BABA VANGA E O ANO DE 2025
Talvez a maioria das pessoas dissesse sim à possibilidade de passar a antever o futuro. Pensariam em supostas vantagens, sem se dar conta de que tal poder poderia tanto ser uma dádiva quanto uma maldição. Se dias atrás eu soubesse os números que seriam sorteados na Mega da Virada, ontem à noite, provavelmente nem estaria agora escrevendo esta crônica. Mas, seria bom saber antes quando se vai morrer, como vamos perder nossos entes queridos, o surgimento de uma pandemia ou tantas catástrofes ambientais, sem que se pudesse mudar os resultados disso tudo? Ver o futuro raramente nos permitiria agir sobre ele, ao contrário do primeiro exemplo, o da loteria. Mesmo assim, sem essa possibilidade tão claramente exposta, raras pessoas perdem a curiosidade sobre o que nos reserva o amanhã, de uma maneira mais sutil e menos drástica.
Nas redações é uma pauta quase “arroz de festa” (1) matérias que, nesta época, tragam previsões para o ano. Existem aquelas que ouvem alguns especialistas em temas específicos, como cientistas políticos, sociólogos, economistas, gente ligada à tecnologia e à inovação. Essas fazem suas projeções baseadas em dados e experiências, examinando tendências que entendem ser as mais prováveis. Mas, há ainda outras que tratam de ouvir o que têm a dizer um grupo que em geral ganha projeção apenas nas viradas: videntes, cartomantes, pai disso, mãe daquilo e os mais variados aprendizes de Nostradamus (2). Alguns desses oráculos tentam ser mais minuciosos, citando nominalmente pessoas e locais, com uma maior precisão ao citarem datas e locais. Outros fazem previsões de tal modo genéricas que dificilmente deixariam de ser depois confirmadas. Algo como “um político importante será envolvido em escândalo”, “vamos perder um grande ídolo da música”.
Dias atrás li algumas dessas previsões. Nas relacionadas ao futebol meu time vai ser campeão, segundo algumas, não tendo chance alguma, segundo outras. Fiquei na mesma e terei que esperar o desenrolar de cada um dos campeonatos em disputa. Alegria me deram quase todas elas, ao garantirem que Porto Alegre e o Rio Grande do Sul não sofrerão, nesse novo ano, enchentes semelhantes à ocorrida em 2024. Melhor que isso só se confirmassem o que esperam todos os democratas deste país: em 2025 Bolsonaro irá para a cadeia, de uma vez por todas. Mas, talvez por conhecerem nossa Justiça e o jeitinho brasileiro de resolver tudo, ninguém se arriscou a dizer tal coisa.
Agora, como não dá para se falar em previsões sem dar ao menos uma dose de preocupação aos que as acompanham, me deixem citar as que foram feitas por Vangelia Pandeva Gushterova (1911-1996), uma mística e fitoterapeuta que nasceu na Macedônia do Norte e morreu na Bulgária. Ela ficou conhecida por ter acertado com antecedência e precisão muitos eventos globais devastadores, sendo mesmo depois de sua morte figura envolta em mistério e fascínio. Quando tinha 12 anos de idade ela ficou cega, após ter sido surpreendida por uma tempestade e ficado enterrada na areia. Esse incidente quase trágico teria sido o desencadeante da sua capacidade de prever o futuro. Com a visão física perdida, outra foi então desenvolvida, a tornando uma lenda.
Baba Vanga, como Vangelia ficou conhecida, alertou com décadas de antecedência que pássaros de fogo atacariam grandes edifícios nos EUA em setembro de 2001 (aviões jogados contra as Torres Gêmeas); disse também que em 1986 uma grande nuvem de morte se espalharia pela Europa, envenenando pessoas e terras (explosão da Usina Nuclear de Chernobyl); em 1989 teria alertado sobre o colapso da União Soviética, que ocorreria pouco tempo depois, afirmando que “os ventos do leste se silenciariam” naquele ano. Entre centenas de outros exemplos, ela previu o agravamento climático, falando que passariam a se suceder secas e enchentes sem precedentes. Citou o derretimento das grandes geleiras, antes que cientistas alertassem para o fato. E falou sobre as alterações na geopolítica global que se precipitariam a partir de 2020, antevendo a expansão da influência chinesa. Falou ainda de avanços tecnológicos e eventos astronômicos que foram confirmados.
Ela nunca foi uma figura pública, que buscasse fama e reconhecimento, vivia de forma humilde e recolhida, o que amplia a sua credibilidade, uma vez que jamais usufruiu de quaisquer vantagens por suas previsões. Ela não usava cartas, cristais ou se apoiava em recursos externos. Apenas entrava em um estágio de concentração profunda e descrevia os eventos que afirmava ver.
Sobre 2025 ela disse certa vez que o ano seria marcado por mudanças, que iriam abalar a humanidade como nunca antes. Nele se acentuaria o conflito desta com a natureza, num descontrole ambiental tendendo a se tornar irreversível. Seria o início de uma escassez extrema de água e de energia, agravando a questão social ao redor do mundo. Também em 2025, segundo ela, haverá um agravamento perigoso na tensão entre as grandes potências econômicas e militares do planeta, que pode gerar conflito devastador. O risco de terremotos mais intensos dos vistos até hoje estaria presente, a partir deste ano. E terras férteis deixariam de ser produtivas, aumentando a fome e a miséria. Falou ainda que a partir deste período um suposto avanço tecnológico terminaria por sair do controle da humanidade, o que muitos estão associando com o avanço da Inteligência Artificial. Para citar ao menos uma previsão positiva, ela afirmou que o ano será decisivo na descoberta da cura de vários tipos de câncer.
Fiz minha barba hoje cedo. Mas, se ainda a usasse grande, como anos atrás, trataria de colocar ela de molho. E iria preferir me concentrar em previsões como as futebolísticas, que citei antes. Com especial atenção às que afirmam que o Grêmio terá outra vez um ano glorioso. Ganhar um dos sorteios da Mega Sena, também me agradaria muito. E pode ser antes mesmo da próxima mais gorda, da virada entre 2025 e 2026.
1º.01.2025
(1) A expressão “arroz de festa”, segundo foi explicado pelo jornalista, escritor e etnógrafo Câmara Cascudo (1898-1986), surgiu do fato de uma sobremesa chamada arroz-doce ser preferida e quase indispensável ao paladar de portugueses e brasileiros, fossem fidalgos ou plebeus, por volta do século XVI. Ou seja, algo que não faltava em festa alguma, no que se assemelhava a convidados infalíveis. É sinônimo de algo que não pode faltar nunca.
(2) Nostradamus, cujo nome não latinizado era Michel de Nostredame (1503-1566), foi um astrólogo, vidente e médico nascido na França, que ficou conhecido por uma coleção de 942 quadras poéticas que publicou em seu livro “Les Propheties” (As Profecias), que supostamente previram eventos futuros com uma enorme exatidão, até os dias atuais.

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é o áudio de Nostradamus, de Eduardo Dusek. A música foi escolhida devido à falta absoluta de uma que citasse Baba Vanga.