É mais do que inacreditável: bate na trave da impossibilidade. Mas, eu juro a todos vocês que aconteceu. A mulher que um dia viu Jesus Cristo no alto de uma goiabeira parece que agora ouviu algo dele, o que teria aberto seus olhos. A senadora Damares Alves, do Republicanos, que conseguiu a proeza de ser há algum tempo indicada para presidir a Comissão dos Direitos Humanos daquela casa, se manifestou CONTRA a PEC da Blindagem – ou PEC da Bandidagem, como muitos preferem. Seu pronunciamento se deu nesta quarta-feira, 17 de setembro, quando ela fez uso da palavra após ouvir o seu colega, o senador capixaba Fabiano Contarato, do Partido dos Trabalhadores.

Na sua fala, Damares inicia dizendo que a aprovação do assunto na Câmara dos Deputados, na véspera, seria recebida pela sociedade com muito horror. Ela propôs que se imaginasse um suposto caso de algum deputado que fosse acusado de pedofilia – assunto que para ela sempre foi sensível. Para que fosse aberto um inquérito contra ele seria preciso que seus pares decidissem em voto secreto. O que entende ser um absurdo. E apesar de afirmarem que valeria apenas para questões de improbidade, ela não acredita, colocando que na verdade estaria ampliado para toda espécie de crime. Dúvida essa – ou seria certeza? – que não apenas ela como toda e qualquer pessoa bem informada tem.

Damares destacou que entendia a indignação antes expressada pelo seu colega petista, tanto como homem da segurança pública – durante anos ele foi delegado de polícia –, quanto como cidadão e senador. Depois, assegurou que a discussão, ao vir para o Senado, precisará contar com uma posição proativa da comissão que ela preside. Segundo ela, se pode aceitar a revolta dos parlamentares com algumas situações. Mas, teria que ser encontrado outro remédio jurídico que não venha quebrar o princípio da igualdade. E clamou pela maturidade, lembrando que este “ativista judicial” – obviamente se referindo a Alexandre de Moraes, pois ela integra grupo que o vê fazendo algo além de cumprir a lei – um dia vai passar, vai se aposentar. Entretanto, a norma jurídica é permanente. Desta forma, não seria correto colocar todo o arcabouço em cheque, abrindo brechas para que corruptos e criminosos não sejam punidos.

Vamos lá: estamos diante de uma bolsonarista raiz que, nesse momento, se revolta contra a situação posta pelos seus colegas de partido, parceiros de ideologia, pessoas muito mais preocupadas com situações pessoais e pontuais do que nos interesses reais da população brasileira. Não se pode ter certeza de que ela manterá depois essa posição, uma vez que as pressões contra ela na certa não serão poucas. Mas, se trata de um grande alento, de um “reforço” vindo de onde não se poderia esperar.

Damares tem um histórico com uma série de posturas que mereceram recriminação. Talvez a mais grave de todas aquela quando pretendeu obrigar uma menina de dez anos de idade, que ficou grávida após um estupro, a não passar pelo aborto legal ao qual tinha direito. Isso apesar dos médicos terem assegurado que ela não tinha condições físicas para levar a gestação a termo, correndo sério risco de vida. Ela também se envolveu em denúncias falsas de abuso e tráfico infantil, feitas com fins eleitoreiros. E a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União ainda trabalham na apuração de supostas fraudes em contratos firmados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em período no qual ela esteve à frente daquela pasta. Situações que ampliam a sensação de incredulidade com a corajosa posição assumida agora.

19.09.2025

P.S.: Para quem desejar conferir o pronunciamento de Damares Alves, basta acessar o vídeo do jornal cearense O Povo, que está posto ao final desta postagem.

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Apelei no bônus de hoje, com Marília Mendonça e sua música Infiel. Mesmo estando longe de ser o tipo de música que eu gosto, admito que ela era excelente letrista e, surpresa por surpresa, também posso deixar aqui uma minha. Logo depois da canção, está o vídeo citado.