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QUEM FINANCIA AS CAMPANHAS EM PORTO ALEGRE

Dando mais uma demonstração cabal de que o trabalho jornalístico pode ir muito além do insosso cardápio servido aos gaúchos pela RBS, o jornal Sul21, em parceria com pesquisador ligado ao núcleo porto-alegrense do Observatório das Metrópoles, realizou um oportuno levantamento sobre as doações individuais recebidas por candidatos a prefeito do município. Seu objetivo era identificar e deixar claro para a população a existência de eventuais interesses. As informações que eles coletaram são públicas e estão à disposição de quem se interesse por elas, no portal oficial do Tribunal Superior Eleitoral. Mas, recolher, contextualizar e divulgar esses dados é exemplo de um bom serviço ao público.

Como a atualização é diária, se torna muito importante destacar que os números ainda não são finais, estando os divulgados atualizados até a tarde do dia 2 de outubro, quarta-feira. E a legislação eleitoral permite inclusive que as declarações sejam feitas até 19 de novembro. Ou seja, data posterior ao segundo turno das eleições que, no caso da capital gaúcha, tendem a ocorrer e estão marcadas para 27 de outubro. Outro detalhe é que este levantamento se concentrou nos quatro principais candidatos, os únicos que em tese teriam condições de alcançar votação expressiva agora, no próximo domingo.

Em termos do número de doações individuais recebidas – aquelas que se somam aos valores destinados pelos próprios partidos e coligações, vindos do fundo eleitoral –, o candidato à reeleição, Sebastião Melo, do MDB, liderava com folga. Tinha, até aquele momento, um total de 508. Na segunda posição se encontrava Felipe Camozzato, do Partido Novo, com 71 doações. Maria do Rosário, do PT, recebera oito, enquanto que Juliana Brizola (PDT) apenas duas. Agora, muito mais importante do que saber quantas eram seria conhecer as procedências.

Quem mais contribuiu financeiramente com Melo foi Elie Horn, fundador da construtora Cyrela, que havia comprado participação na incorporadora gaúcha Goldsztein em 2006 e terminou por adquirir toda a empresa, em 2010. O segundo foi justamente Claudio Nudelman Goldsztein, que é o herdeiro da citada acima e hoje é diretor do Instituto Cultural Floresta, um movimento ou organização de empresários que atua como elemento de pressão ao governo do Estado e à prefeitura local. Também está na lista Klaus Gerdau Johannpeter, que é um dos donos da Gerdau e que investiu e participa do Instituto de Estudos Empresariais, do Instituto Millenium e da produtora de conteúdo da extrema-direita, Brasil Paralelo. Na sequência se encontra o empresário Luiz Leonardo Abelin Fração, dono da Nebraska Capital, do ramo de investimentos, e ex-presidente do Instituto Cultural Floresta. Depois dele está o ex-presidente do Sindicato da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Ricardo Antunes Sessegolo. Ele também é ex-diretor da Goldsztein e atualmente é sócio dos antigos patrões na Construtora Wolens. Para concluir, lembremos que no dia 19 de setembro o portal Matinal mostrou em reportagem que 122 pessoas físicas que ocupavam cargos na atual gestão até agosto haviam destinado recursos para a campanha de Melo. Dessas, 111 eram cargos de confiança.

Quem mais destinou recursos financeiros para a campanha eleitoral do candidato Camozzato foram Hermenegildo Fração Júnior, filho do fundador do Expresso Mercúrio e ligado a entidades do setor de logística; Pedro Kopstein, proprietário de uma incorporadora que se identifica com seu sobrenome e empresário da construção civil; e Jorge Gerdau Johannpeter, também do Grupo Gerdau. Depois temos Elie Horn, já citado antes; a médica Patrícia Perez Coradini, da empresa Comunicare Aparelhos Auditivos; e cinco membros da família Logemann, que é proprietária do Grupo SLC, um dos maiores produtores de commodities agrícolas do Brasil.

Entre as oito doações recebidas por Maria do Rosário as de maior valor foram de Mari Ivane Oliveira Perusso, assessora do PT na Assembleia Legislativa; e do desembargador aposentado Sérgio Gischkow Pereira, de R$ 5 mil cada uma. E Juliana registrou como doadores Fernando Flach, que é CEO da Alpha Participações Holding, que atua no setor de eletricidade; e Atilo da Luz Escobar, servidor do Banrisul e militante do PDT. Estes dois auxílios somaram R$ 9 mil.

Voltando aos doadores de Sebastião Melo, a empresa Cyrela é uma das maiores do país, no setor da construção civil. Não por coincidência, ela tem o maior número de empreendimentos de grande porte recentemente concluídos ou em andamento em Porto Alegre. O mesmo Sul21, quando publicou matéria especial em setembro do ano passado, com o título de “Donos da Cidade”, mapeando o setor, apontava a Cyrela como segunda colocada em termos de projetos apresentados para obras futuras, com um total de dez. Elas todas precisam de licenciamentos e alvarás, que são documentos solicitados junto à administração municipal.

05.10.2024

Maria do Rosário, Sebastião Melo e Juliana Brizola ocupam as primeiras colocações nas pesquisas de intenção de votos

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Danilo Silva Santana – Prefeito Ruim