AS POUCAS LUZES DA EQUATORIAL

Não é novidade para ninguém que Porto Alegre foi atingida por um forte temporal, na última terça-feira. Também não surpreende que a cidade, quando atingida por chuvas intensas, costuma ter problemas sérios, em virtude da falta de investimento em infraestrutura preventiva. Isso posto, alagamentos, falhas no fornecimento de energia e eventuais quedas de árvores, quando o vento é forte, são situações facilmente previsíveis. E que, portanto, poderiam estar em lista fornecida antes dos fatos do dia 16, mesmo por parte de pessoas sem quaisquer dons premonitórios ou mediúnicos. Não haveria como errar. Agora, que a empresa privatizada que substituiu a antiga CEEE, a Equatorial, que já vinha sendo acusada de falhas há meses pela população, se superaria em incompetência, isso foi novo. E de uma tal magnitude que serve para que se questione todo esse processo que vem sendo adotado pelos governos neoliberais, de entregar à iniciativa privada todos os serviços públicos.

Na noite de ontem, três dias depois do temporal, a RBS – que sempre foi favorável às privatizações – informava que ainda existiam 218 mil clientes sem energia elétrica, sendo 101 mil pontos em Porto Alegre e arredores. Outra das consequências disso foi que as estações de tratamento de água não conseguiram realizar o bombeamento, deixando milhares de economias sem abastecimento. Consumidores residenciais e comerciais começaram a ter prejuízos incalculáveis: perda de alimentos e mesmo de remédios que dependem de refrigeração; inúmeros estabelecimentos fechados; equipamentos eletrônicos queimados, pessoas idosas e doentes, moradores em andares altos nos prédios de apartamentos, com atendimento e remoção prejudicados; centenas de semáforos fora de operação, causando transtorno no trânsito; e todo aquele desconforto que a falta de energia e de água causam.

O prefeito Sebastião Melo, que votou a favor da privatização da CEEE, pois ocupava cadeira de deputado estadual na ocasião, de olho nas eleições municipais deste ano, passou a reclamar da nova empresa, dizendo que sequer conseguia conversar com seus diretores. Os meios oficiais de contato não atendiam também a população em geral, que buscava ansiosamente por respostas: nem o 0800 e outros telefones, o WhatsApp, o site, tudo era silêncio ou respostas eletrônicas repetitivas, prometendo prazos para os reparos, que não eram cumpridos. E isso não era possível por uma simples e suficiente razão. Depois que assumiu o controle da CEEE, a Equatorial reduziu seus grupos de trabalho para um terço do número anterior. E substituiu todos os profissionais de antes, experientes na função, por gente nova com salários menores.

Virou piada o fato de um jornalista da cidade ter perguntado a um raro homem da empresa, que atendia ocorrência em seu bairro, quando seria resolvida a situação no restante do Bom Fim. O funcionário disse que não sabia. Desconhece o prazo? – perguntou o jornalista. Eu não sei onde é o Bom Fim, completou o homem, que disse ter vindo de fora para realizar o trabalho e não conhecia Porto Alegre. Se isso beira o ridículo, há também histórias trágicas para se contar. Na rua Vitor Hugo, no bairro Petrópolis, outro grupo de “profissionais” da Equatorial foi arrumar um transformador e causou um incêndio na residência existente na frente dele. Duas viaturas dos bombeiros precisaram ser deslocadas para o local e controlar as chamas. Enquanto isso, como grupo de moradores realizou manifestação na Cavalhada, contra o descaso, a Brigada Militar, que responde ao comando do governador Eduardo Leite – que vendeu a CEEE por exatos R$ 100 mil – dispersou o protesto usando balas de borracha e bombas de efeito moral.

A reação da Equatorial foi uma publicidade vergonhosa, na qual afirmava toda a sua preocupação com o povo porto-alegrense. Mostrava imagens de trabalhadores sendo trazidos de outras unidades suas, em outros Estados brasileiros, para reforçar o grupo de atendimento. Ou seja, um vídeo motivacional, com dez ou doze homens desembarcando. Em uma época na qual sempre tem alguém gravando alguma coisa, também ontem viralizou o prefeito Melo fazendo refeição em um restaurante caro, usando jaqueta da Defesa Civil e tomando espumante com amigos. Mas, milhares de porto-alegrenses não podiam sequer beber água gelada, no mesmo momento.

Aqui no meu apartamento, onde tento escrever agora esse texto para o blogue, a energia elétrica já caiu e voltou três vezes essa noite. Internet e TV também caíram, mas essas “apenas” em dois momentos. Com ela funcionando, pude rever matéria jornalística na qual se informa que foi protocolado na Câmara de Vereadores de Porto Alegre pedido para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar toda essa situação. E o pedido partiu de vereadores situacionistas. O mesmo pode estar por acontecer na Assembleia Legislativa do Estado, onde com quase absoluta certeza deputados que aprovaram a venda da antiga estatal estarão na constrangedora situação de avaliar tardiamente aquilo que deveriam ter feito quando da privatização desnecessária. Ou seja, que a empresa adquirente não tinha competência suficiente para assumir responsabilidade desta monta; que seria bastante atenta com a cobrança das tarifas, mas que estaria se lixando para a contrapartida necessária.

20.10.2024

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O bônus O bônus de hoje primeiro oferece uma canção de protesto, composta por Frede Rênero, contra a privatização da Eletrobrás. Depois temos o clipe oficial de A Cidade, de Chico Science & Nação Zumbi.

UM EQUÍVOCO DO MOVIMENTO ESPÍRITA

Ao tentar se mostrar como algo asséptico, intocado por esse assunto meramente mundano chamado política, o movimento espírita está cometendo, no Brasil, um equívoco que pode afetar o seu futuro. Por ser extremamente conservador, ao contrário da doutrina que surgiu como revolucionária e que seus membros professam – sou um dos que acreditam nela –, ficou fácil se alinhar a um pensamento que, em futuro breve, quando se confirmar a tendência de se tornar majoritário, irá fazer de tudo para silenciar quem defenda Kardec. Claro que o equívoco não é nem exclusividade nem primazia dos kardecistas, mas no caso destes se torna mais surpreendente e lamentável. Até porque um ensinamento básico do codificador foi que se refutasse mil verdades, se necessário fosse, para que não se aceitasse uma só mentira. E, atualmente, muitos dos seus membros estão abraçados em uma das maiores inverdades dos últimos tempos.

O que está acontecendo na prática é que, assim como boa parte dos católicos, muitos espíritas – felizmente não todos – têm seguido a reboque dos evangélicos, adotando posições que são na verdade muito políticas, mesmo quando não partidárias. E talvez o façam sem se darem conta. Se tornaram uma espécie de “inocentes úteis” a serviço do fortalecimento dos tentáculos pentecostais – talvez porque um médium incensado tenha escancarado seu ponto de vista nefasto. Ou seja, repito aqui para que fique bem claro, estão adotando posições políticas sim, mesmo que não estejam conseguindo ou não queiram perceber isso. A maior comprovação acabou sendo dada nas urnas, tanto em 2018 quanto em 2022, com o apoio incondicional a candidatos da extrema-direita, cuja conduta nunca teve nada de cristã. O que eles tinham e têm é um envolvimento com esse ramo radical do evangelismo, algo umbilical, mais do que íntimo, visceral mesmo.

No ano passado a Frente Parlamentar Evangélica – foi criada em 2003 e oficializada em 2015 – estava composta por 181 deputados federais e oito senadores, filiados a 80% dos partidos políticos com representação no Congresso. Ou seja, esta espécie de “invasão” que tende a crescer se dá em diversas frentes ideológicas, que ficam servis diante dos “interesses maiores” das igrejas. E era esse o grupo mais alinhado e votando de modo favorável às propostas apresentadas pelo Governo Bolsonaro. Os dados são oficiais, levantados pelo Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ. Esse ano, com grupo ainda maior, a Frente foi reinstalada no Senado dia 15 de março, em uma solenidade que contou com a presença do vice embaixador de Israel no Brasil, Yonatan Gonen, além de inúmeros pastores e outros representantes de igrejas evangélicas de todo o país.

Precisamos citar que além de tratarem de pautas de costumes, que são em tese sua principal obsessão, seus integrantes tentaram, por exemplo, aprovar um projeto de lei que retira de Nossa Senhora Aparecida a condição de Padroeira do Brasil. A mesma bancada votou em peso a favor da liberação de armas em nosso país; apoiou a retirada de verbas para a educação pública; trabalhou pela aprovação do excludente de ilicitude – permissão para que policiais possam matar qualquer pessoa que considerem suspeita de qualquer coisa, sem que respondam por isso –; pela exploração mineral em reservas; a redução da maioridade penal, levando crianças de 14 anos para prisões (que são escolas de crime); a proposta de um Estatuto da Família, retirando direitos já adquiridos por grupos familiares diversos; e muito mais. Acrescento um exemplo prático: agiu em silêncio e conseguiu a transferência de polpudos valores que são destinados a centros de recuperação de dependentes químicos, para que aqueles que fazem isso com “amparo evangélico” os recebessem, em detrimento de outros trabalhos, baseados em conhecimento e técnicas científicas.

Falta a noção mínima aos espíritas de que, mesmo aqueles que tiveram o pudor de não declarar votos dados ao inominável e seus candidatos a cargos nas eleições legislativas, nos últimos pleitos, dizendo serem “neutros”, contribuíram sim e muito para o fortalecimento de um estado de coisas que tende, no futuro – repito o que afirmei antes –, a trabalhar pelo silenciamento do kardecismo. Não se coloca raposas a cuidar de galinheiro algum. Não há nada de cristão na sede de poder pentecostal. A busca é real, mas pelo poder mundano, pelo controle, pela possibilidade de impor seus pontos de vista sem quaisquer objeções e, em especial, pela posse de riquezas que estão muito longe de serem espirituais.

A parcela Bíblia da bancada BBB no Congresso Nacional (Bala, Bíblia e Boi) agradece estrategicamente o apoio que recebe da inocência dos católicos moderados e dos espíritas pouco esclarecidos. Porque isso é muito útil ao ajudar na pavimentação do seu caminho até o poder, que pretendem venha a ser absoluto. Deixem os pentecostais chegarem lá, consolidarem essa posição pela qual trabalham arduamente, e vamos ver se o comportamento não muda. O dia que nosso Estado deixar de ser laico, será tarde demais para que se reaja. Até porque esse grupo de evangélicos, que idolatra Israel – que não é um país de maioria cristã, diga-se de passagem –, busca mesmo é reproduzir aqui a lógica de muitos países árabes, onde quem detém o poder político são chefes religiosos radicais. E onde uma leitura equivocada do que representa a fé muçulmana está causando tantos problemas.

Aliás, naqueles países isso se acentuou quando mesquitas e locais de reza foram se multiplicando enquanto fechavam cinemas, escolas, bibliotecas, casas de artes e espetáculos, espaços culturais e de convivência respeitosa das diferenças. Assim começou uma leitura toda própria dos ensinamentos do Alcorão, com interpretação distanciada do que de fato pregava Maomé. Por aqui, não se precisa ser muito observador para ver quantos templos evangélicos estão surgindo em todos os cantos. Por uma enorme “coincidência” também se fecham cinemas e bibliotecas de bairro, se exalta a possibilidade de adoção do homeschooling, exposições são censuradas – vide a Queer Museu, no Santander de Porto Alegre – e educadores magistrais como Paulo Freire são execrados, enquanto se retira verba da educação pública e se valoriza o armamento da população. Todas essas ações contribuem e muito para a propagação do fanatismo e da radicalização, coisas também distantes do que defende Jesus Cristo. E, no seu rastro, ocorrem absurdos como a queima de mendigos nas ruas, o espancamento e assassinato de homossexuais e os massacres de crianças e adolescentes em creches e escolas, tudo sendo facilmente esquecido e naturalizado, num esforço crescente para a normalização do medo, da insegurança. Os “salvadores da pátria” precisam desse clima para se estabelecer.

Mesmo que de modo pontual, há muito estão ocorrendo “eventos-teste” para as agressões futuras, que serão maiores e escancaradas. Em 2022, várias casas de reza das comunidades indígenas Guarani e Kaiowá foram queimadas por evangélicos, no Mato Grosso, fato que resultou em denúncia ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, uma vez que o governo federal de então fez vistas grossas e não ofereceu a proteção solicitada pelas vítimas. Também no início do ano passado, eles invadiram na Bahia um terreiro de candomblé – eram 30 homens e estavam armados – e destruíram tudo. Tipo de ação que já ocorreu em vários outros momentos e em diversos pontos do país, inclusive Porto Alegre. No Moradas da Hípica atiraram uma bomba em centro de umbanda. Em março deste ano, no bairro Partenon, outro terreiro foi pichado com ofensas e palavrões. Em Caxias do Sul, em 2020, houve um atacado a tiros.

Nas favelas do Rio de Janeiro, em ação conjunta de pentecostais e grupos de traficantes, foi dado ordem expressa e proibitiva da existência de quaisquer manifestações de crenças de origem afro. Na Baixada Fluminense existe o “Bonde de Jesus”, que invade e destrói terreiros de umbanda e de candomblé, espancando seus seguidores. Isso não lembra um pouco a “Polícia da Moralidade” (Gasht-e Ershad), que pode até mesmo executar mulheres que não usem o hijab (véu islâmico), no Irã? Em 2021 um pastor quebrou imagem de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Santo Antônio da Platina, no Paraná, dizendo ser ela “Satanás vestido de azul”. Duas semanas atrás, fato e palavras idênticas ocorreram em Bastos, no interior de São Paulo. Anos antes já haviam feito isso, com tudo gravado em vídeo e sendo amplamente divulgado. Basta se fazer buscas cuidadosas na internet e se constata que essa intolerância religiosa se multiplica em centenas de casos. Repito: centenas. E há outras ações sub-reptícias, de mão escondida, via pressão.

Agora mesmo, no final de setembro, interessada em frear a perda de audiência que ocorre também pela ação de evangélicos pentecostais, a Rede Globo recusou uma sinopse de novela escrita pela paulista Thelma Guedes, para a faixa das 18 horas. O motivo foi um só: a temática era espírita e, mesmo tendo a novelista se proposto a fazer algumas alterações que a suavizasse, a direção optou por descartar totalmente a ideia. Vamos lembrar que recém terminou outra, desenvolvida dentro do critério da emissora para agradar esse público fanatizado e radical, com a protagonista e seus familiares sendo todos evangélicos, este um dos primeiros acenos feitos pelo plim-plim para esse público.

Enquanto escondem suas reais intenções atrás de coisas que ninguém sabe o que sejam, muitas das quais por de fato nem existirem – tipo aquela “ideologia de gênero”, que não cansam de citar – ninguém fala dos dois pilares sobre os quais se fundamentam as propostas evangélicas. Referem um poder alicerçado na Teologia da Prosperidade (TP), atraindo um público de classes econômicas menos favorecidas, com a promessa de uma nebulosa melhoria na sua condição financeira, um privilégio por serem esses “filhos do Rei”. E também a Teologia do Domínio (TD), na qual a realidade física se junta à realidade espiritual, numa fundamentalista “luta do cristão contra o Diabo”, esse último internamente representado pelos santos católicos e por manifestações religiosas de outros credos que reconhecem a comunicabilidade dos espíritos, como as dos povos originários, as de matriz africana e o próprio espiritismo. Isso sendo assunto privado, sem divulgação fora dos seus meios, como convém a eles nesse momento.

Uma publicação feita pela Folha de São Paulo, ainda em 1996, na qual foi feita comparação entre o que adeptos de diferentes religiões pensavam uns dos outros, mostrou que as maiores “oposições” eram justamente entre espíritas e os seguidores de Edir Macedo e outros “líderes”. Nada menos do que 86% dos evangélicos acusavam de charlatanismo os praticantes do espiritismo. Estes, por sua vez e em índices semelhantes, reconheciam haver exploração de dinheiro e corrupção entre os evangélicos. Essa “animosidade” está esquecida debaixo de interesses. Mas, como o que acontece com brasas não totalmente apagadas, se trata de algo que espera o momento certo para voltar a arder. Basta um sopro. E lembro que projeções do IBGE apontam para uma maioria de pentecostais no Brasil, em no máximo dez anos. O que não seria problema algum, se a fé por eles professada não estivesse comprometida com uma ideia de poder totalitário. Continuem depositando votos errados nas urnas – teremos eleições municipais no próximo ano – e esperem para ver o que vai acontecer em futuro breve.

06.11.2023

Se o Estado deixar de ser laico corremos o risco da imposição da fé única, a exemplo do islamismo radical

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O bônus de hoje é o áudio da música Diversidade, de Lenine.