SOBRE ALGUNS VERMES, INCLUINDO UM BÍPEDE
Acho um desrespeito quando ouço alguém, seja da esquerda ou apenas não direitista, chamar um político que recentemente ocupou cargo de grande relevância em nosso país de animal. Ele não evoluiu ainda o suficiente para isso e se trata, portanto, de uma falta de consideração para com esses seres. Com um tanto de esforço, verme seria o termo mais apropriado e mesmo assim fico em dúvida. Isso porque esses parasitas, ao mesmo tempo em que podem causar doenças, em especial ao infectar o trato digestivo dos seres humanos – se fala nesta figura e pronto: o intestino vem à baila –, também desempenham um papel importante em ecossistemas. As minhocas são o maior exemplo disso. Para quem não sabe: sim, elas são vermes que atuam na fertilidade do solo, ajudando na decomposição da matéria orgânica e na sua aeração. E existem outros também relevantes para a vida na Terra, como predadores, herbívoros, detritívoros e filtradores.
Voltando às minhocas, elas são vermes segmentados, que também são conhecidos como anelídeos. As sanguessugas têm essa característica: invertebrados que possuem corpos longos divididos em anéis, tanto externa quanto internamente. Aliás, essa é a origem do nome, que vem de “annelida”, anel em latim. Agora, o surpreendente quando a gente vai em busca de informações, pesquisando e lendo, é que se descobre coisas que sequer imaginava. Como por exemplo a existência do tubifex, do minhocuçu e dos poliquetas, parceiros nesta mesma classificação biológica.
Hoje em dia a gurizada de apartamento provavelmente nunca tenha visto uma minhoca, pois elas não aparecem em vasos de flores. E colocar em anzol, para pescaria, nem pensar. Então, vamos contar mais sobre elas. São seres hermafroditas, o que significa que possuem simultaneamente características de ambos os sexos. Mesmo assim, não se autofecundam. Elas precisam de acasalamento, realizando a chamada fecundação cruzada. O que torna a situação bem estranha: fiquei aqui pensando, depois do encontro, imagino que ambas devem ficar “grávidas”, uma vez que há a troca de espermatozoides. Os óvulos são depositados em casulos e deles eclodem minhoquinhas depois de cerca de 21 dias.
Sobre os vermes intestinais, esses afetam negativamente os seres humanos, causam doenças como giardíase, esquistossomose e várias outras. Ainda há, por exemplo, ascaridíase e teníase, as populares lombriga e tênia. Como sintomas temos dores abdominais, náuseas, vômitos, diarreia, falta de apetite, perda de peso, anemia e até mesmo alguns problemas respiratórios. Estes vermes todos podem causar também bloqueios em parte do sistema imunológico, que evoluem para alergias e doenças inflamatórias. Mas, nenhum deles causa entupimento, como aquele que acomete o bípede citado na abertura do texto. Aliás, ele afirma que essa dificuldade é decorrente de um atentado, sem citar que na ocasião foi na verdade submetido a uma cirurgia previamente marcada.
O escritor Monteiro Lobato criou, em 1914, um personagem chamado Jeca Tatu. Seu objetivo era contribuir com denúncia e debate a respeito da vida dos caipiras e da situação sanitária do país. Ele era associado ao amarelão (ancilostomíase), outra das doenças causadas por vermes. Esta acontece no intestino delgado, pelo contato dos pés descalços com ovos de nemátodes que se encontram no solo. Uma situação na época muito comum na realidade das pessoas que habitavam regiões rurais do Brasil.
No cinema, o personagem Jeca Tatu foi eternizado pelas interpretações de Amácio Mazzaropi (1912-1981), em diversas produções. Paulistano, ele foi além de ator, humorista, cantor, produtor, roteirista e cineasta. Um dos nomes mais importantes na história desta arte em nosso país. Ele escreveu, estrelou e dirigiu 32 produções entre 1952 e 1980. Um dos mais icônicos foi justamente o que apresentava esse personagem que o acompanhou por boa parte da vida: Jeca Tatu, de 1959. Entretanto, há muitos outros que merecem destaque. Em O Vendedor de Linguiça, de 1962, conta a história de um pequeno produtor rural que se aventura em uma jornada improvável pela cidade. Com Uma Pistola para Djeca (1969) faz uma paródia sobre filmes de faroeste e O Jeca e a Égua Milagrosa (1980), sua última produção, conta a história de dois fazendeiros que competem por votos em uma cidade do interior. Nenhuma dessas obras de ficção se passa em Juiz de Fora e Adélio Bispo de Oliveira não faz nelas nenhum papel coadjuvante.
26.04.2025

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