Veneza. Mais tarde, em 1436, o mapa de Andrea Bianco a inclui, ao mesmo tempo em que menciona o Mar dos Sargaços. Suas dimensões variam, conforme cada carta. Quanto à localização mais exata, concordavam que deveria estar ao norte, próximo da Irlanda. Entretanto, o mais fantástico é que muitos afirmavam que a Ilha Brasil não se tratava de uma estrutura física permanente: ao invés disso, conforme determinadas situações, surgiria e desapareceria. Havia relatos inclusive de que ela flutuava no ar.
Dulcert a chamava Brasile. Bianco a identificava como Ínsula de Brasil. Mas, é evidente que o mistério do nome ser o mesmo do país que só seria “descoberto” oficialmente em 1500 fica menor diante deste outro aspecto, mitológico. Um território que ia além de uma simples miragem e fonte de fascínio e referência para os navegadores, muitos dos quais passaram a procurar incessantemente por ela. Na cultura celta acreditavam que a Ilha Brasil – Hy-Brazail, Hy Brasil ou Ilha de São Brandão – aparecia a cada sete anos e ficava visível por apenas um único dia. Eles juravam que as pessoas que conseguissem tocar no seu solo, chegando até ela, viveriam para sempre. O local é descrito como sagrado e abençoado, com paisagens exuberantes e recursos de uma abundância nunca vista. Ou seja, seria uma espécie de visão do Éden, um paraíso. Há registros de uma última aparição da ilha em 1872.
O nome Brasil é outro motivo de controvérsia. Quando dado ao nosso país, asseguram que foi uma forma abreviada de chamarem “Terra do Brasil”, ou local onde se encontra a árvore do pau-brasil. Sua madeira era apropriada para a produção de um corante que passou a atender a indústria têxtil europeia. Brasil teria o significado de “vermelho como brasa”. Agora, se a ilha essa já tinha o mesmo nome muito antes, tal explicação cai por terra. Mesmo assim, pesquisadores conseguem fazer uma junção das duas coisas. Segundo estes, tudo começou com uma expressão celta: barkino. Essa ficou barcino em espanhol e depois se tornou brasil em português, sempre apontando para algo encarnado, de um vermelho vivo. Isso colaria, se na tal ilha também houvesse o mesmo tipo de árvore. E se a indústria têxtil tivesse descoberto antes a utilidade. Mas, como saber se ninguém sequer conseguia chegar até o local, antes dele desaparecer novamente?
Como a Ilha Brasil, se pode citar algo muito mais recente, que seria o território de Shangri-La, ou Xangrilá em português. Este é um paraíso imaginário, um lugar utópico, místico e harmonioso. O termo foi criado pelo escritor inglês James Hilton, estando em seu romance Horizonte Perdido, de 1933. Na descrição, se trata de uma região tibetana onde a paz é permanente, do mesmo modo que a juventude. No cinema, uma adaptação foi feita em 1973, com o filme – dos gêneros aventura e musical – recebendo o mesmo nome do livro. Com direção de Charles Jarrott e canções de Burt Bacharach e Hal David, a história conta o que houve depois de um acidente aéreo que ocorre em algum lugar próximo ao Himalaia. Quando recebem ajuda, os sobreviventes encontram um mundo estranho e maravilhoso, onde reina a felicidade plena, a própria Shangri-La. E onde mesmo assim nem todos conseguem habituar-se a viver.
06.05.2025

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