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O FENÔMENO CHAMADO PAULO COELHO

Confesso que nunca li sequer um livro dele. Talvez por alguma dose de preconceito, admito. Mas, também porque as temáticas nunca me chamaram a atenção o suficiente. Agora, não se pode desconhecer que ele se tornou um fenômeno da literatura internacional, pelo menos no quesito relativo ao número de livros vendidos. A trajetória começou ainda em 1987, com o livro O Diário de um Mago sendo escrito logo após sua peregrinação pelo Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, que durou cerca de três meses. Digo isso considerando o que fez sucesso, uma vez que as duas experiências anteriores foram fracassos. Arquivos do Inferno, de 1982, não teve repercussão praticamente nenhuma. Depois, o Manual Prático do Vampirismo, de 1985, foi recolhido por ordem dele mesmo. A razão, segundo revelou mais tarde, é que “o mito era interessante, mas a obra era péssima”.

Com O Alquimista, apenas um ano depois do “mago”, a carreira tomou um impulso exponencial. Para se ter uma ideia, este livro vendeu em todo o mundo mais de 150 milhões de cópias, o que jamais algum outro brasileiro conseguiu. E entre os com altas vendas ainda constam pelo menos mais três: Brida (1990), Veronika Decide Morrer (1998) e Onze Minutos (2003). No total, retirando os dois iniciais aqueles que em geral são defenestrados dos relatórios, são 19 os livros. O último é de 2023, tendo o título O Arqueiro.

Somando a aceitação de cada uma dessas obras, nos idiomas todos nos quais houve tradução e nos 170 países nos quais foram vendidas, leitores adquiriram 320 milhões de exemplares. Em nosso país, quem mais perto conseguiu chegar desses números foi Jorge Amado, com 55 milhões de livros comercializados. Ou seja, o homem se revelou um mago mesmo, apesar de sempre ter enfrentado um tanto de ranço da crítica literária aqui da “Terra Brasilis”. Um fato que confirma esse seu poder quase que paranormal foi ter conseguido se tornar best seller ao mesmo tempo em Israel e no Irã. Isso inclusive lhe rendeu um comentário feito por Umberto Eco, que destacou como sendo algo mesmo inusitado.

Com meu braço parcialmente torcido – ainda não peguei nenhum destes livros para ler – comprei a biografia dele, escrita pelo muito competente Fernando Morais. Vou devorar o livro de mais de 600 páginas em doses controladas, a partir dos próximos dias. O biógrafo garante que está com “o outro lado da história” devidamente revelado no texto. Isso porque vem desde um nascimento no qual deram Paulo como morto e passa pelas etapas menos brilhantes de sua vida, como flertes com suicídio, internações em manicômios – com “tratamento” por eletrochoque –, uso de drogas, práticas de vários excessos, a prisão que enfrentou durante a ditadura militar e chega até outras passagens, como a parceira musical com Raul Seixas.

Essas que são agora mais óbvias, de êxitos e conquistas, entendo ser como a cobertura do bolo: dão boa aparência, mas não garantem sabor. Acho que vai me chamar especialmente a atenção esta sua vinda das sombras. Porque o que existe de complexo é que escancara o que há de humano. Da biografia, portanto, é muito provável que eu goste. O que talvez até me leve a ler algo dele, torcendo para que o sucesso seja algo contagioso. E nem preciso pegar assim, tão grave: sintomas bem mais leves já me bastariam.

11.11.2025

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O bônus de hoje é com Tom Amorim cantando Medo da Chuva, música de Raul Seixas e Paulo Coelho. Os dois foram parceiros em várias outras canções, incluindo clássicos como Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, Tente Outra Vez, Sociedade Alternativa e Gita.