A GALINHA FASCISTINHA
O nome dela é Júlia Pedroso Zanatta. É natural de Criciúma, em Santa Catarina, e fez 40 anos em março de 2025. Atuava como advogada em sua cidade natal e era uma pessoa conhecida por defender coisas como o acesso a armas e a autonomia familiar na educação. Conservadora e extremista, foi lançada candidata e se elegeu deputada federal pelo PL, em 2022. Ficou conhecida por se apresentar com uma tiara de flores na cabeça, um adorno que mulheres da juventude hitlerista – a conhecida Bund Deutscher Mädel – costumavam ostentar, como símbolo de uma suposta “pureza racial ariana”. E também por vários pronunciamentos e ações intempestivas. Uma das situações recentes foi quando levou sua própria filha, uma bebê então com quatro meses, na ocupação que ela e alguns colegas parlamentares fizeram no plenário da Câmara dos Deputados, quando tentaram forçar ser pautado projeto de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe contra a democracia. A atitude foi vista como modo de impedir ação da polícia parlamentar, sendo a criança um escudo.
Júlia também costuma postar vídeos nas redes sociais, vários deles na companhia do seu marido, Guilherme Buaiz Colombo, também filiado ao Partido Liberal. Aliás, ele foi notícia em 2024 por ter sua conta do Uber bloqueada devido a alegações de racismo. Foi banido, ficando proibido de fazer uso do aplicativo, depois dele e uma passageira cantarem “Boi da Cara Preta” para um motorista negro que, perguntado, revelou ser eleitor de Lula.
Em uma destas postagens, feita recentemente e com o marido ao lado, Júlia de forma surpreendente desancou uma série de críticas contra o desenho animado infantil “Galinha Pintadinha”. Segundo a parlamentar, existe um cunho ideológico na animação, que ela tratou de classificar como comunista. Jurou que o pobre bichinho defendia a transição de gênero, criticava o capitalismo e exaltava a extinta União Soviética. E concluiu garantindo que o objetivo da ave de cor improvável era ser uma fábrica de militantes do PSOL. Chega a buscar uma suposta semelhança entre uma melodia do desenho com um antigo hino soviético.
A deputada prossegue afirmando, sem prova alguma, que tudo faria parte de um plano para a interferência na educação das crianças, para atingir as famílias. E que outros conteúdos, da estadunidense Netflix, também estariam envolvidos na trama. Sobre o mesmo assunto, Júlia Zanatta publicou no seu perfil no X, o antigo Twitter, uma ilustração alterada na qual aparece a Galinha Pintadinha com um fuzil, batizando esta sua criação bizarra de “Galinha Armadinha”.
O desenho animado surgiu em 2006, tendo sido resultado do trabalho dos publicitários e empreendedores Juliano Prado e Marcos Luporini. Sócios da empresa Bromélia, eles criaram vídeos animados de músicas infantis conhecidas para apresentar a um cliente. Só que o despretensioso projeto piloto foi postado no YouTube e atingiu, em curto tempo, nada menos do que 500 mil visualizações. Eles então decidiram investir na ideia, lançando um primeiro DVD em 2008, com 13 clipes musicais. Foi assim que tudo começou, com o fenômeno depois se espalhando para outros meios, como televisão, aplicativos, produtos licenciados e vários eventos.
Ao contrário do que fez a deputada, que chegou a apresentar projetos de lei para impedir a obrigatoriedade da vacinação de crianças – o Grupo Prerrogativas acionou a Advocacia-Geral da União (AGU), em função disso –, a galinha nunca criou nenhuma dificuldade para o público infantil, que a adora. Nunca apareceu armada nos desenhos reais, nem exigiu que as crianças se tornassem gremistas ou cruzeirenses, apesar do predomínio da cor azul. E sobre a acusação, agora me ocorreu: acho que Júlia tem uma espécie muito especial de daltonismo, o que explica a confusão na identificação das cores. Ela vê vermelho em todos os lugares. Isso, mais outro distúrbio ainda mais evidente: enxerga maldade em tudo.
1º.11.2025

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é vídeo de animação, com uma paródia sobre a deputada da extrema-direita.