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A VOLTA DE RENATO PORTALUPPI

Sim, ele está de volta. Felizmente não ao comando técnico do Grêmio, mas ao noticiário. Depois de um breve período de silêncio, não por acaso resolveu voltar a se dirigir ao público, porque o momento e as situações lhe interessam. Na quinta-feira, 20 de fevereiro, concedeu entrevista ao “Charla Podcast”. Fanfarrão e bravateiro como sempre, ainda sem clube desde que o Grêmio decidiu não renovar o seu contrato, voltou a dizer coisas como ter sido melhor jogador do que Cristiano Ronaldo. Agora, o que de mais relevante ele falou se pode retirar das entrelinhas.

Para quem porventura ainda não conheça, o “Charla” é apresentado por Bruno Cantarelli e Beto Júnior. Trata de assuntos esportivos e se tornou uma potência neste nicho, com milhões de visualizações. Isso permitiu que fechasse parcerias com marcas conhecidas e eles até chegaram a transmitir jogos da Copa do Brasil, em parceria com o Prime Vídeo. Esta conversa com Portaluppi ocorreu no Restaurante Pura Brasa, localizado em Ipanema, com os apresentadores tendo comparecido com óculos escuros, imitando o que o convidado fazia com frequência nas coletivas pós-jogo. E durou quase três horas. Tempo o suficiente para que o maior ídolo do tricolor gaúcho – como jogador, evidentemente – abordasse tudo aquilo que lhe interessava dizer e não apenas respondesse perguntas formuladas. Inclusive com colocações nem todas verdadeiras.

Um exemplo disso está quando disse ter informado ao presidente Alberto Guerra com enorme antecedência, ainda durante a enchente que passou a servir como desculpa do técnico para todos os insucessos, que não iria ficar para o ano seguinte. Se deu exatamente o contrário. Basta que se reveja as entrevistas todas dadas ao longo do ano, nas quais ele sempre reafirmava que iria conversar com a direção apenas depois do término da competição, “resolvendo tudo em três minutos”. Deste modo, encurtava o tempo de reação e busca de um provável substituto, mantendo o clube quase que refém da sua vontade. Mesmo perto do final do ano, quando passou a ser vaiado pela maior parte da torcida que antes o idolatrava, manteve essa postura arrogante. Talvez Renato acreditasse ainda que, quando dissesse que não iria continuar, fosse reconduzido no colo pela massa das arquibancadas. Agiu, portanto, ao estilo do ex-presidente da República, Jânio Quadros, que renunciou tendo a mesma equivocada certeza e também se deu mal.

Pois agora, 48 horas antes do início da decisão de uma vaga para a final do Gauchão 2025, com o tricolor ainda estando em formação e tendo pela frente o consistente Juventude, ele reaparece. A sensação é do voo de um urubu – ou seria o corvo o mais agourento? –, com suas asas negras fazendo sombra no imaginário de quem termina acreditando em soluções fáceis. Mesmo com a boa impressão passada até o momento, o técnico Gustavo Quinteros ainda está no início de um trabalho. Aquilo que pretende implementar como modo de atuação do time, precisa de mais tempo para se consolidar. Como o uso de mais jovens ao invés dos caros e ineficientes “cascudos”, além de uma transição mais rápida da defesa para o ataque. E a sombra se mostra, repetindo o título do melhor filme brasileiro da atualidade: “Ainda Estou Aqui”.

A verdade é que a ambição de Renato o coloca com mais facilidade, senão no Grêmio, em algum dos outros grandes clubes que viraram SAF, as sociedades que os transformam em empresas para que recebam forte investimento externo. Entretanto, essas organizações em geral têm uma estrutura bem mais definida, com papeis claros e uma hierarquia com menor chance de ser desrespeitada. Ou seja, a ele caberia ser apenas e tão somente o responsável pela parte técnica, as orientações dadas em treinos – que muitos asseguram ser absurdamente falhas – e na beira dos gramados, durante os jogos. O que nunca foi o suficiente, na sua enorme vaidade e ânsia de poder. Nenhum outro clube permitiria o que o tricolor gaúcho equivocadamente deixou que acontecesse. Nem tampouco lhe pagaria o salário exorbitante que recebia no Sul.

Enfim, quem tiver paciência e tempo de sobra, que procure a entrevista na internet. Poderá se divertir um pouco, desde que não leve tudo a sério e dê os devidos descontos.

22.02.2025

P.S.: Escrevo poucas horas antes de ir para a Arena, torcendo para que o resultado do jogo Grêmio x Juventude não reanime nenhuma das “viúvas” do indivíduo, pois essas ainda existem.

Renato Portaluppi, o “Renato Gaúcho”

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O bônus de hoje é a música Começo, Meio e Fim, interpretada pela banda Roupa Nova. Trata-se de uma reflexão poética sobre a natureza cíclica no amor e da vida. Refere que tudo tem a estrutura básica de possuir um início, um desenvolvimento e uma conclusão. Que é possível e necessário se recomeçar, com novas experiências que com o tempo se tornarão também positivas.

Roupa Nova – Começo, Meio e Fim