QUANDO ERROS E ACASOS RESULTAM EM SUCESSO
Uma das falhas em laboratório mais famosas do mundo ocorreu no ano de 1942. Foi quando um químico recebeu a missão de criar um plástico super transparente, que seria utilizado em miras de armas, durante a Segunda Guerra Mundial. O primeiro experimento se revelou desastre absoluto, uma vez que resultou em uma substância grudenta, que sem frio, calor ou pressão se fixava em tudo. Até os dedos dos pesquisadores que o apoiavam eram colados um no outro, cada vez que tentavam tocar nela durante os testes.
O fracasso foi tão retumbante que a “invenção” foi deixada de lado, por nove longos anos. Antes esquecida, eis que ela reaparece no laboratório por simples acaso, quando alguém estava examinando ensaios feitos no passado. Bastou mudar o ângulo de visão e surgiu uma nova chance para ela: sem dúvida, com pouco trabalho estaria feita a cola mais rápida e resistente do mundo. Foi deste modo que o químico estadunidense Harry Coover (1917-2011) se tornou famoso e teve, com toda a certeza, devido à Super Bonder, reforço considerável em sua conta bancária.
Agora, se engana quem pensa que um caso como o de Harry é raríssimo de acontecer. Muitas descobertas importantes que se teve, na ciência e na tecnologia, resultaram de acidentes e erros. Talvez o exemplo mais clássico de todos seja o da penicilina, um dos medicamentos de maior impacto na medicina ao longo do tempo. O britânico Alexander Fleming (1881-1955), que era médico e farmacologista, esqueceu uma placa de cultura bacteriana aberta e um fungo a contaminou, revelando seu poder antimicrobiano. O forno de micro-ondas só foi inventado porque uma barra de chocolate foi deixada acidentalmente pelo engenheiro Percy Spencer (1894-1970) próximo a um magnetron, derretendo. E o velcro surgiu depois de George de Mestral (1907-1990) ter observado como sementes de bardana grudavam nas suas roupas. Estivesse ele usando outro tipo de tecido e isso poderia não ter acontecido.
Outros exemplos: os raios X – é correto se escrever assim, no plural e com X maiúsculo – se tornaram conhecidos quando Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923), um físico e engenheiro alemão, ao trabalhar com tubos de raios catódicos notou, sem estar esperando isso, que uma tela fluorescente brilhava mesmo quando coberta. Talvez não haja entre nós alguém que jamais tenha sido submetido à radiografia. Ainda relativo à saúde, também dois alemães, os pesquisadores Joseph von Mering (1849-1908) e Oskar Minkowski (1858-1931) descobriram a insulina quando removeram o pâncreas de um cão. E na estética – a substância não serve apenas para esse fim – Alan Scott (1932-2021) fez uso de toxina botulínica na tentativa de corrigir um estrabismo e descobriu que ela poderia combater rugas. Vaidosos e vaidosas em geral agradecem por isso até hoje.
Outra vez sobre química, Spencer Silver (1941-2021), químico da 3M, ao tentar criar um adesivo novo e forte fez um fraquinho, que terminou se tornando o conhecidíssimo e muito útil Post-it (com maiúscula, pois uma marca registrada, nome próprio). E o Teflon resultou de um trabalho que parece não ter relação alguma: Roy Plunkett (1910-1994) testava gases refrigerantes e chegou a um material escorregadio e resultante ao calor. Agora, contra dias quentes mesmo, se torna muito apropriado saborear um picolé. Ele só se tornou opção para a indústria e os consumidores porque Frank Epperson (1894-1983) esqueceu um copo de refrigerante com uma colher dentro, em uma noite de inverno rigoroso, na varanda da sua casa.
Para concluir, vamos citar dois exemplos mais lúdicos e infantis. Noah e Joseph McVicker eram dois irmãos que trabalhavam em uma fábrica de sabão e outros produtos de limpeza em Cincinnati. Tentando criar um novo, que limpasse papel de parede removendo a sujeira sem estragar, chegaram a uma massa maleável e atóxica. Nascia assim a massinha de modelar, industrializada com enorme sucesso. E a mola maluca, aquela que se mexe e move entre as mãos, surgiu quando o engenheiro naval Richard James (1918-1974), ao buscar fazer novos estabilizadores para equipamentos de navegação náutica, deixou cair um protótipo criado e percebeu seu movimento incomum. Com sua esposa Betty, desenvolveu o famoso brinquedo, por eles batizado de Slinky. Recentemente o nome foi apropriado pelo simpático cãozinho personagem de Toy Story, cujo corpo é justamente uma dessas molas.
16.08.2025

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é um vídeo com Claire Ryann, então com quatro anos, e seu pai, cantando You’ve Got a Friend In Me (Você tem um amigo em mim). A canção integra a trilha sonora de Toy Story, animação que nos trouxe as aventuras do Xerife Woody, do astronauta Buzz Lightyear e do cãozinho Slinky, entre outros brinquedos memoráveis. Adultos que não viram tratem de fazer isso. Com ou sem a desculpa de uma criança por perto.