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O METEORITO QUE ATINGIU SÃO PAULO

Existe uma região na cidade de São Paulo, distante cerca de 40 km do seu centro, em direção ao sul, que tem uma peculiaridade que é pouco conhecida, inclusive por seus moradores. Parelheiros é o nome deste distrito, que tem pouco mais de 200 mil habitantes. Dois dos bairros existentes na área, Colônia e Vargem Grande, ocupam parcialmente um espaço que é constituído por uma estrutura circular com 3,6 quilômetros de diâmetro, borda soerguida de mais ou menos 120 metros de altura e centro abatido. Trata-se de uma cratera que foi formada pelo impacto de um meteorito, que teria ocorrido em um espaço de tempo entre cinco e 35 milhões de anos atrás.

Foi através de fotos aéreas, com a posterior confirmação por imagens de satélite, que se descobriu a formação circular. Isso ocorreu em 1961, com um artigo sendo então publicado no Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia. O trabalho foi assinado por três conceituados professores da Universidade de São Paulo (USP): Rudolph Kollert, André Davino e Alfredo Björnberg. Para confirmar cientificamente a hipótese, entretanto, não bastava a forma do terreno. A comprovação geológica teria também que ser obtida. Para tanto foram feitas minuciosas análises em colunas de sedimentos coletados desde os 300 metros de profundidade (data do impacto) até o nível da superfície (dias de hoje), com sucesso. A partir disso foi ela batizada de Cratera de Colônia, sendo uma das duas únicas em todo o mundo que são habitadas. A outra é a Cratera Ries, que fica em Nördlinger, na Alemanha. No total, existem 188 crateras de impacto catalogadas na Terra.

Vamos agora tentar entender a diferença entre estes corpos celestes de pequeno porte, que perambulam pelo céu e que dele vez por outra se precipitam. Chamamos de asteroides aqueles que são de estrutura rochosa, compostos por minerais e metais. Quando feitos de gelo e poeira, produzindo uma cauda à medida em que se aproximam do Sol, levam o nome de cometas. Tanto asteroides quanto cometas, seguido perdem pedaços, que ficam à deriva e não mais os acompanham em suas trajetórias. A esses nacos chamamos meteoroides. Ao serem atraídos pela gravidade, eles adentram na nossa atmosfera em alta velocidade, atingindo elevadíssimas temperaturas, o que forma aquele rastro luminoso que todos nós vemos, em algum momento, pois não se trata de nada incomum. Daí, eles recebem o nome de meteoro, algo que vulgarmente se chama de “estrela cadente”. Na imensa maioria dos casos eles se desintegram antes de tocar o solo. Entretanto, se algum desses fragmentos celestes consegue ultrapassar a atmosfera e atingir o chão, leva o nome de meteorito.

Nada tem de infundado o medo da humanidade, de que a Terra seja algum dia atingida por um asteroide de grandes proporções. Isso já aconteceu em passado remoto, muitas vezes. Quando o planeta ainda estava em formação era bastante frequente. Inclusive se acredita que a Lua tenha sido formada graças a um evento desses. Bem mais tarde, a outro se atribui a extinção dos dinossauros. Aliás, não foram apenas esses grandes animais que foram extintos pelo impacto: estimativas apontam para 75% da vida animal e vegetal então existente. Segundo os cálculos dos cientistas, aquele asteroide tinha cerca de 14 quilômetros de largura e atingiu proximidades da península mexicana de Yucatán, onde formou cratera de perto de 100 quilômetros de diâmetro. Isso causou uma série de eventos cataclísmicos, como um tsunami colossal que deu a volta ao mundo em 48 horas, incêndios florestais absurdos e fuligem e poeira escondendo os raios de sol, causando um inverno glacial de 15 longos anos.

Voltando à zona sul de São Paulo, o nome original do distrito era Colônia Alemã, mas ele teve que ser alterado por força de uma lei assinada pelo presidente Getúlio Vargas, durante a Segunda Guerra Mundial, quando Brasil e Alemanha estiveram em lados distintos do conflito. Inicialmente se tratava de um assentamento de imigrantes que lá se instalaram ainda no Século XIX. Foram nove as famílias pioneiras, sendo que muitos desses sobrenomes ainda são encontrados entre os moradores: Klein, Reimberg, Roschel, Guilger, Gerstenberger, Gottsfritz, Cazac, Christe e Schunck. Um projeto de pesquisa busca atuar na preservação da área e na valorização de ações de turismo ecológico. O que é feito com sucesso em outras regiões, como no Arizona (EUA), onde é bem aproveitado o fato de existir uma cratera em pleno deserto. Isso sendo feito, geraria renda para as comunidades e conscientização ambiental para os visitantes, com cuidados especiais para a flora e fauna ainda bastante conservadas e diversificadas.

05.07.2024

Cratera de Colônia, 40 km ao sul do centro de São Paulo

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O bônus de hoje é um vídeo com a simulação de um imenso asteroide atingindo a Terra. A música de fundo é The Great Gig in The Sky, do Pink Floyd, remasterizada. Ela é encontrada originalmente no seu álbum The Dark Side of the Moon (A Face Escura da Lua), de 1973. 

Na animação se trata de um asteroide com diâmetro de 500 km, algo como a distância entre Porto Alegre e Florianópolis, se chocando com o Oceano Pacífico. As ondas de choque, perfeitamente calculáveis, iriam atingir velocidades hipersônicas. A crosta seria rompida no local do impacto, lançando detritos que voltariam ao solo em chamas, após órbita baixa, destruindo toda a superfície. O calor seria tão grande que iria evaporar toda a forma de vida encontrada pelo caminho, ao redor da Terra. Agora, o mais aterrorizante é que estudos apontam que isso aconteceu de verdade pelo menos umas seis vezes em passado muito remoto.