COLUMBO E A INTELIGÊNCIA SUBESTIMADA
Eu era fã de carteirinha e não perdia nenhum dos episódios. Eles eram levados ao ar às 22 horas dos sábados, na TV Tupi – em Porto Alegre, pela TV Piratini, sua afiliada. Apenas um detalhe não era bom: como eram três séries que se revezavam, apenas a cada 21 dias nos era permitido reencontrar o impagável Tenente Columbo, muito melhor que os outros. Nas demais ocasiões se tinha McCloud e o Casal McMillan, sendo que o conjunto todo levava o nome único de Os Detetives.
O personagem central era um detetive especializado em homicídios, que trabalhava na polícia de Los Angeles. O seu formato era no estilo que se convencionou chamar de “quem é o culpado”. Isso porque o espectador sabia desde o início quem era o assassino. O crime era mostrado no começo do episódio, mas era necessário que o profissional desvendasse tudo, apontando algumas vezes entre mais de um suspeito. Ou, melhor ainda, chegando em quem aparentemente era insuspeitável. Ou seja, a graça toda estava na forma como Columbo conseguia esclarecer a trama.
Ele era um anti-herói. Sempre com uma gabardine amassada, sapatos gastos, fumando um charuto, dirigindo um carro velho – era um Peugeot 403 Cabriolet de 1959 – e se fazendo de tolo. Entretanto, a figura desleixada e distraída era apenas uma forma de esconder sua genialidade. Um dos recursos que ele sempre usava, terminando por se tornar característica marcante no comportamento do personagem, era voltar e fazer mais uma pergunta depois de aparentemente ter terminado de interrogar a pessoa. Just one more thing (Só mais uma coisa), dizia ele. E ali, logo após esse quase jargão, era obtido um detalhe que se revelava decisivo. Ele também tinha o hábito de citar muitas vezes sua esposa, mas mesmo mencionada ela nunca aparece. É um apoio psicológico, alguém a quem ele atribui situação, característica ou observação das quais precisa fazer uso em certos momentos.
Peter Falk era o intérprete. E sua atuação singular foi fundamental para o sucesso da série. Não por acaso, ele ganhou cinco prêmios Emmy pelo seu papel, ao longo dos anos em que ela se manteve. Os originais foram exibidos entre 1968 e 1978, tendo ocorrido uma continuação em formato de telefilme, entre 1989 e 2003.
Columbo terminou influenciando diretamente na forma como duas séries mais modernas foram formatadas e conduzidas. Foram elas Monk, com a qual há uma ligação mais direta e óbvia, e House. Ambas são dramas nos quais os protagonistas são também brilhantes, nas suas respectivas áreas. Enquanto Monk é um detetive particular que apresenta Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), mas também resolve os crimes com base na observação de detalhes, House é um médico que diagnostica usando o recurso do raciocínio dedutivo. Ambos apresentam problemas pessoas que os evidenciam como humanos especiais e os destacam, assim como o tenente também se destacava. No caso de House, talvez o ego mais do que inflado seja o diferencial maior, ao lado de um sarcasmo quase que insuportável. Mas, se o médico chega a ser odiado inclusive por alguns dos seus pares, é impossível não se apaixonar por Columbo.
23.10.2025

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é a Mystery Movie Theme Columbo, que foi composta pelo pianista e arranjador Henry Mancini para a série televisiva.