DICAS PARA O CRIADOR

Eu quero propor aqui alguns pequenos ajustes na magnífica obra feita pelo Criador, na Terra e criaturas que nela habitam. Nem vou me atrever com sugestões maiores, relacionadas ao Universo, uma vez que esse segue insondável para todos nós, apesar dos esforços de dedicados cientistas. Entretanto, no mundinho mais restrito que eu penso dominar minimamente, talvez consiga entender o suficiente para me aventurar com algumas dicas.

Por exemplo, o corpo humano. Todo e qualquer sedentário deveria ter um corpo sarado, definido, vendendo saúde cardiovascular, com os seus hormônios em níveis apropriados. Agora, quem ousasse fazer exercícios deveria ficar flácido, com problemas articulares e de locomoção, riscos elevados de diabetes e hipertensão, além de um envelhecimento precoce para não se meter a fazer o que não devia. Uma outra providência bem-vinda seria reduzir dores localizadas, como as da coluna com suas protusões, dos dentes e suas cáries, dos rins com seus cálculos. Em contrapartida, poderíamos ter mais áreas que nos dão prazer, as que chamamos de erógenas, uma vez que o êxtase é celestial.

Com essas pequenas providências no âmbito corpóreo, teríamos ainda mais a agradecer do que já temos hoje em dia. Mas, se sobrasse tempo depois disso ser feito, Ele poderia acabar com os mosquitos, baratas, as doenças contagiosas e a música sertaneja – apesar de que essa última me parece muito mais ser uma obra lá de baixo, da Zona Vermelha. E dar ainda uma mexidinha em comportamentos. Se for mandar outra vez alguém para cá, trazendo aquelas tábuas caga-regras, que ao menos mude o seu teor. Tem muita coisa nas anteriores que caiu em desuso, como as que falam da castidade e da necessidade de “guardar os sábados”. Outras, no entanto, deveriam ser acrescentadas, como “não poluirás”, “não serás nem permitirás que teus filhos sejam corruptos” e “não produzirás fake-news”. Se bem que, aqui entre nós, Deus já permitiu que coisas absurdas fossem espalhadas em seu nome como sendo verdades absolutas, ao estilo de “povo escolhido” e de “terra prometida”. Sabemos que Ele ama todos e tudo.

Sobre as estações do ano eu também tenho sugestões a apresentar. Não adianta insistir que sejam quatro bem distintas e alternadas. A ação humana já confundiu tudo e elas estão misturadas e extremas. Melhor seria que coexistissem, mas em lugares previamente determinados. O verão, por exemplo, seria permanente nas praias, do mesmo modo que o inverno estaria sempre presente na serra. Quem gosta de mais ou de menos calor decidiria onde morar e pronto. Além disso, ao menos aqui no Rio Grande do Sul, nos meses mais frios seríamos poupados de ver todas as quintas e sextas-feiras, na RBS, previsões de neve para o final de semana seguinte. A rede hoteleira não iria mais ter que patrocinar isso e, sobrando dinheiro, as estadias seriam mais baratas.

E o volume de chuvas, então. Estão insuportáveis, com essa incerteza eterna como o Criador, entre termos enchentes ou secas. Não dá para se perder tanta lavoura, nem existe dinheiro para as famílias trocarem as mobílias de suas casas alagadas a cada seis meses. Que chova sempre na medida certa, apenas sobre as plantações. Nas cidades isso deveria ocorrer em um sábado e domingo por mês. Nesses, as pessoas ficariam em casa, comendo pipoca, maratonando séries pela TV, convivendo bem mais com parceiros e filhos. Nos demais finais de semana teríamos futebol, passeios nos parques, idas ao teatro e ao cinema, além de poéticas observações do pôr do sol. 

Enfim, estaríamos apenas diante de um recall, sendo acolhidas essas poucas propostas, total ou parcialmente. Agora, essa expressão em inglês tem que ser entendida no sentido de correção e não de recolhimento do “produto”, já que as duas acepções são aceitas. No fundo seria apenas um pós-venda, uma ação de marketing, um aprimoramento. E o que me autoriza a fazer isso é o fato de algumas religiões – como a minha – afirmarem que todos nós somos cocriadores, uma vez que nossa vida se trata de uma jornada que se faz necessária, no rumo da evolução e com livre arbítrio. Se imaginarmos o mundo e as pessoas com esses pequenos ajustes, com certeza se estará seguindo tal caminho.

29.06.2025

A Criação do Homem, também chamada de A Criação de Adão, uma obra-prima de Michelangelo

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O bônus de hoje é o áudio de Tribalistas, música de Carlinhos Brown, Marisa Montes e Arnaldo Antunes, uma celebração da identidade coletiva e da liberdade individual. O refrão expressa confiança na vida e também compartilhamento de ideias e valores. A letra toda faz alusão à evolução e propõe uma abordagem mais aberta e menos dogmática para a vida. E seu nome foi adotado pelo trio, em determinado momento de suas carreiras.

Carlinhos Brown, Marisa Montes e Arnaldo Antunes – Tribalistas