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LEITE PEDE QUE DOEM MENOS PARA O RS

Não, você não leu mal e nem tampouco eu estou louco. Também não se trata de fake news e estou mostrando ao final vídeo que comprova o fato. O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) em uma entrevista pediu que as pessoas que estão enviando doações de todo o Brasil para o nosso Estado, sejam menos generosas. A exceção que ele abriu foi em relação ao suspeitíssimo PIX que anuncia. Quanto à explicação dada para o inacreditável pedido foi que os produtos vindos de fora podem impactar negativamente no comércio local. Como se muitos entre todos os milhares de flagelados tivessem recursos nesse momento, como se nossas empresas estivessem em condições de produzir e comercializar os bens todos. De qualquer modo, este absurdo verborreico, esta sua desumanidade que beira o imoral, esta incapacidade absoluta de ser empático, apenas servem para que se veja a verdadeira face deste dirigente que se mostra indigno do cargo que ocupa e de quaisquer outros que sonhe ocupar no futuro.

O governador, que deveria ser o primeiro a se preocupar com todos os gaúchos, ao invés de buscar a sobrevivência das pessoas com a oferta de um mínimo de condições e de dignidade a quem perdeu tudo, trata de demonstrar preocupação com o lucro de alguns. Ele se mostra incapaz de entender a profundidade do problema, a extensão da dor. Assim, tal manifestação soa como uma atualização da frase que a extrema-direita usava incansavelmente na época da pandemia da Covid-19: “As pessoas estão morrendo, mas a economia não pode parar”. Para dar um verniz, um lustro no absurdo, ele assegura que se preocupa com os pequenos comerciantes dos bairros. Ora, estes ou estão também submersos ou seguem atendendo a freguesia do entorno. E as grandes redes, estas nunca venderam tanto e estão, em vários casos, praticando preços abusivos justo porque a demanda é enorme e a oferta não. A famigerada “lei do mercado”.

Agora, ao mesmo tempo em que jura estar preocupado com o futuro do armazém do Seu Zé, o governador não teve cuidado algum no sentido de oferecer condições para que o local onde este estabelecimento está instalado estivesse protegido contra riscos de intempéries. Sendo ele o executor do orçamento do Estado destinou, de um total de R$ 66 bilhões disponíveis para ações do governo – R$ 18,5 bilhões são para custeio e manutenção da máquina pública e investimentos amplos – a fantástica quantia de R$ 50 mil para aparelhar a defesa civil com equipamentos para “atuação preventiva e de resposta em situações de emergência”. Esses dados são públicos, basta pesquisar. A Lei Orçamentária Anual (LOA), elaborada pelo Executivo e aprovada com o incondicional apoio de sua bancada apenas mostra uma conduta de descaso, que se repete. Entre a metade de 2020 e o primeiro trimestre de 2023 nosso Estado enfrentou um problema oposto ao atual, com uma estiagem histórica. Pois, naquele momento, Leite propôs e viu aprovado no orçamento, na rubrica de atendimento voltado para minimizar os efeitos daquele outro problema climático, um total de R$ 10 mil.

Agora, com a maior enchente da história, a primeira preocupação dele foi anunciar uma Chave PIX para que fossem possíveis doações feitas em dinheiro. A imprensa descobriu que os recursos eram direcionados para uma associação até então desconhecida. E a opinião pública começou a pressionar por explicações. Isso obrigou Leite a prestar esclarecimentos, que foram tardios e insuficientes. Se manifestou oficialmente apenas mais de dez dias depois, quando tinha cerca de R$ 94 milhões na conta. E informou a criação de um “conselho gestor” para ela, o que contradiz a sua própria fala primeira, quando afirmou ao ser descoberto que não havia ingerência alguma do Estado sobre ela. Ou seja, ele seria apenas uma espécie de “garoto propaganda”. Como tenta agora ser, de uma forma desastrosa, um suposto defensor dos pequenos comerciantes.

15.05.2024

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O bônus de hoje começa com a fala do governador, quando entrevistado pela Band News FM. Foram entrevistadores Luiz Megale, Carla Bigatto e Sheila Magalhães. Depois temos um PDF com informações úteis para as pessoas que precisam recomeçar suas vidas: como retirar documentos novos, acionar seguros, solicitar ajuda oficial, renegociar dívidas, etc. E, para fechar, a música Everybody Hurts (Todo Mundo Sofre), da banda R.E.M., da cidade de Athens, na Geórgia.

O ESCÁRNIO DOS COLETES

Se as campanhas de solidariedade que estão sendo agora promovidas e veiculadas nos meios de comunicação, pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul e pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, fossem minimamente honestas, deveriam adotar um slogan tipo “Façam aquilo que nós não fazemos”. É um verdadeiro escárnio ver o governador Eduardo Leite (PSDB) posando com o colete da Defesa Civil, uma vez que ele desidratou ao extremo o orçamento para esse órgão. Desde que assumiu o seu primeiro mandato, em 2019, a verba definha a cada ano, não conseguindo garantir nem mesmo as operações mais triviais e rotineiras. Quando da enchente anterior, em setembro do ano passado, o Governo Federal precisou enviar R$ 211 milhões para complementar o que era obrigação do Governo do Estado. Agora Leite informa uma chave PIX, para que a sociedade destine recursos que ele deveria ter garantido. Aliás, estranhamente a chave é de uma entidade privada que sequer tem site e presença nas redes sociais.

O prefeito Sebastião Melo (MDB), por seu turno, outro que não troca esta peça da vestimenta desde o início da crise, fazendo questão de usar colete semelhante nas cores laranja e cinza, sucateou o sistema de prevenção e contenção de enchentes, propositalmente. Basta conferir os dados oficiais: em 2021 investiu R$ 1,7 milhão, em 2022 a quantia de R$ 141 mil e em 2023 nem sequer um único centavo. Convém registrar que Porto Alegre possui o melhor sistema de proteção contra enchentes de todo o Brasil, que veio sendo construído em etapas, desde 1941. Cerca de um bilhão de dólares custou todo ele, em valores atualizados, se somarmos tudo o que foi feito ao longo de décadas. Todas as pessoas conhecem o Muro da Mauá, mas existem diques, várias casas de bombas, comportas de superfície e gravidade, sem contar com uma estrutura predial existente junto à Usina do Gasômetro. Só que todo esse cuidado da engenharia foi colapsado pela falta de manutenção.

Com essa atual enchente duas comportas não resistiram à pressão da água. Estavam todas enferrujadas, corroídas de tal forma que uma outra, na região central da cidade, precisou ser acionada através de tração motora oferecida por uma máquina retroescavadeira. O descaso de Melo chegou a deixar sem graxa o mecanismo. Pintura então, nem falar. Quanto às comportas de gravidade, que ficam submersas nos poços das casas de bomba, a prova maior de que não entraram em operação está no fato das águas estarem nos esgotos e deles brotarem. Pararam de operar porque é cara a sua manutenção, uma vez que depende de especialistas em mergulho muito qualificados. Vejam que existem R$ 428,9 milhões em caixa para isso, que permanecem intocados. Melhor é investir em agradinhos e em isenções para a construção civil.

Até 2019 Porto Alegre contava com o DEP – Departamento Municipal de Esgotos Pluviais. Ele então foi incorporado ao DMAE – Departamento Municipal de Água e Esgoto, que por sua vez vem sendo destruído de forma proposital, aos poucos, para a entrega à iniciativa privada. Hoje o número de funcionários foi reduzido para menos da metade. E Melo não aceitou que novos fossem contratados. Importante lembrar que, quando o DEP existia, era considerado modelo e o único em todo o país a cuidar da drenagem em um primeiro escalão, com ênfase à proteção da cidade. Havia planejamento e execução de obras e serviços, que focavam além do tempo de cada gestão. Tudo voltado, portanto, às necessidades da população.

A Defesa Civil, conforme consta no teor do Decreto nº 7.257, datado de 4 de agosto de 2010, se tornou um órgão integrante do mais abrangente Sistema Nacional de Proteção. O órgão tem como objetivo atuar em todas as diversas “fases de prevenção, mitigação, preparo, resposta e reconstrução de cenários, nos desastres naturais ou tecnológicos”. No Rio Grande do Sul ela está subordinada à Casa Militar, de civil só tendo o nome. O comando geral, a subchefia e as divisões e centros operacionais têm coronéis à frente. E há uma profusão de outros militares, com ênfase para as patentes de tenente-coronel, major e tenente, com um ou outro sargento nas funções menos relevantes.

Considerando que está na lei ser a prevenção uma das obrigações da Defesa Civil, nenhum destes inúmeros militares – contei 41 em leitura rápida feita no site da Casa Militar – tratou de cobrar que fosse feita a manutenção necessária nas estruturas de segurança? Logística não é algo do que todos eles se orgulham? Se fosse uma guerra, iriam para o campo de batalha sem saber da confiabilidade do equipamento que lhes fosse fornecido? Evidente que nada impediria a enchente de acontecer. Mas, com absoluta certeza, seus efeitos poderiam ter sido menores. Entendo que, além de comando, recursos também são fundamentais. Então, falharam muito mais do que eles os civis eleitos ou colocados na administração por escolha dos mandatários. Mas, o sofrimento e as perdas recaíram sobre a população. E nenhum destes, usem fardas ou coletes, será afastado de suas funções. No caso do prefeito, pelo menos não antes da eleição que ocorre no mês de outubro, quando ele buscará votos para tentar permanecer no cargo.

08.05.2024

P.S.: O secretário municipal do Desenvolvimento Social, Léo Voigt, entrou em férias na sexta-feira e viajou para a Europa. É de responsabilidade da sua pasta “dedicar-se a garantir ao cidadão porto-alegrense em risco ou vulnerabilidade social o acesso aos direitos sociais básicos”, segundo o site da prefeitura. Importante lembrar que era da sua alçada o contrato com a rede de Pousadas Garoa, da qual uma unidade pegou fogo dias atrás, com dez vítimas fatais. Ele também deveria estar presente e atuante no enfrentamento da atual crise, com a enchente impactando na vida de tantos cidadãos.

Sebastião Melo, com o colete que imagina o identifica como super-herói
Eduardo Leite, com o uniforme que parece não tirar nem para dormir

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O bônus de hoje é uma música leve, que fala sobre mudar os rumos da nossa vida. O que se merece e precisa ouvir, em meio à tristeza dessa devastação toda que está em andamento no Rio Grande do Sul. Trata-se de Mundança (assim mesmo: não há erro ortográfico), de Flávio Leandro e Elmo Oliveira, com Marina Aquino em violão e voz. Mas, antes veja um pequeno vídeo do canal Mídia Ninja que lembra uma ação do governador Eduardo Leite relacionada ao meio ambiente.