OS FRACASSOS DE TRUMP
Não é pequeno o número de pessoas que vê o atual presidente dos Estados Unidos da América como um bom exemplo, se não de político certamente de homem de negócios. Um daqueles caras que souberam se dar bem, o oposto dos losers (perdedores), alguém que se realizou como um autêntico self made man (homem que se fez sozinho). Nessa última afirmação, a primeira inverdade. Ele herdou do seu pai boa parte do que possui. E a parcela que ele mesmo construiu, não se iniciou do nada: foi também do seu pai o “empurrãozinho” que recebeu, com um empréstimo de um milhão de dólares. Além disso, Fred Trump foi ainda seu fiador e ajudou a abrir muitas e muitas portas, com relacionamentos que tinha, tanto na política quanto no setor bancário.
O pai do presidente fez fortuna erguendo prédios nos bairros do Brooklyn e do Queens, em Nova York. O primeiro deles se destaca por uma cena artística e cultural vibrante; o segundo é o maior dos distritos da cidade em extensão e tem uma enorme variedade de comunidades imigrantes. Curiosamente populações contra as quais Donald sempre se insurgiu: ele odeia quem pensa, quem não é conservador, do mesmo modo como detesta toda e qualquer diversidade. Agora, é inegável que o filho herdou o mesmo estilo agressivo de negociação do pai.
Fred recebia recursos do governo para construir e fazia mesmo prédios de boa qualidade. Mas, sempre dava um jeito de fazer sobrar parte do que recebia do governo, valores que embolsava. Apesar da prática não ser ilegal nos EUA, ele acabou tendo que prestar depoimento para um comitê do Congresso. Por essa razão e também por vantagens fiscais que sempre dava um jeito de receber. Essas informações estão no livro The Trumps, uma biografia da família, escrito por Gwenda Blair.
O segundo equívoco é acreditar que tudo no que ele toca vira ouro, uma versão moderna do mitológico Rei Midas (*). Não foram poucos aqueles negócios nos quais ele fracassou rotundamente. Em 1988 comprou a Eastern Air Shuttle por US$ 365 milhões e a transformou na Trump Airlines. A empresa aérea operava em Boston, Nova York e Washington DC. O serviço tornou-se de luxo, com aeronaves equipadas com itens dourados. O negócio nunca gerou lucro e o empresário deu calote em empréstimos recebidos. No final, a companhia foi entregue aos credores e acabou interrompida em 1992.
Em 1989 Trump lançou o The Game, um jogo parecido com o conhecido Banco Imobiliário. A investida só durou um ano devido ao fracasso total nas vendas. Em 2005 tentou mais uma vez investir no ramo, lançando uma versão atualizada, ligada ao reality show “O Aprendiz”, apresentado por ele, mas também não deu certo. Aqui no Brasil o programa chegou a ter uma cópia, com algumas temporadas, primeiro sob o comando de Roberto Justus e depois de João Doria.
Não credenciada e com fins lucrativos, em 2005 fundou a Universidade Trump. Cinco anos depois a instituição foi processada por quatro dos seus alunos, que a acusavam de oferecer aulas que se pareciam com infomerciais, de acordo com a revista “Time”. No ano seguinte, acabou descontinuada. No mesmo ano em que ela fechava, começaram a ser abertas as garrafas da Trump Vodka, bebida que foi lançada com o slogan “sucesso destilado” e com a pretensão de se tornar a bebida mais vendida do país. A produção foi interrompida em 2011 devido à falta de interesse dos consumidores, segundo a revista “Time”.
A Trump Mortgage, uma empresa de hipotecas, foi lançada em 2006. A companhia faliu um ano e meio depois. Também em 2006, desta vez em parceria com a gigante Travelocity, criou o site GoTrump.com, dedicado a viagens de luxo. Durou apenas um ano. Em 2007 foi a vez de tentar a sorte com a Revista Trump. A nota de divulgação do primeiro número afirmava que a publicação deveria “refletir as paixões de seus leitores com um conjunto cultural rico”. Um ano e meio depois, a revista acabou. Também em 2007, iniciou as operações da Trump Steaks, uma linha de carnes que foi interrompida em 2012 junto a sua churrascaria Trump Steakhouse, em Las Vegas, o que ocorreu depois dela violar 51 regras do código de saúde local.
O Trump Casinos, composto por três casas distintas que foram abertas pela empresa Trump Entertainment Resorts, em Atlantic City, entrou em falência pela quarta vez em 2014. Apesar de dono da maior parte das ações, ele tratou de alegar que não tinha nenhuma relação com a gestão e lavou as mãos em relação aos prejuízos. E fecho a lista citando um dos seus empreendimentos que nunca saíram do papel: o Trump Tower Rio de Janeiro, o projeto de um complexo de escritórios e para uso misto, que teriam cinco torres de 38 andares. Anunciado em 2012 para ser erguido na Zona Portuária do Rio de Janeiro, visava ser o maior conjunto do tipo entre os países que compõem o BRICS, que havia sido criado em 2006. Justo o grupo que hoje é uma das maiores pedras no seu sapato e os quais ele pretende atingir, com sua política de tarifaços.
09.08.2025
(*) Midas, rei da Frígia, era um personagem da mitologia grega que transformava em ouro tudo o que tocava. Ele recebeu esse poder como recompensa por ter ajudado o deus Dionísio. No entanto, essa habilidade acabou se tornando uma maldição, pois ele não conseguia mais comer nem beber, e até mesmo sua filha foi transformada no metal precioso. Tal poder fora solicitado por ele mesmo, devido à ganância. Foi atendido sem que se desse conta das consequências negativas.

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