TUDO AQUILO QUE HOJE É
Nada do que existe surgiu do nada. Tudo aquilo que hoje é, um dia não era nada além de um sonho ou, no máximo, de algum projeto mais ou menos ousado. E não falo do Universo, que este sim precisa mesmo ter tido o engenheiro dos engenheiros no comando, para ter sido criado. Me refiro ao que o intelecto e as mãos dos homens contribuíram para seu nascimento. O que inclui esse computador onde agora trabalho, mas está consubstanciado em todas as invenções, desde as mais pueris até as mais surpreendentes e sofisticadas. Para acompanhar o que eu estou escrevendo, com a sua capacidade de abstração, tire fora a natureza e pense no resto. Nada do que fizemos foi capaz de rivalizar com ela, mas fomos mesmo longe demais, se considerarmos as nossas limitações.
A alimentação humana no início era toda natural. Depois, tratamos de alterar isso, com a introdução de técnicas que aceleraram e qualificaram a produção, chegando a alterações na estrutura genética dos elementos biológicos que consumimos. O que até agora nem se pode ainda afirmar que se trata de algo bom e seguro. Nossos abrigos eram locais como as cavernas. Depois aprendemos a criar outros tantos, que foram sendo aperfeiçoados a ponto de hoje em dia ser possível estabelecer, por exemplo, coisas como a temperatura interna desejada com aparelhos de ar-condicionado. Ou ainda ligar e desligar os mais diversos eletrônicos, remotamente. Os agasalhos eram no máximo pele de animais que se abatiam. Hoje as roupas têm tecidos que nos protegem da radiação solar, que facilitam a evaporação do suor, que podem ser muito mais leves e confortáveis.
Nossas viagens eram feitas a pé ou no lombo de animais domesticados, enquanto agora nos descolamos em velocidades muito maiores, através de rodovias asfaltadas, ferrovias e hidrovias, sem contar que há muito nos permitimos voar. Tudo o que se sabia vinha da transmissão oral, isso depois que o homem inventou a palavra – o que já foi um avanço e tanto esse nosso “domar sons guturais”. Entretanto, ela mais tarde se tornou um registro perene, com a escrita. E se antes a palavra falada já ia muito longe, com a telefonia, ela agora pode até levar junto textos e imagens, sejam elas estáticas ou em movimento, de modo instantâneo e para qualquer ponto do planeta, via internet.
Nós criamos instrumentos de defesa para sobrevivermos em um mundo hostil, no qual predadores nos ameaçavam. Depois as mesmas armas passaram a ser forma de se atacar, quando deixamos de ser caça e passamos a caçadores. Até que se passou a caçar uns aos outros, o que foi e segue sendo vergonhoso. Mas, também se teve descobertas e produziu bens que revolucionaram tudo. Como a roda, sabe-se lá quando exatamente. E o uso da energia elétrica, os medicamentos, as vacinas. Também se criaram os telescópios, para que se espiasse o céu. Mas, fomos além, com os satélites e as naves espaciais que puderam pela primeira vez tirar o homem do planeta. Até o átomo foi domado e a energia atômica se tornou também, como várias outras coisas, uma benesse e um perigo latente. Agora, a inteligência artificial é uma realidade, sem que a inteligência humana tenha conseguido alcançar sua total potencialidade.
Guardadas as devidas proporções com o que seja o divino, dizer que o homem é também um criador está apropriado e longe de ser absurdo. Apesar dos propósitos estarem distantes de serem os mesmos. Enquanto a vida original, a natureza e sua exuberância, se apresentam como uma dádiva, a generosidade absoluta, as criações humanas não raras vezes segregam. A sobrevivência digna e saudável está restrita. O melhor agasalho e alimento não são para todos. Os recursos da tecnologia médica e da indústria farmacêutica não alcançam todas as pessoas. O conhecimento não tem apenas valor, como também preço. Assim, está disponível a quem possa pagar por ele. Então, voltando para o ponto de partida, para o título hoje atribuído, tudo aquilo que está diante de nós é resultado do que soubemos ou não soubemos fazer até hoje. E assim caminha a humanidade.
22.07.2024

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