O NADA E O VAZIO NÃO SÃO A MESMA COISA
Segundo estimativas científicas vistas como conservadoras, o Universo como se pensa que conhece foi criado há cerca de 13,7 bilhões de anos. Em algum instante lá atrás, teria surgido tudo aquilo que existe. Energia e matéria – que no fundo são a mesma coisa – teriam nascido juntas. Agora, o que tinha antes disso? Se a resposta for nada, como se pode entender isso, com nossa atual capacidade, com a racionalidade humana que se sabe limitada?
Primeiro, temos que considerar a diferença entre o nada e o vazio. Para algo estar vazio, precisa ter uma dimensão determinada. Ou seja, ocorre a ausência de coisas dentro de um limite e num contexto. Uma casa está vazia quando ela existe, mas não tem objeto algum dentro. Se não há os limites da casa, suas paredes, suas dimensões, não há o vazio. Porque esse é sempre interno. O nada, por sua vez, é a ausência total de tudo, uma percepção que foge ao compreensível porque é impossível de ser encontrado algo assim na realidade física. Até mesmo como conceito ele se torna complicado. Se pensarmos no espaço sideral, o vácuo é vazio. Porém, o nada seria a ausência da própria ausência. O vazio se trata de espaço sem conteúdo de substância, matéria ou energia detectáveis, que assim mesmo tem contornos, tem limites. O nada chega ao extremo de não poder ser sequer experimentado.
Voltando ao Universo e sua criação, enfrentamos outra dificuldade, essa não relativa ao seu início e sim à sua dimensão. Se ele for infinito, nos falta condições de entender isso tudo como espaço. Se ele tiver limites, se tem problema para entender o que há – se é que existe algo – além do seu final. Ou seja, estamos numa sinuca de bico: se não tem fim não há como captar a noção, se tem fim também não se consegue. Então, por que raios conseguimos pensar nisso, que é impensável?
Agora, se queremos mesmo sarna para nos coçarmos, basta incluir o tempo como outra variável nisso tudo. Isso porque precisamos avaliar que, se ele existe, precisa ter tido um início também. Se estava correndo ao longo de todo o sempre, sendo possível que se considere ele também como infinito, como era medido antes, quando havia apenas o nada?
Existe uma teoria de que antes do nosso universo teria havido outro. E que foi a extinção daquele anterior que deu origem ao atual e nem assim tão novo. Essa existência cíclica é uma ideia plausível, mas não invalida nenhuma das preocupações filosóficas que já enunciei acima. Ela apenas muda o seu lugar. A dúvida deixa de ser sobre o que existiria antes deste, passando a ser quanto ao que existiria antes do primeiro. Precisamos lembrar que o próprio “Big Bang” (*) é apenas um modelo de evolução, estabelecido na tentativa de explicar como ele – o universo – se comporta desde o instante em que se pode dizer que nasceu. Ele – o modelo – não consegue esclarecer razões, uma vez que descreve as consequências da tal “explosão” e não suas causas.
O cálculo do tamanho do universo observável é feito examinando a luz que chega até nós e o tempo que ela levou para isso. O resultado aponta para uma esfera com 93 bilhões de anos-luz de diâmetro. Ou seja, seria necessário que se viajasse na velocidade da luz, por todo esse montante de anos, para se fazer o seu contorno. Se isso já foge à compreensão, pela magnitude, imagina tentar levá-la ainda mais longe. Aliás, maior do que isso só a arrogância humana, com a pretensão de acreditar ser ela a obra prima de Deus. Que tudo isso ao nosso redor foi criado apenas para servir de moldura para a perfeição que somos.
05.09.2025
(*) Big Bang é o nome dado à teoria cosmológica mais aceita para que se entenda a origem do universo. Seria um ponto extremamente quente e denso, que desde então se expande e esfria. Algo que teria acontecido há cerca de 13,8 bilhões de anos, considerando-se o nosso modo de medir o tempo.

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