AS GAROTAS DO FUNDÃO

São cinco mulheres adultas residentes em Madrid, na Espanha. Amigas desde os tempos de colégio – daí vem o nome da série – e tendo o hábito de passar as férias juntas, elas resolvem inovar e estabelecem roteiro e condições bastante diferentes para essa última experiência coletiva que programaram. Antes da viagem, todas cortam seus cabelos bem curtos e sabe-se depois que uma delas está com câncer, sendo esse um “corte solidário”. Mais do que a aparência, elas fazem também um pacto para mudar alguns comportamentos, vivenciando coisas que até então não passavam de desejos nunca revelados. O objetivo era se colocarem umas nas peles das outras, criando condições apropriadas para explorarem situações como jamais haviam feito antes, seja por medo das consequências com outras pessoas ou por elas mesmas.

As Garotas do Fundão está disponível na Netflix, como uma boa pedida para algo maduro, mas leve e inteligente. A série, que em tese deveria ser dramática, se revela um tanto diferente disso, porque os problemas são sempre apresentados por uma ótica sem a valorização desta carga emocional mais pesada. Nem mesmo a questão da doença, que só se revela de forma até um tanto superficial e no final, é encarada como uma fatalidade triste e sim como uma das tantas possibilidades que a vida nos apresenta, nem todas elas boas. Enfim, as amigas se permitem viver, com a coragem de enfrentar certos traumas e repassar coisas do passado. E isso é libertador.

São apenas seis episódios, o que permite maratonar sem que se torne cansativo. E, ao contrário do que chegou a ser aventado, não é baseada em fatos reais. Quem a criou – isso foi sete anos atrás, com o projeto permanecendo arquivado – foi o cineasta espanhol Daniel Sánchez Arévalo. Ele até então era conhecido por dirigir filmes, sendo essa de agora a sua primeira experiência em produção televisiva. Nela, mesmo sem ter referências pessoais anteriores, conseguiu imprimir bom nível de emoções, mesmo nos momentos de assuntos mais sensíveis.

As cinco atrizes que protagonizam o filme, mesmo não sendo iniciantes, ainda não tinham um maior reconhecimento por parte do público. O que de certa forma ajudou a dar maior veracidade à história, que não ficou presa ou identificada por uma ou mais “estrelas”, tendo valor em si. Até mesmo os conflitos eventuais entre elas ganharam um realismo mais do que apropriado, assim como a amizade ficou genuína. São elas: Monica Miranda (Alma), Itsaso Arana (Sara), Mariona Terés (Leo), Godeliv Van den Brandt (Olga) e Maria Rodríguez Soto (Carol). Além delas, o único papel masculino com algum destaque é David, vivido por Javier Rey.

Em alguns momentos a história não é contada de modo linear, com fatos sendo trazidos do passado. Em outros, pensamentos e desejos acabam mostrados como se realidade fossem, até que se percebe ser impossível que versões opostas de um mesmo acontecimento pudessem conviver. Todo o desenrolar caminha para a revelação de qual delas enfrenta a doença, ao mesmo tempo em que os dias de férias vão chegando ao fim. E final da série – não se sabe se haverá uma segunda temporada –, pois o câncer não é tratado como um destino inevitável, no sentido de levar necessariamente as pessoas a desistirem de seguir com uma vida com toda a qualidade que for possível manter. Eu gostei do que vi. Talvez os meus leitores também gostem.

31.07.2023

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O bônus de hoje começa com Stand By Me, música composta por Ben King, Jerry Leiber e Mike Stoller. No clipe ela é interpretada por Music Travel Love, com gravação em Abu Dhabi. Depois temos Oswaldo Montenegro e sua canção Velhos Amigos. Finalmente, os leitores têm acesso a um trailer oficial da série espanhola.