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EU GOSTO MUITO DE ROCK E BLUES

Eu não tive uma formação musical adequada. Ao menos não a que eu gostaria de ter tido. Meus pais sempre me incentivaram a ler, mas não fizeram o mesmo quanto ao desenvolvimento de um gosto musical mais apurado. Se tinha em casa, na minha infância, um daqueles toca-discos que possuía rádio junto – ou seria o contrário –, algo tão grande que era o principal móvel da sala. Uma estrutura de madeira, com portas que escondiam a parte eletrônica e a área de guardar os long-plays, virando um rack, como são chamados os menos antigos, mesmo não sendo exatamente a mesma coisa. Só que se ouvia mais emissoras de rádio do que o som gravado nos bolachões. Era na frente deste móvel que eu esparramava no chão as edições do Diário de Notícias e do Correio do Povo, em seu formato standard, para ver os quadrinhos e fingir que sabia ler – não demorou muito e eu aprendi de verdade. Logo estava escrevendo e não parei mais.

Quanto à música, conforme cresci me dediquei mais. Claro que a ouvir, uma vez que jamais toquei instrumento musical algum – se pudesse teria aprendido gaita de boca. O que eu sabia “tocar” eram os CDs que depois fui adquirindo com os trocos ganhos na adolescência, algo que se tornou também dispensável hoje em dia, com essas coisas que foram surgindo, o MP3, o Spotify e outros que tais. Mas, entendo que me dei bem, apesar de tudo. Adoro reggae, MPB, blues e rock, por exemplo, além de certos sambas, jazz e clássicas; e me recuso a ouvir sertanejo, gospel e outras que considero – quem gosta que me desculpe a franqueza – baboseiras, salvo raríssimas exceções. As primeiras são libertárias, essas outras doutrinadoras. Então, com a minha formação e visão de mundo, as escolhas ficam óbvias.

Referente ao blues, uso o texto de hoje para apresentar um exemplo quase raiz, intenso e muito sonoro mesmo. Antecipo aqui o bônus, que é a música “I’d Rather Go Blind” (Eu Prefiro Ficar Cega), de Ellington Jordan e Billy Foster, imortalizada na voz de Etta James (1938-2012), que chegou a ser considerada pela revista Rolling Stone como a terceira melhor cantora norte-americana de todos os tempos, atrás de Aretha Franklin e Tina Turner. Detalhe: a música em questão pode ser ainda considerada um soul ou deep soul. A letra narra o sentimento de uma mulher traída, que afirma preferir ficar cega ao ver aquilo que flagrou, que seria melhor perder a visão do que assistir seu amor indo embora. Outros artistas que são verdadeiros ícones também a gravaram, como Carlos Santana, Joe Bonamassa, Rod Stewart e Beyoncé.

A versão que trago está em vídeo feito em uma participação no programa RocKwiz, da televisão australiana. Ele tem um formato de perguntas e respostas sobre música, sendo apresentado ao vivo. É focado nos estilos rock e blues, oferecendo ao público sempre convidados especiais que comparecem para mostrar seu trabalho. Foi assim que estiveram por lá a cantora, compositora e multi-instrumentista estadunidense Beth Hart, juntamente com o guitarrista californiano Jon Nichols. Ela se tornou famosa após sua canção “LA Song” ser trilha sonora em episódio do seriado Beverly Hills. E costuma cantar rock, blues, jazz e soul. Ele é um autodidata que aprendeu a tocar guitarra sozinho e formou sua primeira banda aos 15 anos de idade. Com eles também está no palco a RocKwiz Orkestra.  

Uma história interessante sobre a música “I’d Rather Go Blind” é que ela foi composta em uma prisão. Etta James, que era amiga de Ellington Jordan, quando foi visitá-lo certa ocasião, ouviu a canção parcialmente delineada. E teria sido ela que o ajudou a concluir. Entretanto, por razões fiscais, o crédito foi dado para seu parceiro na época, Billy Foster. Acima, preferi manter o que oficialmente consta e não a versão, que saiu mais tarde e que está na autobiografia da cantora, Rage To Survive – Raiva para Sobreviver, numa tradução literal.

1º.11.2024

Beth Hart e Jon Nichols

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O bônus de hoje foi anunciado no próprio texto da crônica. O clipe está colocado a seguir: